sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Vila Boa nos jornais XXVI

o jornal o Democrata, de 23 de abril de1926, publicou a seguinte matéria:

As platibandas


Digna de louvores foi a resolução do Sr. Intendente, permittindo outras forms de fachadas para as casas d’esta cidade.
A imposição das platibandas, si fosse cumprida de um modo geral, daria em resultado uma monotonia desagradavel, com o único proveito de acabar com as celebres beiras coloniaes, sustentadas pela serie de cachorros, continuando, porém as habitações sem o menor conforto. Seria apenas um luxo externo!
Um regulamento rigoroso de construcção, entrando os preceitos de hygiene, fiscalização das obras e do material empregado, seria de grande utilidade, por que aqui so se cogita de erguer arapucas que tiram a esthetica da cidade e não offerecem o minimo conforto aos habitantes.
Os alugueis actuaes, são compensadores, por isso não deve haver mais complacencia.
Esses systemas de construcção não conseguem uma execussão perfeita nessa cidade, porque os donos das obras, pouco escrupulosos, na sua maioria, empregam o peor material que encontram afim de gastar pouco; falsificam argamassa com barro; não se utilizam de cimento porque é muito caro; usam calha de latão porque é mais barato; compram telhas podres porque custam pouco dinheiro, e a obra so dura até a primeira chuva...
As fachadas artisticas, dependem de profissionais competentes, e nós estamos vendo que actualmente, pela escacez de pedreiros, todos os serventes já se consideram mestres e vão abiscoitando os 15$000 diarios sem a menor cerimonia para ajudar destruir esta cidade.
E ainda assim não chegam para as encommendas, porque todo o mundo tem obras paralyzadas, inclusive o Estado que tem dividido e subdividido os seus operários em pequenas turmas, afim de soccorrer a todos os serviços urgentes, sem resultado.
A liberdade da fachada, entretanto, não quer dizer que os senhores rotineiros voltem ao systema de beira de rancho, a Intendencia quer obra decente e solida e os habitantes da cidade merecem mais consideração dos senhores proprietarios.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

mais poesia

Refletida no espelho
a imagem
de um outro tempo
busca
na ressaca de sonhos e saudades
a vontade de um amor
iludido...
escondido...
não vivido...

reflexos – Gustavo Neiva Coelho
Ilustração - Roos

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Selma Parreira em Vila Boa

Como foi noticiado aqui, em 10 de outubro de 2009, o trabalho de Selma Parreira “lençóis esquecidos no rio Vermelho” foi selecionado entre os dez primeiros, de um total de 290 propostas apresentadas ao projeto Arte e Patrimônio, do Ministério da Cultura.
Nova etapa acaba de ser concluída, com a exposição realizada no último dia 22, no Quartel do XX, na cidade de Goiás. Nesse evento foi inaugurada a exposição de fotografias das intervenções realizadas em setembro de 2009, foi feito o lançamento do vídeo e apresentação do catálogo que, além de fotos do evento elaboradas por Vicente Sampaio e Paulo Rezende, apresenta ainda textos de Bené Fonteles, Nei Clara de Lima e da própria Selma Parreira.
A exposição fica aberta para visitação até o dia 19 de fevereiro próximo.

Uma das instalações em foto de Vicente Sampaio que faz parte da exposição e do catálogo.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

patrimônio histórico XV

Casa da Fundição do ouro, em Vila Boa

No ano de 1751, com a lei das casas de fundição, foram adquiridos cinco edifícios residenciais, de propriedade de Domingos Lopes Fogaça, para a instalação da Casa de Fundição do Ouro e das residências dos Governadores.
Feitas as necessárias adaptações, teve início ali a atividade da fundição em janeiro de 1752. o primeiro fundidor foi Antonio de Carvalho, que já havia tomado posse no cargo em dezembro do ano anterior.
Presume-se que, com a decadência da mineração, a Casa de Fundição teria deixado de funcionar como tal, logo após o ano de 1822, visto ter sido esse o ano em que deixaram de ser efetuados os documentos que registravam suas folhas de pagamento.

