sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

patrimônio histórico XIV

Chafariz da Carioca em Vila Boa

O chafariz do largo da Carioca foi a primeira fonte pública de abastecimento de água construída em Vila Boa, ainda no início de sua implantação como centro minerador.
Inicialmente denominada Fonte da Cambaúba, a Carioca atendia basicamente aos moradores da margem direita do rio Vermelho, conhecida nos documentos antigos como Rosário, em alusão à primeira igreja construída nessa parte da cidade, pertencente à Irmandade dos Homens Pretos.
Construída em alvenaria de pedra, essa fonte se encontra em um amplo espaço aberto, entre o rio Vermelho e a antiga entrada da cidade, para os que vinham de São Paulo pelo caminho real, passando por Meia Ponte, Ouro Fino e Ferreiro, com destino a Cuiabá. Esse local bastante procurado pelos banhistas é conhecido como poço do Bispo, por estar próximo a uma chácara de propriedade da Diocese de Goiás.

o chafariz em foto da década de 1930 (foto de Alois Feichtenberger) tendo ao fundo a casa de luz e força, já demolida.

Com sua estrutura praticamente enterrada no solo, esse chafariz possuía originalmente um dos lados abertos, ligado diretamente ao rio. Entretanto, em decorrência dos alagamentos provocados pelos períodos chuvosos, essa ligação foi desfeita com a construção de uma quarta parede, também em alvenaria de pedra, como as demais. O acesso às bicas é feito através de uma escada frontal, também em pedra.
Devido à escassez de registros e documentos, grande parte das informações sobre essa fonte é marcada por lendas, comuns nas versões orais da história.
O fornecimento de água foi, há algumas décadas, interrompido em decorrência dos aterros para a construção de uma rodovia. Entretanto, na última restauração realizada na década de 1980, pela Prefeitura, com apoio do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – esse fornecimento foi restabelecido, voltando a fonte a ser um dos pontos de referência ao turismo, tanto pela fonte em si como pelas lendas que a cercam.

desenho do chafariz, feito em 1828 por W. J. Burchell

Ainda com relação a essa obra de restauro, foram, por essa época recuperados vários detalhes construtivos e mesmo decorativos, descobertos a partir de prospecções realizadas. Esse trabalho teve por base os desenhos feitos pelo botânico inglês William John Burchell, que, por volta de 1828 passou por Goiás, quando de sua viagem do Rio de Janeiro a Belém, no Pará.
Atualmente a fonte está cercada por um complexo de lazer implantado pela Prefeitura, que engloba o rio, como local de banho, e tratamento especial de ajardinamento em seu entorno. A proteção desse monumento é feita

na esfera federal:
através do processo 345-T-42, com
inscrição 73, no Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, à folha 17;
inscrição 463, no Livro Histórico, à folha 78;
inscrição 529, no Livro das Belas Artes, à folha 97,
com data de 18 de setembro de 1978;

na esfera estadual:
é protegido pela Lei nº 8.915, de 13 de outubro de 1980.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

autoria de foto

No dia 8 de novembro, foi publicado nesse blog, um conjunto de fotos antigas do centro de Goiânia, com o título de fotos antigas do centro cívico de Goiânia e, como a maioria das fotos apresentadas com esse marcador (fotos antigas) é formada por material cedido por amigos e alunos, algumas delas nos chegam sem o registro de autoria. Uma dessas fotos, apresentada no dia 8/11 é de autoria do fotógrafo Hélio de Oliveira, responsável pelo maior acervo fotográfico (35.000 fotos) relacionado com a história de Goiânia. Gostaríamos de pedir aqui, desculpas pela falta da referência, informando ainda que, o acervo de Hélio de Oliveira pode ser visto em http://www.heliodeoliveira.com.br/

Roos expõe no Beco das Artes

A partir dessa segunda-feira, dia 21 de dezembro, a galeria Beco das Artes está com uma exposição do artista Roos de Oliveira, um dos principais nomes das artes plásticas em Goiás.
Nascido na cidade de Ipameri, estado de Goiás, a 25 de abril de 1947, Roosevelt de Oliveira Lourenço transferiu-se para Goiânia ainda criança, onde vive até hoje. Em meados da década de 1960, iniciou seus estudos em artes plásticas com D.J. Oliveira, pintor, gravurista e um dos precursores da arte moderna em Goiás, juntamente com Frei Confaloni.
Atuante nas artes plásticas em Goiás, desde a década de 1970, tem participado de inúmeros eventos e exposições, além de trabalhos na área de propaganda.
Ao longo do tempo, Roos fez várias exposições individuais, além de participação em coletivas, recebeu prêmios e organizou albuns de gravuras em metal.

das exposições individuais, destacam-se:

1980 – Arte Antiga Galeria – Goiânia/GO
1983 – Arte Antiga Galeria – Goiânia/GO
1985 – Galeria Contemporânea – Brasília/DF
1987 – Crhoma Galeria de Arte – São Paulo/SP
1988 – Felix Galeria – Goiânia/GO
1990 – Galeria Casa Grande – Goiânia/GO
1993 – “Na intimidade do ateliê” – Galeria Casa Grande – Goiânia/GO
1995 – “30 anos de pintura” – Galeria Casa Grande – Goiânia/GO
1998 – Fundação Cultural Pedro Ludovico Teixeira – Goiânia/GO
2001 – Galeria Santa Fé – Goiânia/GO
2008 – Museu de Arte de Goiânia – Goiânia/GO

as principais coletivas de que participou:

