terça-feira, 14 de abril de 2009

um pouco de poesia

Colcha de retalhos,
de roupas da família,
faz um só embaralho
de tantas e diversas trilhas.
Coberta de lembranças...
quando todos estavam juntos
nos brinquedos de crianças.
Onde mais? Hoje pergunto.

Pedaços - Florianita C. B. Campos
ilustração - Olavo

Vila Boa nos jornais III

O jornal A Voz do Povo, em sua edição de 19 de agosto de 1927, publicou a seguinte nota:


CEMITÉRIO



A nossa reportagem dá em primeira mão, uma "notícia velha", mas da qual não se ocupou ainda a imprensa da Capital. Trata-se do augmento da area do cemitério pelo dobro, ficando a capella bem no centro. Foi uma providência salutarissima e real melhoramento.
A area do cemitério não comportava mais inhumação: erigir outro em bairro mais distante seria pouco prático e necessário se tornara respeitar os direitos adquiridos de muitas familias que possuem terrenos no cemitério.
O que é preciso agora é baixar os preços desses terrenos. A necrópole ganhou, não só em extensão como em belleza e ao illustre Dr. Agenor de Castro, enviamos nossos parabens por mais esse melhoramento, de que ficou dotada nossa "urbs".

Essa era a planta do cemitério São Miguel, da cidade de Goiás, antes da referida reforma. A capela, que se pode ver situada no limite posterior do terreno, passou, com a modificação, para a parte central, que é o que se pode ver hoje no local. É interessante observar a legenda, que mostra a forma como eram as quadras distribuídas.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

iconografia vilaboense V

Prospecto de Villa Boa tomada da parte do Sul para o Norte no anno de 1751

Tomado em posição contrária ao primeiro desenho, o que se vê nesse segundo prospecto é, em primeiro plano a Rua dos Mercadores, facilmente identificável pelo fato de todas as casas só apresentarem portas, finalizada no adro da Igreja de N. S. da Lapa, número 10 da legenda, pertencente à Irmandade dos ocupantes dessa mesma rua. Com uma única torre, apresenta o cruzeiro deslocado, sugerindo a existência de um pequeno largo lateral, e não frontal, como aparece normalmente nas plantas da cidade.
Também aqui, a grande massa de concentração de edifícios se encontra no lado do arraial, podendo ser visto o largo da Vila ao fundo, ainda rarefeito de construções.
Ao contrário do anterior, não apresenta em sua legenda, nomes de moradores ilustres, ou indicação da residência de políticos ou funcionários de importância para o local. As referências feitas, prendem-se aos edifícios relevantes, como as recém inauguradas Cazas da rezidencia do General, atual Palácio Conde dos Arcos, mostrando desde essa época sua composição com três faces, o portão lateral e a casa da guarda, voltada para o beco que separa esse conjunto da Igreja Matriz. Aparece ainda, do lado do Arraial, a monumental Igreja Matriz de Nossa Senhora Sant’Anna, que, segundo a documentação existente, teria sido iniciada em 1734, quando o Ouvidor Geral de Goiás, Manoel Antunes da Fonseca,

Resolveu demolir a antiga capela de mesma invocação construída pelos fundadores do Arraial, em 1727, e em seu lugar edificar outra com dimensões mais adequadas às necessidades impostas pelo crescente número de habitantes dessa região mineradora (Coelho, 1999, p.53).

Causa uma certa estranheza perceber um edifício de tão grandes proporções, que se bem observadas, correspondem a praticamente o que existe hoje no local, haver sido edificado em tão pouco tempo. Provavelmente venha daí a precariedade de suas estruturas, que, ao longo do tempo, fizeram com que esse edifício permanecesse em tempo integral na relação das obras públicas da Capitania e da Província, com reformas e reconstruções.

