sábado, 30 de outubro de 2010

Vila Boa nos jornais XXXV

O jornal Nova Era, de 26 de maio de 1916, publicou a seguinte matéria:


Faculdade de Direito

Está causando excellente impressão nesta cidade e geral enthusiasmo no meio da mocidade estudiosa de nossa terra, a feliz ideia e animadora iniciativa de Luiz do Couto de fundar uma Faculdade livre de Direito nesta Capital.
De facto, não somos os primeiros e nem seremos os ultimos, a levar ao juiz de Catalão a nossa inteira adhesão a esse emprehendimento notavel, que muito elevará o nome de nossa terra, augmentando o seo já não pequeno prestigio intellectual.
Goyaz é um estado central, absolutamente pobre, sem vias de communicação e a nossa capital é um viveiro de moços estudiosos que devido as condições precarias de nosso recurso particular, não se podem transportar a meios, como Rio e São Paulo, para fazerem seo curso superior.
É de inteira justiça que Goyaz possua a sua Faculdade.
O benemérito ex-Presidente do estado Xavier de Almeida, cujo nome está ligado á história de nossa terra coberto de bençams, fundando a Academia de Direito, prestou inestimavel serviço a mocidade e a causa publica.
Desde então não precisamos importar mais bachareis para a magistratura do estado.
Mas essa Academia fechou-se. Ella deu bons resultados?
Os factos ahí estão patentes e insofismaveis!
Com muitissimas e raras exepções, os bachareis que vinham para este centro, exercer a magistratura, ou eram incompetentes ou moralmente prejudicados.
Nem era possivel que um bacharel, que não fosse goyano, formado em faculdades reconhecidas pela Republica, intelligente e de prestígio, se sujeitasse a vir para esse centro, muitos mezes, para longinquas comarcas do estado, com o fim de occupar o cargo de juiz de direito, com o ordenado mensal de 300$000.
No tempo da Monarchia sim porque era uma a magistratura e para começo de carreira o nosso sertão não era dos peiores lugares. Com a Republica, não.
Salvo alguns que ainda continuam a illuminar a magistratura do nosso estado com a sua illustração e critério, fomos muito infelizes com a importação.
Precisamos Ter a nossa Faculdade de Direito. E vamos tel-a agora. Luiz do Couto tem sido incançavel para a execução de sua ideia e vae sendo feliz, porque não é pequeno o apoio geral de todos os homens de prestígio da nossa sociedade.
O corpo docente já se acha organizado e é composto dos mais notaveis mestres do Direito do nosso estado, quer sem visarem recompensas pecuniárias convidativas, prestam da melhor vontade o seo auxilio aos nossos patrícios que, por certo jamais esqueceram os nomes daquelles que lhe ministram a luz do seo saber juridico, desvendando-lhe um caminho luminoso e as profissões liberais da nossa terra uma nova phase de progresso e de desenvolvimento intellectual.
Estamos informados de que o governo do estado recebeo com a maior sympathia a ideia da fundação da Faculdade, e lhe não negará, por certo, o seo apoio, sendo muito provavel que na proxima sessão legislativa de 1917, o estado chame á sua administração a nova escola de curso superior.
Os paes de familia, a sociedade,, e todo o estado saberão recompensar fidalgamente o serviço que se lhe vão prestar os nossos homens de responsabilidade.
Levemos as nossas felicitações aos moços, fazendo-lhes sentir ao mesmo tempo, que não se desanimem, que olhem o exemplo da antiga Academia de Direito que tão excellentes fructos deo a Goyaz, apesar da guerra surda que soffreo nos primeiros dias de sua fundação.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

patrimônio histórico XXVI

Coreto de Goiânia

Construído logo no início da implantação da nova capital, o Coreto, situado no extremo norte da Praça Cívica, foi palco, à época, de importantes manifestações e concentrações populares, além de ser um dos principais pontos de encontros dos intelectuais não só goianos, como também daqueles em visita pela cidade.
Elaborado com base em um projeto desenvolvido pelo engenheiro-arquiteto Jorge Félix de Souza, responsável por outras importantes edificações na cidade, esse monumento é completamente diferente dos modelos de coretos até então conhecidos pelos goianos.
De forma elíptica, apresenta piso único, elevado a pouca altura do nível do solo, sendo atingido através de degraus situados em seus dois lados maiores, no sentido norte-sul. Construído todo em concreto e tijolo, com decoração em relevo, dispõe apenas de duas colunas para fazer a sustentação da cobertura elaborada em laje plana, o que cria um balanço não só inovador como também de uma leveza singular.