detalhe da janela de característica eclética

Em 1852, um documento de avaliação menciona o uso do edifício pela Tipografia Provincial, com uma parte ocupada pelo professor público de primeiras letras. Plantas da cidade, datadas de 1867 e 1884, indicam a utilização do prédio como depósito de artigos bélicos, e de 1922 a 1937 como sede local da Justiça Federal.
Em 1922, reformas executadas no edifício descaracterizaram por completo sua fachada, sendo aplicados ali elementos próprios da arquitetura eclética, então bastante difundidos e disseminados por todo o Brasil.

o ecletismo aparecendo também na platibanda

Cedido pelo presidente Getúlio Vargas à entidade civil Goiás Clube, o edifício foi por ela utilizado até 1985, quando sua propriedade foi requerida pela União, passando então por um processo de restauro, acompanhado de prospecções arqueológicas que muito contribuíram para esclarecimento e definição quanto à distribuição e uso de seus antigos compartimentos.
Construído em taipa-de-pilão, esse edifício apresenta hoje, após várias interferências e acréscimos, dois corpos distintos: o frontal, aberto sobre a rua que por muito tempo levou seu nome, dividido em vários compartimentos, inclusive um, onde originalmente estava instalado o forno da fundição; o segundo, posterior, serve de auditório, com palco para apresentações teatrais, mesmo após a restauração, sendo constantemente utilizado em benefício da população, sob o controle da Fundação Casa de Cora Coralina.

a casa de fundiçao em desenho da década de 1880, utilizada como depósito de artigos bélicos

Atualmente a Casa de Fundição de Goiás abriga a representação do Ministério Público na cidade, o que não impede o acesso de quem queira conhecer esse edifício, marco da história econômica do estado. A proteção desse monumento é feita

na esfera federal:
através do processo 345-T-42, com
inscrição 394, no Livro das Belas Artes, às folhas 77,
com data de 3 de maio de 1951;
inscrição 72, no Livro Arqueológico Etnográfico e Paisagístico, às folhas 17
com data de 18 de setembro de 1978;

na esfera estadual:
é protegido pela Lei nº 8.915, de 13 de outubro de 1980.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

a arte de Luiz Mauro

Nascido em Goiânia, em 1968, Luiz Mauro é um dos principais representantes da nova geração das artes em Goiás, desenvolvendo seu trabalho em várias técnicas, com o uso de materiais diversos, indo do tradicional “óleo sobre tela” e “nanquim sobre papel”, às mais diversas variações, utilizando inclusive técnicas mistas de “óleo e folha de prata sobre tela”, “óleo, folha de ouro, cobre e ácido úrico sobre lona”.

Ao longo de sua carreira, destacam-se as exposições individuais:
1990 – no Museu de Arte Contemporânea de Goiás;
1991 – na Marina Potrich Galeria de Arte, em Goiânia;
1993 – na Galeria Macunaíma, no Rio de Janeiro;
1996 – na Galeria Funarte, em Brasília;
2003 – a exposição Anima Ângelus, na Referência Galeria de Arte, em Brasília.

Das exposições coletivas das quais participou, podem ser citadas:
1985 – Premio Bonadei – Salão Nacional de Arte Jovem, em Santos-SP;
1987 - 9° Salão Nacional Funarte, em Brasília-DF;
1997 – “Brasil” Reflexão 97: A arte contemporânea da gravura, em Curitiba-PR;
1999 – “Dez goianos e brasilienses” no Espaço Cultural Marlene Godoy, em Brasília-DF;
2002 – Olhar Multiplicado – Espaço Cultural Contemporâneo Venâncio, em Brasília-DF.