Ao fundo, na região demarcada para instalação da Vila, o número 8, representando a casa da Real Intendência, um sobrado, aliás, convém mencionar, um dos raríssimos sobrados setecentistas de Vila Boa, situado ao lado do Quartel dos Dragões; a primitiva Capela de Nossa Senhora da Boa Morte, edificada no centro do Largo e construída seguindo um padrão tradicional da colônia, com a fachada representada por uma ampla porta de acesso, duas janelas na altura do coro e uma modesta estrutura de madeira, ao lado, sustentando o sino. Logo a seu lado, as instalações, em local demarcado pelo Conde D’Alva, da Casa de Câmara e Cadeia, edifício de um único pavimento com cobertura em três águas - o atual só seria concluído quinze anos depois - onde, não só pela forma de numeração, mas pela representação das aberturas, é possível perceber a separação de funções definida pela independência dos acessos.
Complementa a relação de edificações legendadas, a pequena capela de passo, que já não existe mais, localizada, no canto do terreno hoje pertencente ao Colégio Santana, das Irmãs Dominicanas, na esquina do Beco São Cristóvão, à época denominado Travessa Amena.
Aparece ainda, na legenda, provavelmente por sua importância junto à população, os consistórios das irmandades do Santíssimo e do Senhor dos Passos, sediadas do lado da Epístola da Matriz. Convém observar que nos dias de hoje, a Irmandade do Senhor dos Passos é a única que ainda existe na cidade, estando seu consistório sediado, desde a segunda metade do século XIX, a pequena Igreja de São Francisco de Paula.
Existe ainda, no entorno e mesmo entremeando as construções, um expressivo número de árvores de porte considerável, inclusive junto à Rua Direita, que nesse desenho aparece com ocupação apenas de um lado, como se fosse um Largo e não a rua estreita que conhecemos hoje e que aparece tão bem representada nas plantas elaboradas ainda no decorrer do século XVIII. Observa-se a presença dessa vegetação não só no espaço privado, que seria representado pelos quintais, mas também no espaço público, junto ao Largo da Matriz e mesmo no centro do Largo da Cadeia, ao lado da Igreja da Boa Morte e entre a Câmara e a Capela de Passo.
Apesar de não ser a perspectiva um dos atributos do autor dos desenhos, é possível identificar, pela posição das casas, a já iniciada a ocupação da Rua do Horto, que aparece na documentação setecentista como Rua do Médico.

domingo, 12 de abril de 2009

José Amaral Neddermeyer: Arquiteto

A obra de José Amaral Neddermeyer compreende não apenas sua produção arquitetônica desenvolvida no período em que esteve atuando em Goiânia, mas um amplo trabalho que teve início em São Paulo, estendeu-se para o antigo Distrito Federal, onde residiu e trabalhou durante algum tempo e ainda em Minas Gerais.
Nascido na cidade de São Paulo, em 1894, José Amaral Neddermeyer estudou na Universidade Mackenzie, onde concluiu o curso de arquitetura em 1918. Foi, além de arquiteto, escultor, músico e pintor – sendo aluno do Liceu de Artes e Ofícios –, tendo desenvolvido ativamente suas habilidades em sua cidade natal, com a elaboração de vários projetos, tanto públicos quanto particulares, participado de inúmeras exposições e mesmo lecionado na Escola Mackenzie.
No período em que esteve no Rio de Janeiro, teve a oportunidade de participar de importantes concursos de projetos, como o da Sociedade Bíblica Americana – concorrendo com nomes de peso à época, como Rafael Galvão, Penna Firma e Edgar Viana – e o da Embaixada da Argentina, este último em 1928, quando foi classificado em quinto lugar, sendo o primeiro prêmio conquistado por Lúcio Costa – que também ficou com a quarta colocação. Nesse período de sua vida profissional trabalhou para a firma Dwight P. Robinson onde desenvolveu, entre outros, o projeto das oficinas da Light and Power, além de haver acompanhado como responsável técnico, a construção dos edifícios da Standard Oil e do Hangar da Pan American Airways Sistm.
Em 1930, a convite de seu particular amigo Adolpho Morales de los Rios Filho, participou da equipe que coordenou a exposição de projetos de arquitetura, acontecida em paralelo e como parte integrante das atividades do IV Congresso Pan-Americano de Arquitetura, que, como é sabido, foi decisivo para a estruturação de várias questões relacionadas à vida profissional do arquiteto na América Latina, desde orientação sobre o ensino até à regulamentação profissional.
Ao longo de sua carreira, desenvolveu um considerável conjunto de projetos com forte caracterização eclética, como o que apresentou ao concurso da Embaixada da Argentina. Eclético, mas com tendência a se incorporar ao estilo Missões, desenvolveu o projeto ganhador do concurso para a construção de uma colônia de férias, para o governo do estado de São Paulo, em 1933.
colônia de férias para o governo do estado de São Paulo - 1933


Ainda dentro dos conceitos do ecletismo desenvolveu vários projetos residenciais, entre os quais se destacam, ainda na década de 1920, a residência de João Braz, em Itajubá – MG.

projeto para a residência do Dr. João Braz, em Itajubá - MG.