Destaca-se como novidade a instalação de locais para assento, nos dois lados não servidos por degraus de acesso e junto às colunas. Floreiras também foram projetadas, provavelmente com o objetivo de quebrar a aridez do concreto e de promover uma maior integração com seu entorno.
Com o crescimento da cidade e as mudanças nos hábitos políticos e sociais, o Coreto entrou em uma fase de abandono, passando a ser utilizado por desabrigados, o que, associado à falta de manutenção, provocou uma série de desgastes, principalmente em seus elementos decorativos.
Na década de 1970, passou por reformas radicais e foi transformado em escritório de representação turística, com total descaracterização tanto do seu uso quanto de seus elementos estéticos e decorativos. No entanto, a insatisfação popular exigiu sua total restauração, o que foi feito atendendo aos menores detalhes do projeto original.

Atualmente, mesmo não sendo mais utilizado em suas funções originais, esse monumento vem sendo mantido e conservado pelo poder público como um dos cartões de identidade representativos da história inicial de Goiânia, como nova capital do estado de Goiás. A proteção desse monumento é feita

na esfera federal:
pelo Processo 1.500 – T – 02
na esfera estadual:
pela Lei n° 8.915, de 13 de outubro de 1980
pelo Decreto n° 4.943, de 31 de agosto de 1998

na esfera municipal:
pela Lei n° 6.962, de 21 de maio de 1991

terça-feira, 26 de outubro de 2010

mais poesia

contei em séculos
os minutos
da espera...

que ingenuidade

é no mínimo eterno o tempo
no qual se insere
o abandono...

coisas do tempo - gustavo neiva coelho
desenho: a carta - roos de oliveira

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

novo lançamento


A Editora da UFG acaba de fazer o lançamento, no dia 22 de outubro, de dois novos livros enfocando o processo de desenvolvimento de Goiás no século XIX.


O primeiro deles é a reedição de Caminhos de Goiás: da construção da decadência aos limites da modernidade, de Nasr Chaul, onde o autor faz um estudo da situação econômica do estado e do conceito de decadência a parir da documentação produzida pelos viajantes que, naquele século, documentaram Goiás em seus mais amplos aspectos. Já em terceira edição, esse livro é uma referência fundamental para quem quer entender a história goiana pós mineração.


O segundo livro, Fazendas de Goiás: a casa como universo de fronteira, de Adriana Mara Vaz, analisa a arquitetura rural produzida no século XIX na região da cidade mineradora de Pirenópolis (antiga Meia Ponte). Resultado do trabalho de doutoramento da autora, o livro aprofunda o estudo sobre a arquitetura produzida nomeio rural do estado em todos os seus aspectos, analisando o programa, as técnicas, a ocupação espacial e a relação da moradia com o local de trabalho.
Dois livros de grande interesse para historiadores e arquitetos interessados no século XIX em Goiás. Conferir.

domingo, 24 de outubro de 2010

arquitetura rural de Goiás XII

fazenda do Ivan, na região do rio São Marcos

Provavelmente uma das mais antigas edificações rurais ainda em uso na região, esse edifício apresenta poucas alterações em sua organização interna, alem de uma simetria interessante, na distribuição dos cômodos.

vista posterior do edifício com destaque para o volume da cozinha

Possuindo acesso feito através de uma ampla sala de visitas, possui, abertos para essa mesma sala, dois quartos, sendo que um deles faz ligação com um terceiro, proporcionando uma circulação paralela entre a sala e a varanda. Ao fundo da sala, um pequeno corredor transversal dá acesso a um ultimo quarto, utilizado como depósito e com o restante da residência, criando um impedimento visual do interior, para o visitante que se encontra na sala.

vista exterior do edifício

Provavelmente a única alteração estrutural no edifício, é a adaptação do banheiro, implantado em uma faixa estreita que ocupa toda a largura da varanda, no lado oposto ao que faz a ligação com a cozinha. Convém observar que, seguindo a organização tradicional a esse tipo de edifício, toda a faixa ocupara pela cozinha, varanda e banheiro, encontra-se implantada com um desnível de quarenta centímetros em relação à parte anterior, ocupada pala sala e quartos.

vista interna da cobertura onde fica evidente a estrutura de sustentação

Um segundo desnível aparece junto à porta que vai da cozinha para o exterior do edifício, local plano de acabamento semelhante ao do interior para o qual também se abre uma pequena edificação secundária, com área de serviços e depósito, situada em posição fronteira à cozinha.
Apresenta cobertura em telha capa-e-bica, apoiada em estrutura de madeira do tipo pontalete, com cumeeira em L, estando o lado maior sobre o corpo principal do edifício e o menor sobre a cozinha. Esse modelo de estruturação faz com que a parte externa da cozinha se apresente com um frontão triangular, dando a impressão de ter possuído uma extensão, o que é corroborado pelo tipo de piso encontrado na seqüência até onde se encontra o anexo de serviço e depósito.
Implantada em terreno de desnível acentuado, a soleira da porta da cozinha está 1,80 m acima do nível do quintal, onde se desenvolvem outras atividades.

detalhe do beiral com guarda-pó

Também correspondendo a uma forma tradicional de implantação, a porta principal de acesso, está separada da área do curral, implantado logo à frente do edifício, por uma pequena cerca de madeira que permite a criação de um pequeno jardim, onde geralmente se plantam roseiras.