1973 – I Salão Global da Primavera – Brasília/DF
1973 – I Coletiva de Artistas Goianos – LBP Galeria de Arte – Goiânia/GO
1974 – IX Bienal de São Paulo – São Paulo/SP
1975 – Galeria Casa Grande – Goiânia/GO
1975 – II Salão Nacional de Artes Plásticas da CAIXEGO – Goiânia/GO
1976 – Salão Nacional do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro/RJ
1976 – Noite de Artes no Palácio do Governo do Estado de Goiás – Goiânia/GO
1977 – IV Salão Nacional de Artes Plásticas da CAIXEGO – Goiânia/GO
1977 – Coletiva de Cartoons – Galeria Casa Grande – Goiânia/GO
1977 – II Semana de Arte do Ateliê Vanda Pinheiro – Goiânia/GO
1979 – Salão Nacional de Arte Moderna – Rio de Janeiro/RJ
1979 – Projeto Arco-Iris da FUNARTE – Rio de Janeiro, Vitória, Belém
1981 – III Mostra de Desenho Brasileiro – Curitiba/PR
1983 – Salão Negro do Senado Federal – Brasília/DF
1983 – Banco Central – Brasília/DF
1983 – Galeria Contemporânea – Brasília/DF
1985 – Salão Marrom do Hotel Bandeirantes – Goiânia/GO
1986 – Arte Erótica – Salão Marrom do Hotel Bandeirantes – Goiânia/GO
1986 – Galeria Contemporânea – Brasília/GO
1987 – Homenagem a Frei Nazareno Confaloni – Goiânia/GO
1987 – Grandes Nomes da Cultura Goiana – Galeria Ateliê 104 – Goiânia/GO
1988 – Auto retrato – Multiarte Galeria – Goiânia/GO
1988 – I Bienal de Artes Plásticas de Goiás
1989 – Achados e Perdidos – Multiarte Galeria – Goiânia/GO
1989 – Feira de Dijon – Dijon/FR
2001 – Mega Exposição de Pintura e Escultura – Galeria Santa Fé – Goiânia/GO

os prêmios recebidos foram:

1973 – Prêmio Aquisição no I Salão Global de Primavera – Brasília/DF
1975 – Prêmio de Aquisição para Artista Goiano no II Salão Nacional de Artes
Plásticas da CAIXEGO – Goiânia/GO
1976 - Prêmio de Aquisição para Artista Goiano no III Salão Nacional de Artes
Plásticas da CAIXEGO – Goiânia/GO
1977 - Prêmio de Aquisição para Artista Goiano no IV Salão Nacional de Artes
Plásticas da CAIXEGO – Goiânia/GO
1977 – Prêmio de Aquisição na I Semana de Inverno de Paraúna/GO
1981 – Prêmio de Aquisição na III Mostra de Desenho Brasileiro – Curitiba/PR

dois albuns de gravuras com seus trabalhos, foram editados, em fins da década de 1970:

1978 – Álbum de Gravura em Metal: Igrejas de Goiás
1979 – Álbum de Gravuras: O Clã

A exposição atual, traz uma série de pinturas em acrílico sobre tela, mostrando o resultado dos estudos que Roos vem realizando desde sua última exposição, em 2008, no Museu de Artes de Goiânia.


Fim de tarde, AST de 40x50, que faz parte da atual exposição.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

mais fotos antigas do centro de Goiânia


Foi farta a documentação do processo de crescimento da cidade de Goiânia, no decorrer das décadas de 1930, 1940 e 1950. Para isso foi de grande importância o trabalho de fotógrafos como Bilemgian, Feichtenberger, Silva, Berto e estúdios como A Fotográfica, entre outros. Exemplo disso é a seqüência de fotos que mostram, ao longo desse período, a evolução de uma das principais vias da cidade: a Avenida Goiás.

A primeira dessas fotos mostra o Grande Hotel (primeiro a ser construído na cidade), com a avenida ainda sem pavimentação e tendo vazio, todo o espaço existente entre esse edifício e as construções oficiais da Praça Cívica, imagem assinada pelo Foto Silva ;


Na segunda imagem, um registro do estúdio A Fotográfica, mostrando o jardim central da avenida, com a torre do relógio ao fundo. Aparecem também a arborização e os postes de iluminação pública, à época já utilizando a fiação subterrânea;


A terceira fotografia (também de autoria de A Fotográfica), em sentido contrário à anterior, mostra a avenida no sentido Sul-Norte. Aqui é possível ver o Grande Hotel (à direita), e ainda todo o espaço desocupado entre ele a Praça Cívica;


A última imagem, também assinada pelo estúdio A Fotográfica, mostra a primeira agência do Banco do Brasil na cidade.
Excetuando a primeira imagem, situada nos momentos iniciais de implantação da cidade, todas as outras destacam bem a intensa arborização urbana, que se constituiu em uma inovação no estado, com a construção da nova capital. Até esse momento, nenhuma outra cidade no estado havia apresentado esse tipo de preocupação, existindo mesmo alguns núcleos em que a massa de vegetação ficava restrita aos quintais.