Tendências a uma produção moderna de caráter déco começam a aparecer em sua obra nos primeiros anos da década de 1930, quando elabora o projeto vencedor do concurso para a sede da Sociedade Bíblica Americana, na Esplanada do Castelo, na cidade do Rio de Janeiro. Tais elementos aparecem nesse projeto, ainda de forma um tanto tímida, estando presente também nos projetos de todos os participantes do concurso. A partir de então, tais características passam a ser uma constante não só nos projetos desenvolvidos por Neddermeyer, como também naqueles elaborados por outros profissionais, no decorrer das décadas seguintes.

projeto para o edifício sede da Sociedade Bíblica, na cidade do Rio de Janeiro.

detalhe da luminária para o hall de entrada do edifício da Sociedade Bíblica.

No decorrer da década de 1930, mais precisamente em 1936, transferiu-se para Goiânia, para trabalhar como responsável pelas obras da Construtora Lar Nacional, e, no ano seguinte já atuava nas obras de construção da nova capital, fazendo parte da equipe da Seção de Arquitetura da Superintendência Geral de Obras.
Além de coordenar a equipe de projeto e obras na nascente capital, desenvolveu uma série de projetos na cidade, destacando-se entre eles a sede da Associação Goiana de Pecuária, da Associação Goiana de Agricultura, Lord Hotel, além do Cine Teatro Goiânia, em parceria com Jorge Felix de Souza e a sede da prefeitura, não construída.

perspectiva para a sede da prefeitura de Goiânia, de 1944. No canto direito do desenho é possível ver a torre da capela D. Bosco e parte do edifício dos correios.

Permaneceu em Goiânia até o final de sua vida, em 1951.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Anais de Vila Bela: 1734-1789


Organizado pelas historiadoras Janaína Amado e Leny Caselli Anzai, o livro Anais de Vila Bela: 1734-1789 (UFMT/Carlini & Caniato, 2006) é uma importante publicação sobre a história do Mato Grosso, apresentando ano a ano, os principais acontecimentos ocorridos na primeira capital do estado, Vila Bela, ao longo do século XVIII, sistematicamente anotados pelos seus vereadores. O manuscrito original, que esteve por duzentos anos na Casa da Insua, em Penalva do Castelo, em Portugal, encontra-se atualmente na Newberry Library, nos EUA que o adquiriu em 1995. Este livro que pertence à coleção Documentos Preciosos é, atualmente, a maior e melhor fonte de informação e pesquisa organizada sobre a história do Mato Grosso no período da mineração.

viagem através do Brasil


Na década de 1960, a Editora Melhoramentos publicou uma coleção intitulada Viagem através do Brasil, composta de dez volumes, onde eram retratadas as várias regiões do país. O último livro a ser publicado, com autoria de Elza Coelho de Souza, dedicado aos estados de Goiás e Mato Grosso - à época incluindo Tocantins e Mato Grosso do Sul, já que as divisões dos estados originais ainda não haviam ocorrido - apresenta em sua página 20, um desenho da casa abalcoada, com legenda informando ser essa "A casa em que morou o Anhanguera, na antiga capital de Goiás". Tal informação tem sido motivo de muita discussão, mas, o importante é que, também nesse livro, a casa está documentada. O desenho original é em preto e branco, as cores são de responsabilidade de algum antigo dono do livro que foi encontrado em um sebo na cidade de São Paulo.

terça-feira, 7 de abril de 2009

vila boa nos jornais II

No dia primeiro de maio de 1931, o jornal O Aspirante, publicou a seguinte nota:

ACÇÃO MORALISADORA

A acção moralisadora das autoridades policiaes desta Capital, cohibindo a todas as pessoas tomarem banho em trajes de Adão, desde o poço do Bispo até a "Pinguelona", é digna de encômio.
Com essa medida, cessou por completo o abuso inqualificavel que de ha muito vinham praticando, em desrespeito ao decóro publico, certos banhistas, marmanjos inescrupulosos, que não se pejavam a exhibir-se com vestes de Adão, em logares geralmente transitados por familias, e entre lavadeiras, que não obstante pobres e humildes, merecem todo o respeito e consideração.
O respeito no decóro publico, faz parte integrante da boa educação e cultura de um povo.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

art dèco em ipameri

Ao estudarmos a história da arquitetura no estado de Goiás, vamos encontrar na cidade de Ipameri, na região da estrada de ferro, a primeira preocupação de um administrador municipal com a elaboração de concurso de projetos de arquitetura para a construção de edifícios públicos. O fato, ocorrido na gestão do prefeito Gomes da Frota (1937-1945), interventor nomeado por Pedro Ludovico, provocou o interesse de vários profissionais - infelizmente não identificados - que apresentaram uma série de projetos buscando dar à sede do poder administrativo daquela cidade, um carater de modernidade próximo ao encontrado na nova capital do estado.
Infelizmente nem todos os prjetos resistiram ao correr do tempo, e entre os já desaparecidos encontra-se exatamente o ganhador do concurso, posterirmente utilizado na construção do edifício em questão. Mesmo não sendo localizado até o momento nenhum documento que comprove efetivamente a autoria do projeto vencedor do concurso, o mesmo é atribuido ao arquiteto Waldemar Leone Ceva, um dos mais criativos profissionais da região.
Dos projetos concorrentes, três podem ser encontrados ainda em bom estado de conservação, como é o caso do que é aqui apresentado.



planta baixa


fachada principal

fachada lateral

domingo, 5 de abril de 2009

iconografia vilaboense IV

Prospecto de Villa Boa tomada da parte sul para norte no anno de 1751


Apesar de não haver uma numeração ou ordem estabelecida para esses desenhos, o fato de ser este o único a enfocar o lado norte da Vila, leva a que seja o primeiro a ser estudado. Constitui-se como os demais, de um retângulo com margem dupla, apresentando na parte superior a legenda, em posição intermediária o contorno do Morro do Cantagalo e, na parte inferior, a massa de construções representativas da ocupação do antigo Arraial de Sant’Anna, situado entre os largos da Matriz, onde se posta o observador, e o do Rosário, cuja igreja se destaca ao fundo.
Elaborado cerca de vinte e cinco anos após o estabelecimento dos primeiros mineradores e doze, da fundação da Vila, apresenta, se comparado aos outros dois desenhos, e contrariando a legislação em vigor, o local de maior concentração de edificações da capital goiana à época.
Apesar de não corresponder ao que se conhece da fachada da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, o desenho imprime certa monumentalidade a esse edifício religioso, fazendo com que se destaque entre os demais. Apresenta três portas desproporcionais, com três pequenas janelas, quadradas e fora de alinhamento. Na parte superior da torre, duas outras janelas com verga em arco.
Convém observar que nesse ano de 1751, existiam em Vila Boa apenas quatro igrejas, sendo as maiores, a da Matriz e essa do Rosário, além das pequenas Nossa Senhora da Lapa, aqui referenciada como “capelinha”, e a antiga de Nossa Senhora da Boa Morte, no Largo da Câmara e Cadeia. Das duas menores, a primeira, desaparecida em uma enchente, no século XIX e a segunda, demolida quando da transferência de sua Irmandade para a nova Igreja da Boa Morte, no Largo da Matriz, por volta de 1779.
Pertenciam tais igrejas aos brancos a Matriz, aos pretos a do Rosário, aos mercadores a de N. S. da Lapa e aos pardos a de N. S. da Boa Morte, mostrando assim, já em 1751, a estratificação social existente na Vila. Acrescenta-se à representação da Igreja a colocação de um cruzeiro no Largo à sua frente.