Das exposições internacionais, destacam-se:
1997 – Art Brésil, no Museu Sorsock, em Beirute, no Líbano, e
2001 – III Bienal de Artes Visuais do Mercosul, em Porto Alegre-RS.
detalhe da obra "Grades (2003) - óleo e folha de prata sobre tela (175x145)

parte do tríptico "Vida de Anjo" (2003) - nanquim sobre papel

"Cachinhos de anjo" (2003) - óleo sobre tela (60x130)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

patrimônio abandonado III

Estação Stevenson

No trecho da antiga Estrada de Ferro Goiás, ligando a cidade de Araguari (MG) ao estado de Goiás, ainda em território mineiro, existe a estação Stevenson, hoje totalmente abandonada, como várias outras construções dessa linha, em meio a pastos de propriedades rurais.
De grandes dimensões, para uma estação construída fora de centro urbano, apresenta hoje um amplo espaço interno, sem qualquer divisão, demonstrando pelas mascas em suas paredes e no piso, que paredes internas foram demolidas ao longo do tempo, em decorrência principalmente do estado de abandono em que se encontra.

vista do interior da estação

Pelo seu exterior é possível ver através dos detalhes construtivos, a imponência desse edifício, com o uso de janelas de grandes dimensões, frontão com o nome da estação gravado em massa, apoio em alvenaria, para a estrutura de cobertura da plataforma e o emprego de pintura em “pó de pedra”, muito utilizado em todo o país nas décadas de 1930 a 1950.


detalha do apoio de sustentação da estrutura da cobertura da plataforma

situação e localização do edifício

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

a arquitetura de José Amaral Neddermeyer


COLÔNIAS ESCOLARES EM SÃO PAULO

Em 1933, o governo do estado de São Paulo, incentivado pelo processo desenvolvido em países como Alemanha e Itália, abriu concurso público para seleção de ante-projeto para construção de colônias de férias, determinando três tipos diferenciados de implantação, sendo o primeiro tipo destinado a meia altitude, o segundo para o campo e o terceiro para beira mar.

É interessante observar a atenção que nesse período se dava a questões relacionadas à saúde física, moral e intelectual das “futuras gerações”. Justificando a preocupação do governo em promover tal concurso, Francisco Figueira de Mello diz, em entrevista ao JORNAL DO ESTADO, de 16 de julho de 1933, que “o valor social e racial das Colônias de Férias, é de tão grande e evidente magnitude, que é equivalente à preparação do granítico alicerce sobre o qual se erguerá o grandioso edifício da futura nacionalidade”. Discurso bem ao sabor do governo Vargas, principalmente quando se observa que a imagem utilizada para ilustrar a matéria do jornal é a fotografia de uma Colônia de Férias na Alemanha.


Com uma concorrência modesta de sete apenas projetos, dois foram os que receberam o prêmio de primeiro colocado, sendo um para meia atitude e outro para praia e, de acordo com os jornais da época, o de meia altitude deveria ser construído em São José dos Campos e a de praia, em Cananéia.
Concorrendo na categoria meia altitude, com o pseudônimo de “Arco-Iris”, Neddermeyer conseguiu classificar-se em primeiro lugar, sendo a comissão julgadora composta por Mauro Álvaro – chefe da Engenharia Sanitária –, Prestes Maia e Alexandre de Albuquerque – professores da Escola Politécnica –, Almeida Junior – chefe da Educação Sanitária – e Figueira de Mello, sendo este último o diretor da Inspetoria de Saúde do estado.
Comentando o resultado do concurso, o jornal DIÁRIO DE SÃO PAULO, de 22 de julho de 1933 diz que na exposição realizada com os projetos concorrentes,

notamos o de pseudonymo Arco-Iris, pelo seu cuidadoso estudo, em dar a estas Colônias amplas accomodações ventiladas, isoladas e grande Parque-recreio.
O projecto é de autoria do conhecido architecto José Neddermeyer, que já se tem distinguido em trabalhos de grande valor.
Foi de sua autoria o projecto e construcção da Escola Soares Pereira no Rio. Obteve um dos primeiros logares no concurso da Embaixada da Argentina. Projectou e construiu o edifício da Sociedade Bíblica Americana na Esplanada do Castello.