domingo, 13 de dezembro de 2009

José Amaral Neddermeyer e Sociedade Bíblica Americana

Instalada no Brasil desde o ano de 1877, a Sociedade Bíblica Americana, ao completar cem anos de existência considerou de grande importância para seus trabalhos em território brasileiro, a construção de uma sede própria, que deveria, segundo seus representantes no país, ser construída na capital federal, cidade do Rio de Janeiro.
De acordo com material publicitário da época, a direção geral da Sociedade autorizou a compra de um terreno, e, para a construção foi organizado um concurso de projetos, sendo escolhido pela comissão julgadora organizada pela Prefeitura do Distrito Federal, aquele apresentado por José Amaral Neddermeyer. Ainda segundo o material publicitário da Sociedade Bíblica,

Por uma circumstancia especial foi adquirido um lote de 19 metros de frente com 17 metros de fundos sito à Rua VII, nos terrenos da Esplanada do Castello. A escriptura da compra foi assignada aos 3 de julho de 1931. realizou-se a cerimônia de abrir a terra para iniciar a obra da construcção do edifício aos 16 de fevereiro de 1932. em 11 de janeiro de 1933 a Companhia constructora entregou o edifício com o respectivo “habite-se” das autoridades municipaes e em 16 de fevereiro, justamente o primeiro anniversário da cerimônia do início da obra, realizou-se a inauguração official.

Apesar de apresentar uma série de referências ecléticas – notadamente vinculadas à decoração neogótica – e da informação do material publicitário dizendo ser um projeto de estilo gótico, são claras as linhas e tendências modernas expressas pelo projeto ganhador do concurso. Começam a surgir nos projetos de Neddermeyer, os elementos arquitetônicos próprios do Art Déco que vão marcar a quase que totalidade de sua produção após sua transferência para a capital de Goiás, já na segunda metade da década de 1930. Tais elementos comparecem nos dois estudos selecionados por ele para o concurso, apesar de só haver apresentado um deles.

o edifíco em construção mostrando seu entorno ainda desocupado.

As linhas retas, o equilíbrio de formas, o escalonamento de volumes e jogo entre cheio e vazio indicam as novas preocupações que começam a instigar o arquiteto no desenvolvimento de sua obra. Não é ainda um projeto desenvolvido dentro dos conceitos próprios dessa modernidade que começa a se impor, mas fica claro o interesse do arquiteto por tais estilemas, principalmente quando se observa a forma como foram elaborados os estudos – não apresentados – para a fachada principal, assim como para os detalhes de vidros, ferragem artística e relevo em massa apostos ao parapeito superior do edifício.

detalhe da fachada, onde ainda se interpõem elementos ecléticos e art déco

modelo de luminária desenvolvido para o hall de entrada

A fachada posterior, organizada em dois blocos, e onde os elementos decorativos são menos explícitos, o caráter moderno se faz ainda mais presente.
Provavelmente, por exigência da Sociedade Bíblica, alguns elementos decorativos de caráter simbólico-religioso foram aplicados na fachada do edifício. De acordo com o material publicitário publicado à época,

Na parte mais alta há um emblema que fica iluminado á noite e póde ser visto de longe. Mais abaixo vê-se um livro aberto, representando os dez mandamentos. Vem depois o sinete, cuja forma redonda representa o globo terrestre; a Bíblia aberta que se vê no meio traz os dizeres: “Examinae as Escripturas”: a lâmpada significa que este livro é a luz do mundo. Vê-se depois os quatro symbolos escolhidos da arte religiosa histórica, que são, da esquerda para a direita: 1°) um homem com a Bíblia aberta na mão, representando o Apostolo São Matheus, 2°) um leão representando o Apóstolo São Marcos, 3°) um touro, representando o Apostolo São Lucas e 4°) uma águia, representando o Apostolo São João,

O que, no geral dá o caráter neogótico com que se apresenta a decoração encontrada na fachada principal do edifício.
O que de percebe diferenciando os dois estudos elaborados por Neddermeyer é o fato de aparecerem no segundo, o que concorreu e ganhou o concurso, a aplicação de elementos decorativos de caráter historicista, com o uso de arco coroando a porta principal de acesso, além da colocação de luminárias de desenho estilizado compondo a moldura dessa mesma porta, o que não aparece no primeiro estudo, de caráter mais moderno.
O vestíbulo apresenta uma série de arcos semi-ogivais com detalhes decorativos reproduzindo elementos utilizados no desenho das luminárias, sendo estas, em conjunto com as encontradas na parte externa do edifício, desenhadas e detalhadas como parte integrante do projeto.

projeto apresentado por Rafael Galvão.
projeto com o qual concorreu o escritório Pena Firme.

projeto apresentado por Edgar Viana.