o galinheiro visto da porta da cozinha do edifício sede

sábado, 23 de outubro de 2010

a coluna Prestes em Goiás

Dois importantes nomes da militância política em Goiás, conhecidos e respeitados pela esquerda goiana no período da ditadura militar, Horiestes Gomes e Francisco Montenegro acabam de lançar o livro A Coluna Miguel Costa/Prestes em Goiás.
Organizando um minucioso estudo sobre a passagem da Coluna Prestes pelo estado de Goiás, os dois pesquisadores buscaram a fundo as informações, documentos e mapas sobre a trajetória dos revoltosos; acertos e desacertos, dificuldades e reconhecimentos encontrados no sertão goiano.
É, esse livro, uma vigorosa contribuição ao estudo da Coluna e de sua importância como movimento político que marcou a primeira metade do século XX no Brasil.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

exposições de arte

Nesse mês de outubro, duas boas exposições estão em andamento em centros culturais de Goiânia:
a primeira delas, com o título Goiânia: VERaCIDADE, acontecendo no Palácio da Cultura, na Praça Universitária, apresenta uma série de fotografias do arquiteto Bráulio Vinícius Ferreira, onde são feitos recortes sobre a arquitetura da cidade e alguns flagrantes nos parques da capital;

a segunda, Retrospectiva de 45 anos, no Museu de Arte de Goiânia – MAG – comemorando os quarenta cinco anos de atividade artística de Iza Costa, com a apresentação de telas, desenhos e matrizes de xilogravura.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

mais poesia

tocam os dedos
suavemente
as portas fechadas da memória
enquanto a madruga
explode estrelas
no clarão oculto dos sentidos.


coisas do acaso - gustavo neiva coelho
ilustração: na passarela - roos de oliveira

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Vila Boa nos jornais XXXIV

O jornal A Imprensa, de 04 de abril de 1914, publicou a seguinte nota:

CINEMA

Terá lugar a 11 do corrente a inauguração do Cinema Luso-Brazileiro que com todo o luxo e asseio foi montado em edifício proprio, pelo nosso amigo Cel. Joaquim Guedes.
Pela rapida visita que fizemos, podemos asseverar aos nossos leitores que esta Capital já possui uma casa de diversões digna de seus habitantes.
Pelo que somos informados haverá duas sessões em cada noite e aos domingos haverá matinées para as creanças a preços modicos.
Uma das innovações feitas pelo proprietario do Cinema Luso-Brazileiro é a musica, que será composta de uma orchestra de proficientes amadores, que pelos ensaios que temos ouvido, muito deleitará os frequentadores do Cinema.
Outro melhoramento, é o restaurant no mesmo edifício, com um completo sortimento de bebidas finas, conservas, charutos e comidas frias.
Com elementos de tal valia, o Cinema Luso-Brazileiro, facilmente conquistará a preferencia do publico.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Joana Peixoto no teatro Cici Pinheiro

Em terceira temporada, volta aos palcos de Goiânia, desta vez no Teatro de Bolso Cici Pinheiro (em frente ao Teatro Inacabado), o trabalho “Eu não nasci”, de Joana Peixoto e Deusimar Gonzaga. Esse trabalho que já foi apresentado no Martim Cererê e no Goiânia Ouro, reúne poesia e música, no sentido de integrar e compor a linguagem de uma mulher goiana fascinada pelos seus cinqüenta anos de idade. O tempo, nesse caso, é o elemento principal que encadeia esta narrativa não cronológica, utilizando textos de Florbela Espanca, Roseana Murray e Adélia Prado, entre outros.
Vale a pena ver esse espetáculo, quem não teve a oportunidade de assistir sua primeira apresentação. Desta vez, de 03 a 07 de novembro às 20 horas (no sábado às 21 horas), com os ingressos a R$ 5,00 e nos demais dias a inteira e R$ 10,00 e a meia a R$ 5,00. A direção é de Deusimar Gonzada.
Para quem ainda não viu, essa é a oportunidade.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

mais fotos antigas de Campininha das Flores

No decorrer da década de 1930, houve um grande investimento em obras no que viria a ser o atual Setor Campinas. Edifícios residenciais e comerciais passaram por reformas, objetivando apresentar em suas fachadas, os elementos que caracterizavam a arquitetura da nova capital. Também obras de infra-estrutura, como o abaulamento de ruas, pavimentação e demarcação de calçadas com meios-fios. As fotos aqui apresentadas, duas de autor não identificado, mostram obras na avenida Amazonas (atual Anhanguera) e as outras duas, de Eduardo Bilemjian, mostrando obras de pavimentação e demarcação de passeios na praça Joaquim Lúcio e em uma esquina não identificada.

obras na Av. Anhanguera, em 1938

trabalho do mesmo fotógrafo para a mesma obra

registro de Bilemjian para as obras da praça Joaquim Lúcio

obras de compactação para pavimentação resgitradas por Bilemjian.