O número dois da legenda, apresenta uma curiosidade quando dá a informação de ser a edificação ao lado da Igreja de N. S. do Rosário, as cazas onde mora o Capitão dos Dragões. Tal edificação, hoje utilizada como convento pelos padres da Ordem de São Domingos, encontra-se na confluência da Rua da Cambaúba com o Largo do Rosário, região situada na entrada da cidade e, que se sabe, era à época habitada por negros forros, soldados e casais de pardos, sendo a Rua da Cambaúba, originariamente trecho da estrada e local onde se estabeleceram os primeiros barracões para alojamento dos escravos, trabalhadores nas lavras do Rio Vermelho. Assim, sendo o posto de Capitão dos Dragões um posto de relevância dentro da comunidade colonial, era de se imaginar que estivesse o mesmo estabelecido, senão no Largo da Matriz, junto com os principais da política e da administração, pelo menos em região mais próxima aos quartéis, ou seja, no Largo do Chafariz ou na Rua do Médico, posteriormente Rua do Horto e, atualmente Rua Felix de Bulhões.
O número três da legenda, apresenta a torre da capela de N. S. da Lapa, perdida entre o casario, apesar de, pelo ângulo do observador, estar em desvantagem gráfica. Era de se esperar um destaque maior.
O restante da legenda refere-se às casas de residências voltadas para o Largo da Matriz, iniciando-se pela do Capitão-Mor. Seguem-se as do fiscal da intendência, nomeado Antonio Luiz Lxª., seguido do ferrador da tropa; de João Lopes Zedes; do escrivão da ouvidoria; de Manoel de Souza Oliveyra; de Diogo Lopes Fogaça – posteriormente vendida à Coroa para instalação da Real Fazenda –; e do capitão Francisco Ferreyra Pinto. Aparece ainda a referência à Rua Direita do Negócio.
Observa-se que, a exceção da casa do fiscal da intendência, todas as outras indicadas pela legenda, apresentam janelas vedadas com rótulas, o que, no conjunto, representa uma certa preocupação estética, que acaba por valorizar a edificação. Grande número desse tipo de janela ainda se podia ver na cidade, por volta da terceira década do século XIX, quando da passagem do inglês John W. Burchell.

desenho de Burchell mostrando janelas de rótulas no Largo da Matriz, em Vila Boa

É possível perceber também outra característica das construções em Vila Boa, que é o fato de duas ou mais edificações estarem sob um mesmo pano de cobertura. Isso aparece representado pelas casas quatro e seis, respectivamente do Capitão-Mor e do ferrador da tropa.
Fundamentalmente, esse desenho mostra a forma de ocupação urbana da capital goiana, doze anos depois da instalação da Vila. A intensa aglomeração fora do espaço definido pelo governador paulista, com as principais pessoas da administração, funcionários públicos e oficiais do exército morando ainda no território do arraial, onde o próprio governador estabeleceu seu palácio, em prejuízo do largo principal, demarcado para sediar o novo poder.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Itinerário Cora Coralina

Com textos e desenhos de Elder Rocha Lima e fotos de Marcelo Feijó, o livro Itinerário Cora Coralina (2008) apresenta vários aspectos da cidade de Goiás: sua história, suas ruas, sua arquitetura e seu entorno imediato através da poesia, do imaginário literário e das receitas da escritora Cora Coralina. Um passeio pela história, pelos cantos e recantos da cidade, que mereceu até um mapa (em anexo), indicando percursos e lugares a serem visitados. Vale a pena conferir.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

vila boa nos jornais I

O jornal O Democrata, de 07 de novembro de 1924, publicou, na cidade de Goiás, a seguinte nota:

Senhores Paes de Familia

Sabem V.V. S.S. porque é que muitos de seus filhos tomam bomba no exame de admissão ao Lyceu?
É porque muitos paes de familia, talvez por economia, deixam para mandar preparal-os já nas vesperas desse exame, quando, mesmo por economia, deviam cuidar disso mais cedo.
para que V.V. S.S. evitem os dissabores de ver seus filhos passarem pelo vexame de uma reprovação e para lhes adeantar um anno de estudos, V.V. S.S. devem providenciar afim de que estejam elles devidamente preparados no fim do anno.
O Gymnasio "Silva-Gomes" garante a approvação de seus alumnos na seguinte proporção para os que se matricularem neste mêz:
intelligentes e applicados 100%
pouco intelligentes mas applicados 90%
intelligentes, mas vadios 75%
pouco intelligentes e vadios 10%
Horário: das 8 ás 9 da manhã e das 5 ás 6 da tarde.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

um pouco de poesia


dobrei meu corpo
no parapeito da janela
y a distância
foi como o tempo
profunda e incolor

olhei depois de séculos
meu rosto no espelho
y o tempo
foi como a distância
profundo e indolor

tempo y distância – Gustavo Neiva Coelho
ilustração: Roos