Participaram também desse concurso os arquitetos Raphael Galvão, Pena Firme e Edgar Viana, apresentando, todos eles, projetos com características bem marcantes da arquitetura déco, sondo o de Galvão desenvolvido todo em linhas retas, com grandes aberturas horizontais, equilibradas por um conjunto de volumes retilíneos na vertical, eliminando qualquer decorativismo supérfluo.
Aparece também o projeto de Penna Firme desenvolvendo um conjunto de volumes extremamente movimentado e o de Edgar Viana empregando sacadas com linhas curvas elementos decorativos em relevo, tendendo para o que passou a ser conhecido como arquitetura marajoara, de intenso uso na década de 1930, principalmente no Rio de Janeiro.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

som de gafieira no Geppetto

Existe em Goiânia, um lugar chamado Oficina Cultural Geppetto, ótimo local onde, todo segundo fim de semana do mês é possível assistir a uma interessante programação cultural, com cerveja, sucos de frutas e uma pizza impecável.
Nessa noite de sexta para sábado, quem esteve no Geppetto, teve a oportunidade de assistir à apresentação do grupo Som de Gafieira, tocando choro e samba. Um dos melhores, se não o melhor nesse tipo de música na cidade.
De sábado para domingo será a vez do Grupo Gwaya, de contadores de história.
Vale a pena.
O ambiente é dos melhores;
A cerveja no ponto;
A pizza perfeita e;
As apresentações garantem o que temos de melhor em termos culturais.
Pena que seja só uma vez ao mês.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Vila Boa nos jornais XXIV

O jornal O Aspirante, de 01 de maio de 1931, publicou a seguinte notícia:

Legião de Outubro
(a guisa de notícia)

Goyaz não é uma nota dissonante.
Por todos os cantos do Paiz se cria a chamada “Legião de Outubro”, cujas finalidades são de todos conhecidas.
Na gloriosa terra de Tiradentes, o ardor na fundação de Legiões é imcomparavel.
Em Belo Horizonte desfilam 20.000 legionários na radiosa manã do histórico 21 de abril.
A bella Capital mineira, por si só nos offerece um exercito de legionarios e esse gesto de civismo nunca desmentido de nossos irmãos de além Paranahiba, vem mais uma vez nos mostrar a consolidação da obra redemptora da cruzada de Outubro.
Goyaz, cujos filhos são tambem patriotas, acaba de fundar sua legião. Vimos na noite do dia “Pan-Americano”, o vasto salão do Cinema Goyano repleto da fina flor da nossa sociedade.
Os goyanos, num verdadeiro gesto de civismo, abraçaram o elevado ideal dos grandes factores e defensores da Republica nova.
A mulher goyana la se achou tambem em peso e, como filhas de Sparta, lançou seu nome na lista dos legionarios.
Em nosso meio rarissimo é o lar que não conte algum legionario.
Como brasileiro, genuino goyano, sentimo-nos orgulhoso de nossa terra amada.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

patrimônio histórico XIII

Estação Ferroviária de Pires do Rio

Inaugurada em 9 de novembro de 1922, a estação ferroviária de Pires do Rio foi construída à margem direita do rio Corumbá, em terreno doado pelo coronel Lino Teixeira de Sampaio, para a expansão da ferrovia em direção ao Oeste.
Parte do material utilizado na construção veio da cidade mineira de Araguari, mas muitos dos tijolos ali empregados foram fabricados no próprio local. Representou um grande avanço para o desenvolvimento do estado visto que a construção da ferrovia estava paralisada desde antes da Primeira Grande Guerra, pela dificuldade de importação do material necessário para sua expansão.

a estação com a cobertura da plataforma alterada

Para a travessia do rio Corumbá, em cuja margem esquerda se encontrava o final da linha, na estação de Roncador, foi necessário comprar da Suécia uma ponte em estrutura metálica, que por muito tempo serviu tanto para os comboios ferroviários quanto para os automóveis, pois nesse local se cruzavam essas duas vias de transporte.
De pequenas dimensões, se comparado aos outros existentes no estado, este edifício foi o elemento inicial de propulsão de desenvolvimento não só do núcleo urbano surgido à sua volta, mas também de toda uma região, que, através desse tipo de transporte, pôde tanto se abastecer de produto de outras regiões quanto exportar os seus.

a estação em 1924, dois anos após sua construção

A estação assumiu ainda uma posição de considerável importância, ao longo do tempo, em relação às suas congêneres, em decorrência de ser o ponto da estrada de ferro de onde partiam os ramais destinados a Goiânia, Anápolis e Brasília. Como a cidade de Ipameri, a estação de Pires do Rio serviu também de apoio à construção da nova capital federal.
contratado pelo proprietário das terras onde foi implantada a estação, um funcionário da E. F. Goyaz elaborou essa proposta para loteamento e construção de uma cidade junto ao conjunto ferroviário. A cidade foi implantada, mas com outro traçado.

Apesar da desativação do transporte ferroviário de passageiros, a estação mantém ainda suas atividades originais, atendendo atualmente apenas ao controle dos transportes de carga.
Com relação à sua composição arquitetônica, apresenta grandes semelhanças com as estações de Anápolis, Silvânia e Ipameri, com a mesma volumetria e qualidade de elementos construtivos e decorativos. A proteção desse monumento é feita

na esfera estadual:
pelo Decreto nº 4.943, de 31 de agosto de 1998.

na esfera municipal:
pela Lei 26/87.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

o art déco nas estações da EFG

Quatro estações da Rede Ferroviária em Goiás apresentam elementos déco em sua composição: a de Campinas, a Central de Goiânia, a segunda construída em Goiandira e a estação de Catalão. Cada uma delas, a seu modo, apresenta tais elementos, sem, no entanto criarem um padrão repetitivo.
Em Catalão, esses elementos comparecem, marcando as fachadas do edifício com o uso de platibandas escalonadas e volumes verticais que de certa forma individualizam esse edifício em relação aos demais.