Atendendo a um programa extremamente amplo, o projeto deveria contemplar espaço para administração, assistências médica e odontológica, farmácia, enfermarias, alojamentos tanto para as crianças quanto para as educadoras e pessoal de saúde, refeitório, cozinha, depósitos, cinema e salas para reuniões e encontros, não só para as educadoras em particular, como também para atividades em conjunto com as crianças..
Um segundo agrupamento de atividades deveria contemplar alojamento para funcionários, lavanderia, mecânica e abrigo para carros. Na área de atividades físicas, espaço para piscinas, recreio coberto e descoberto, com aparelhos para diversões, separados para uso de meninos e meninas, devendo a idade dos mesmos variar entre 7 e 12 anos.


Com a fachada principal do conjunto elaborada dentro dos conceitos ecléticos do estilo Missões e desenvolvendo-se em torno de vários pátios, o projeto ganhador apresenta, desde o bloco principal de acesso até a área destinada a esportes, na parte posterior do conjunto, uma gradação de atividades que representa claramente a forma precisa com que Neddermeyer determina os usos e funções dentro de seus projetos. Em um primeiro plano encontra-se o setor administrativo, com salas para a direção, atendimento médico, atendimento dentário, farmácia, enfermaria e salas para as educadoras. Ladeando o pátio maior, encontram-se os dormitórios, sendo os dos meninos de um lado e meninas de outro, acompanhados, cada um deles de rouparia e conjunto de banheiros e sanitários.
Na seqüência, encontram-se, de um lado, o refeitório com cozinha e demais dependências, e do outro o cinema e os serviços de lavanderia. Na parte posterior, as atividades de recreação, ginásio e piscinas.
A planta do conjunto se estabelece de forma clássica com um preciosismo de equilíbrio, em perfeita consonância com a organização e distribuição de volumes e aberturas da fachada.
Nos arquivos particulares de Neddermeyer podem ser encontradas várias cartas, datadas dos dias imediatamente após a divulgação do resultado do concurso, sendo a mais entusiástica, a de Christiano Stockler das Neves, à época, na coordenação do Departamento de Arquitetura da Escola de Engenharia Mackenzie, parabenizando o antigo companheiro em nome dos demais professores daquela instituição.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

morreu Lhasa de Sela

Morreu nesse começo de ano, a cantora Lhasa de Sela de 37 anos, vítima de um câncer com o qual vinha lutando há praticamente dois anos.
Nascida nos Estados Unidos, filha de pai mexicano e mãe americana, a cantora vivia no Canadá e era conhecida como “a cantora nômade”
Com três discos gravados (La llorona; The living road, Llasa), Lhasa destacava-se por desenvolver um trabalho musical sem fronteiras, expressando-se em vários idiomas, chegando a cantar em checheno para crianças sobreviventes do massacre na escola de Beslan.
Dizia não entender a palavra inimigo e cantava mais por um imperativo de consciência do que por qualquer outra coisa.

Vila Boa nos jornais XXV

O jornal A Imprensa, de 18 de abril de 1914, publicou a seguinte notícia:

CINEMA

No elegante “Luso-Brazileiro” amanhã haverá uma alacre festa, a qual a presença da petizada goyana emprestará uma nota brilhante de vivacidade e alegria.
O Cel. Joaquim Guedes, inicia no proximo Domingo a exibição de fitas em matinées, para que as creanças possam tambem admirar esse maravilhoso invento que se chama Cinema.
O programa foi escolhido de proposito e pela sua diversidade chamará a concorrencia não só dos petizes como dos seus progenitores.
Haverá duas sessões, sendo uma ás 11 outra as 13 horas.
Os preços são especiais para estas sessões: 500 reis em cadeiras de geral e 1$000 nas superiores.
Na semana proxima, começará a haver sessões regulares conforme os annuncios distribuidos, e publicados em todos os jornaes.

sábado, 2 de janeiro de 2010

2010


para todos os leitores e amigos da
casa abalcoada,
um feliz 2010

e que não percamos nossa capacidade de sonhar