Na estação de Goiandira, são utilizados elementos curvos na estrutura do edifício, marcando e caracterizando externamente sua divisão interna. O saguão de espera é marcado pelo uso de marquise protegendo seu acesso e de um elemento vertical de composição que acompanha o desenho utilizado na estrutura. Em sua lateral, uma mureta apresentando o mesmo desenho, divide o terreno da Rede com a praça que se desenvolve à frente da estação.

Composição e desenho mais arrojados podem ser vistos na pequena estação do Setor Campinas, na cidade de Goiânia, onde a laje de cobertura, recortada, tem seu desenho projetado com o mesmo recorte, no piso da edificação.
Dentro desse grupo, o edifício que apresenta com maior requinte construtivo e riqueza de detalhes esse modelo arquitetônico é a estação central de Goiânia, elaborada em três pavimentos escalonados, com uma torre central para o relógio que marca o eixo de equilíbrio da edificação. Acessos, volumes e trabalhos em ferragem são fortemente marcados pelo desenho art déco.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Iconografia vilaboense XIX

Pelo que se tem notícia, através da documentação oficial produzida em Goiás, durante os séculos XVIII e XIX, muito pouco se investiu na elaboração de projetos para a construção de edifícios oficiais, em especial na capital, Vila boa, onde era de se esperar, tal procedimento acontecesse com maior freqüência.
Alguns já desaparecidos, ou pelo menos ainda não localizados, como os dois levados a efeito para a Igreja Matriz, um paulista e outro lisboeta. Outros, conhecidos e executados, mesmo que com algumas modificações, como é o caso da Casa de Câmara e Cadeia, atual Museu das Bandeiras e mesmo aqueles, elaborados, de paradeiro conhecido, mas não executados, como os que foram desenvolvidos para a construção de uma nova enfermaria e reforma do quartel dos dragões, e o outro, do mesmo autor, para ampliação do quartel, datados respectivamente de 1862 e 1874, ou ainda o da Escola de Aprendizes Militares, de 1882.

Casa de Câmara e Cadeia, projeto original do Arquivo Ultramarino, em Lisboa

Interessantes projetos de reforma podem também ser encontrados, como o da Casa de Fundição que passa a sediar o Depósito de Artigos Bélicos e o de uma pequena capela nos arredores da cidade para a Casa da Pólvora.
Nos projetos elaborados na segunda metade do século XIX é possível perceber a preocupação de seus autores em situar Goiás dentro de um contexto geral do Império, imprimindo ao edifício a ser construído, as características gerais da arquitetura neoclássica, representativa do período, mesmo que preservando, para o edifício tradicional, do quartel, as características tradicionais da arquitetura portuguesa do Brasil colônia.
projeto para a enfermaria militar, anexa ao Quartel do XX

Demonstra, o projeto para a enfermaria, também a preocupação quanto à setorização das atividades, estruturadas seguindo uma hierarquia, em que as salas destinadas à burocracia ficam em primeiro plano, no bloco correspondente à fachada principal; as relacionadas à atividade específica a que se destina a edificação, em um plano intermediário, e, as de serviço, na porção posterior do edifício. Preocupações também expressas nesse projeto são aquelas relacionadas ao abastecimento de água e rede de esgoto, com a implantação no pátio, de um poço, no mesmo alinhamento do já existente para abastecimento do quartel e a representação da canalização de escoamento, passando pela Rua das Flores, citada nos textos como Rua da Boa Morte, atual Rua Felix de Bulhões.
Nesse período, aparece também a informação de projetos para reformas, como é o caso do Depósito de Artigos Bélicos, elaborado pelo mesmo Oliveira Lobo, e orçada a obra em 5:655$125 réis, e das casas que provisoriamente sediavam a enfermaria; construção de um novo açougue e mercado, referenciados nos vários relatórios de governo, elaborados durante o decorrer do século XIX.
Entretanto, quer pela representação arquitetônica, quer pela importância como edifício público ou preservação enquanto documentos, são só projetos da Casa de Câmara e Cadeia e da Enfermaria Militar, acompanhado este último da reforma do Quartel dos Dragões, as mais importantes representações gráficas e arquitetônicas de Goiás, no oitocentos.

projeto de ampliação do Quartel, com características neoclássicas

Interessante documento que mostra a preocupação dos governos provinciais com as melhorias urbanas é a planta da cidade levantada e organizada pelo engenheiro Joaquim Rodrigues de Moraes Jardim em 1883/84. Tal documento indica a localização de todos esses edifícios projetados, tanto os construídos, quanto aqueles que, por falta de recursos, jamais saíram do papel, mostrando inclusive aqueles que, em seus endereços provisórios, esperavam pela construção definitiva que nunca viria a ser executada.
Por essa época, os códigos de posturas já eram uma preocupação constante em praticamente todos os núcleos urbanos no interior de Goiás. Entretanto, nem os códigos, nem os projetos e nem os levantamentos urbanos que resultaram nos mapas de 1863 e 1864 podem ser vistos como tentativa de planejamento para a capital goiana no decorrer do século XIX, já que por essa época esse núcleo se encontrava estabelecido e consolidado. Vila Boa foi, assim, um núcleo implantado no calor da exploração mineradora, para o que concorreram o conhecimento tradicional da população aí estabelecida, a determinação real, através da carta de 11 de fevereiro de 1736 e algumas tentativas pontuais de ordenação e orientação do crescimento urbano da vila capital.
Projetos para edifícios religiosos, apenas se tem notícias daqueles dois elaborados para a Matriz, mesmo que se possa observar grande qualidade construtiva nas igrejas da Boa Morte, Abadia e Carmo. Para edifícios oficiais, projetos foram elaborados apenas para a Casa de Câmara e Cadeia, Quartel de Aprendizes Militares e Enfermaria Militar, sendo o primeiro do século XVIII e os demais já da segunda metade do século XIX, não estando nenhum deles vinculado a um plano global de planejamento.
planta da cidade de Goiás, a partir de levantamento feito pelo eng. Joaquim Rodrigues de Moraes Jardim

No entanto, nenhuma dessas intervenções pode ser entendida no sentido de incluir Vila Boa no conjunto de vilas planejadas do período colonial. Foi sim, um núcleo de formação espontânea, decorrente das necessidades imediatas dos mineradores que, a partir do momento em que teve a Vila demarcada em suas redondezas, sem projeto, percebeu seu crescimento definido pela completa ocupação do núcleo original que, com o tempo abarcou o território definido para a Vila, da mesma forma natural e orgânica com que sempre se apresentou.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Batalhão Mauá em livro

Já em segunda edição, o livro Batalhão Mauá: uma história de grandes feitos (ASA, 2008), de Edmar César é o que se pode considerar um trabalho de fôlego sobre a ferrovia no Brasil, enfocando a atuação do Batalhão Mauá na construção e conservação ferroviária.
Editado no ano de comemoração dos 70 de existência do Batalhão, o livro de Edmar César faz um levantamento completo da atuação dos militares na área de engenharia ferroviária desde a criação do Batalhão em 1938 até os dias atuais, mostrando os projetos executados, a manutenção de importantes trechos ferroviários e os trabalhos sociais desenvolvidos junto às populações envolvidas.
Destacam-se, para quem estuda a ferrovia em Goiás, os capítulos X e XII, sobre os trabalhos desenvolvidos no trecho de Araguari – Pires do Rio – Brasília e sobre a Norte-Sul no período 1989 a 1998.
Trabalho de referência indicado a quem estuda e se interessa por publicações sobre a ferrovia no Brasil.

Campininha das Flores em fotos antigas

O atual bairro de Campinas em Goiânia, antiga cidade de Campininha das Flores, possuía sua estrutura urbana concentrada em duas praças principais: a da igreja Matriz e a do Fórum, sendo essa última conhecida atualmente como Joaquim Lúcio. Era aí que se encontravam o Fórum, o primeiro hotel, o cinema e o coreto.
Nas imagens aqui apresentadas, podemos ver:

Na primeira, o primitivo coreto à direita e o cinema à esquerda, em registro do Foto Silva;

Na segunda, também em registro do Foto Silva, o cinema, a atual avenida 24 de Outubro ainda sem pavimentação, com duas pessoas sentadas em cadeiras, em frente ao Hotel;


Na terceira imagem, sem registro de autoria, o segundo coreto – construído na década de 1930 – além da modernização dos edifícios no entorno da praça.

A quarta fotografia, em ângulo oposto ao apresentado nas fotos um e três, podemos ver no centro da praça, além do coreto (o mesmo da imagem anterior), o relógio e o antigo edifício do fórum. Sem registro de autoria, essa imagem, pertencente ao arquivo do IBGE é apresentada como sendo de 1940, mesmo ano em que o edifício do Fórum foi demolido para a construção de um novo, com características art déco, já apresentado nessa seção de fotos antigas.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Octo por Elder: o lançamento

Aconteceu ontem, dia 4 de dezembro, na sede do IPHAN em Goiânia, o lançamento do livro de Elder Rocha Lima sobre o artista plástico vilaboense Octo Marques. Um vilaboense estudando outro vilaboense.




Elder Rocha Lima autografando, com o escritor Luiz Aquino e o artista Tai Hsuan An


Elder e a escritora Augusta Faro


Arquiteto por profissão e artista plástico por vocação, Elder Rocha Lima vem, já há vários anos se dedicando a pintar e escrever sobre a Cidade de Goiás. Depois do Guia afetivo da cidade de Goiás e do Itinerário Cora Coralina, sai agora Octo Marques: trajetória de um artista, onde, após um estudo biográfico sobre o artista e sobre seu processo criativo, Elder apresenta uma série de trabalhos (telas, bicos-de-pena e xilogravuras) pertencentes a várias coleções, particulares e de museus.
Convém lembrar que o último registro sobre a obra de Octo Marques foi feito pela Universidade Católica de Goiás, em 1985, com a publicação de um catálogo de desenhos em bico-de-pena elaborados em 1983 e 1984.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Vila Boa nos jornais XXIII

O jornal O Tocantins, de 08 de dezembro de 1855, publicou a seguinte matéria:

O DIA 2 DE DEZEMBRO

O faustissimo dia 2 de dezembro, anniversario do feliz natalicio do nosso sempre adorado Monarcha, foi nessa capital festejado com toda a pompa e explendor compativeis com as nossas ainda acanhadas circunstancias.
Se a deficiencia de forças e meios que ainda hoje comprime a nossa provincia, sem embargo do impulso que ultimamente se tem dado ao seu desenvolvimento, não consentio que com a grandeza devida fosse commemorado um sucesso tão prospero e grandioso, ao menos é certo que soube S. Ex. o Sr. Presidente da Provincia, de sua bôa vontade e muito louvaveis esforços tirar recursos para que não passasse desapercebido entre nós um dia de tanta gloria e prazer para todo o Brasil.
Não foi um festejo official, mero cumprimento das sabidas regras da fria etiqueta, essa que aqui tivemos no dia 2 do corrente: as mais vivas e cordiaes demonstrações de jubilo e contentamento geralmente manifestados por todos os goyanos, vierão não só suprir as inevitaveis faltas, devidas às nossas peculiaridades circunstancias, como ainda demonstrar que sempre com geral satisfação vê Goyaz, bem como o Brasil todo, radiar a aurora desse dia soberbo e magestoso, que, para nos marcou uma epoca de agradavel, e sempre querida recordação.
Depois de um solemne Te Deum cantado na Cathedral em acção de graças ao Todo Poderoso, e ao qual concorrerão as autoridades, officiaes da guarda nacional, e da tropa de linha, empregados publicos, e mais pessoas gradas da capital, teve lugar o cortejo á Effigie de Sua Magestade o Imperador na sala do docel; em seguida houve parada da tropa de linha, e contingente da guarda nacional, actualmente em serviço; e cumpre confessar que uma e outra ainda esta vez apresentarã-ose com a galhardia e luzimento do costume.
Nessa ocasião foi saldado pelo official que dirigiu a parada o nome de Sua Magestade o Imperador, o de Sua Magestade a Imperatriz, e Familia Imperial. Enthusiasticos vivas geralmente repetidos responderão à voz do commandante.
Á noite S. Ex. o Sr. Presidente da Província deu um explendido baile, que apezar do máo tempo esteve muito concorrido e brilhante.
Ao descerrar-se a cortina que encobria a Effigie de Sua Magestade o Imperador, com cuja cerimonia se deu começo ao baile, alguns cidadãos entoarão um himno de louvor e graças, dedicado ao nosso Soberano, a orchestra acompanhou o cantico que era respondido por sua vez com enthusiasmo e prazer pelas inumeras senhoras e cavalleiros, que em pé circundavão a sala.
A letra e a musica do himno erão de composição de alguns de nossos patricios; não é pois pelo merito da obra, mas sim pela singeleza da offerta (...).
S. Ex. e sua nobilissima familia, mostrarão-se á todos affaveis e nimiamente cortezes; suas maneiras distinctas e delicadas souberão captivar á todos quantos, por tão festival motivo, tiverão a honra de comparecer em palacio.
Ate a madrugada do dia seguinte durou o baile sempre aprasivel e animado.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

José Amaral Neddermeyer e a escola Soares Pereira

Implantada em um terreno de 3.000 metros quadrados, a escola Soares Pereira foi construída no bairro do Andaraí Pequeno (atual Maracanã), na confluência da Rua Pinto Guedes e Av. Maracanã. De acordo com o jornal O GLOBO de 21 de março de 1927, foi escolhido entre vários projetos apresentados e teve como responsável pela construção, o próprio autor do projeto, o professor da Escola Mackenzie, José Amaral Neddermeyer.
Utilizando os estilemas próprios do neocolonial, esse edifício está organizado com planta em “V”, que foi a melhor forma de implantação, levando-se em conta a conformação irregular do terreno.

detalhe de um dos módulos da fachada lateral

Ainda de acordo com o mesmo jornal, o edifício apresenta “as salas de aula ao longo das alas lateraes, communicando-se entre si por um corredor aberto para um recreio central”, o que, Ferreira (1998, p. 22) diz ser um dos símbolos de mudança e modernidade apresentados pelos projetos escolares das décadas iniciais do século XX, oficializados, no estado de São Paulo, basicamente no decorrer da década de 1930. Segundo essa autora,

Prestes Maia elabora um intenso estudo sobre a orientação dos prédios que norteia os projetos de escolas públicas. De acordo com os estudos de Prestes Maia, um dos fatores que passam a definir o partido de implantação do prédio é a boa orientação das salas de aula. Com isso, o edifício deixa de ser um volume compacto, de salas de aula dispostas com circulação central, para se caracterizar por uma planta estruturada por eixos ortogonais onde a circulação possui salas em apenas um de seus lados.

É interessante observar que, mesmo utilizando na composição das fachadas os elementos próprios do neocolonial, estilo arquitetônico que praticamente caracterizava as principais edificações no decorrer da década de 1920, a forma de implantação escolhida por Neddermeyer já prenuncia o discurso modernista que viria se implantar de vez na arquitetura brasileira, basicamente, apenas na década seguinte. A utilização do corredor lateral, com salas de apenas um dos lados, estando o outro aberto para o pátio, o acesso situado no ponto de convergência dos dois blocos de salas, criando uma interessante vista em perspectiva, sem perder, no entanto a preocupação de hierarquização dos planos, do equilíbrio e das proporções entre cheios e vazios, além da movimentação produzida pelos volumes e relevos que são preocupações comuns ao desenvolvimento dos conceitos modernos de projetar.

vista do pátio interno para onde se abre todo o edifício

Ao comentar este edifício, Czajkowski (2000, p. 79), diz que seu projeto “apresenta especial interesse no pequeno acesso avarandado, valorizado por seis colunas toscanas lisas de granito e frontão ondulado”, além de estar inteiramente integrada aos edifícios residenciais de seu entorno, em decorrência da forma como foram organizados o “porte, proporções alongadas e a repetição ritmada das envasaduras”.
o arquiteto José A. Neddermeyer e o mestre de obras Pedro Rivera

Interessante descrição do edifício foi feita pelo jornal O GLOBO, dizendo que seu acesso

Consta de um pórtico todo de cantaria com seis columnas e duas pilastras lateraes supportando vasos, no coroamento um frontão característico colonial, decorado com legítimos azulejos.
A porta de entraa, verdadeira peça monumental, é emoldurada por uma cantaria de fino desenho e tem suas folhas de vinhático, e armadas de um trabalhoso gradil de ferro.
As suas fachadas lateraes são cortadas por dous corpos salientes, ladeadas de pilastras de cantaria lavrada, ligadas no alto, por frontões curvos, que são decorados por cartuchos com antigos azulejos e volutas.

Em decorrência da proximidade do córrego Maracanã, que dividia o terreno da escola em dois, e da intenção do governo à época, de canalizá-lo, não foi o projeto executado em sua íntegra, o que deveria ocorrer assim que fosse desviado o leito do córrego. Entretanto, tal ampliação nunca chegou a se concretizar, tendo o edifício passado, ao longo do tempo, por várias reformas e alterações sem, no entanto, ser concluído na íntegra.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

patrimônio histórico XII

Estação Ferroviária de Ipameri
A estação ferroviária de Ipameri foi a segunda edificação construída na cidade com a finalidade de atender à população nessa modalidade de transporte. Já em pleno funcionamento em 1917, veio ocupar o lugar da outra estaco, inaugurada em 1913, que passou então a ser utilizada como oficina de locomotivas.

inauguração da primeira estação de Ipameri, em 1913

Mais bem localizada e maior que a primeira, essa construção encontra-se mais próxima do centro da cidade, com acesso fácil e ligada à praça principal por uma larga avenida. Ficam nessa mesma via a sede do principal clube da cidade, o Joquey Clube, e a sede da Câmara Municipal que foi utilizada anteriormente como Prefeitura e Fórum.
Construída em dois blocos que se estruturam em um interessante jogo de volumes, este edifício apresenta uma ampla plataforma para embarque e desembarque, tanto de passageiros quanto de carga. Dispõe ainda de um salão para depósito de mercadorias, de salas para administração, tanto da própria estação quanto da Rede Ferroviária e para atendimento a usuários.

a estação de 1917, antes do restauro para uso como Biblioteca

Esse tipo de edificação, por ser característico das primeiras décadas do século XX, faz uso de técnicas, materiais e elementos construtivos bastante diferenciados daqueles encontrados nos edifícios tradicionais. São ali empregados o tijolo cozido, a telha francesa apoiada em novas formas de estruturação de cobertura, além de instalações hidráulicas e sanitárias praticamente desconhecidas à época no interior de Goiás. E tudo isso incorporado a uma série de novidades que começaram a se difundir pelo estado através da própria estrada de ferro.

a estação já sediando a Biblioteca Municipal

Durante todo o período de utilização da ferrovia como meio de transporte de passageiros, Ipameri – assim como Pires do Rio e Anápolis, com suas respectivas estações – representou um pólo e uma referência para seus usuários, oferecendo apoio e propiciando o surgimento de uma rede rodoviária de ligação para as cidades não servidas pelos comboios ferroviários. E mais que as outras, Ipameri, com suas oficinas e com o Batalhão Ferroviário do Exército, atraia novos habitantes também pela possibilidade de emprego, ainda maior durante o período da construção de Brasília, quando o material vindo de São Paulo e de outros estados do Sul era transportado pela ferrovia.

planta da cidade de Ipameri, na década de 1940, mostrando o traçado da linha ferroviária e localizando a estação

Abandonada por algum tempo, passou a ser, a partir do seu tombamento em 1989, utilizada pela Prefeitura Municipal para abrigar a Biblioteca Pública, além de oferecer espaço para múltiplo uso, como sala de exposições e apresentações. A proteção desse monumento é feita

na esfera municipal:
Pela Lei nº 301, de 30 de outubro de 1989.