domingo, 14 de novembro de 2010

outra poesia

quando desço
do alto dos meus sonhos
e toco
de leve
o chão
da minha existência
é que percebo
a distância que guardam
os olhos
entre o vivido
y o esperado
entre o previsto
y o apenas pensado.

Vivido e pensado –Gustavo Neiva Coelho
Desenho: – Roos de Oliveira

sábado, 13 de novembro de 2010

arquitetura rural de Goiás XIII

fazenda Taquaral, na região do rio Corumbá

Construção de ampla volumetria, a sede da fazenda Taquaral apresenta já algumas alterações, tanto no que se refere ao programa tradicional próprio a esse tipo de edificação, quanto aos materiais e técnicas construtivas empregadas. O conjunto edificado faz parte de uma tradição, onde estão presentes, o paiol associado ao abrigo para o carro de bois, um pequeno engenho com dimensões que denunciam uma preocupação maior com a produção caseira que a de escala e o infalível curral estabelecido à frente da edificação.
Elemento que pôde ser observado em praticamente todas as sedes de fazenda dessa região, é o fato de a residência se abrir diretamente para dentro do curral, não havendo, como em outras regiões do estado, um pequeno cercado de proteção, onde, geralmente é estabelecido um pequeno jardim.

vista dos fundos da sede, mostrando as janelas da despensa

O descuido com a propriedade é tal, que não existe sequer um caminho definido de acesso ao edifício, ligando-o à estrada que passa a cerca de cem metros da porteira do curral.
Nesse caso, tanto a técnica construtiva quanto os materiais utilizados já apresentam alterações, podendo ser encontrados nas paredes tanto o adobe quanto o tijolo queimado, a telha francesa em substituição à tradicional capa-e-bica, e o piso em cimento queimado, em toda a edificação, provavelmente substituindo o tradicional piso de tabuado corrido. No entanto, tanto a estrutura em madeira e o pontalete fazendo a sustentação do telhado, permanecem inalterados.

Organização interna

O que diferencia a organização interna desse edifício dos demais analisados, tanto na margem direita quanto esquerda do rio Corumbá, está mais condicionado às suas dimensões do que a qualquer outra determinante.
O acesso é feito diretamente à sala de visitas, que apresenta além da porta principal, outra, voltada para a fachada lateral direita, sem sentido prático, já que desse lado, em decorrência do desnível do terreno, fica difícil a comunicação com o restante das áreas de trabalho. E, mesmo assim, a proximidade com a porta principal praticamente inviabiliza o uso desta.

escada com degraus triangulares, atendendo às portas da varanda e cozinha

Situado em posição central em relação à planta e à fachada, encontra-se o quarto de hóspedes, que no geral é sempre localizado em um dos extremos da edificação. Em faixa imediatamente posterior, encontra-se a varanda, para onde se abrem a sala e mais três quartos, sendo um localizado na faixa frontal e os outros dois em posição lateral. Se comparado ao programa das demais edificações, um dos quartos aqui detalhados poderia ser entendido como uma divisão da varanda, já que, na outra extremidade, com dimensões menores, está o quarto de costuras, ou o que deveria ser entendido como tal.

estrutura de cobertura da cozinha, mostrando o pontalete e telhas francesas

Sem apresentar desnível, da varanda passa-se à cozinha, de amplas dimensões e, a seguir se encontra a despensa que, pela largura da edificação, pôde ser dividida em duas, com acessos independentes, abrindo-se diretamente para a cozinha.
Para o quintal, duas são as aberturas de acesso, sendo uma pela cozinha e outra pela varanda. Em decorrência do desnível do terreno, uma escada com cinco degraus de forma, dimensões e alturas diferentes, serve às duas portas que se abrem por essr lado da edificação.

domingo, 7 de novembro de 2010

mais um lançamento

Aconteceu no último dia 03, na Livraria Saraiva do Shopping Flamboyant, o lançamento do livro Paisagem com Cavalos, romance de estreia de Halley Margon Jr., publicado pela Editora 7 letras.
Nascido em Catalão-GO e residindo no Rio de Janeiro desde 1989, Halley está lançando seu primeiro romance, que recebeu em 2009, menção honrosa do Prêmio SESC de Literatura, um dos mais importantes prêmios literários brasileiros.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

patrimônio em reparo II


Teatro Goiânia

Uma das mais tradicionais casas de espetáculos de Goiânia – se não a mais importante –, passa no momento por um amplo processo de restauro. Atenção que há muito não recebia.
Principal exemplo da arquitetura déco na cidade, o edifício do antigo Cine-Teatro Goiânia, projetado por Jorge Félix e José Neddermeyer na década de 1940, passa atualmente por uma série de intervenções visando recuperar elementos e espaços perdidos em obras anteriores além de melhorar e modernizar outras, que, concluídas, melhorarão em muito seu espaço interno e equipamento de apoio com novas instalações de ar condicionado, iluminação e equipamento de som, como também a implantação de um novo projeto de condicionamento acústico.

obra de recuperação do fosso da orquestra

Um dos elementos em fase de recuperação é o fosso da orquestra, eliminado em uma das intervenções anteriores. Infiltrações, desgaste na pintura externa e no revestimento interno, calçamento externo degradado, são outros elementos que ocuparam a atenção dos responsáveis pela restauração.

problemas de infiltração nas paredes externas

situação do calçamento externo

plateia superior em obras

Tombado nas esferas municipal, estadual e federal, o edifício do Teatro Goiânia, propriedade do poder público estadual, tem como responsável pela obra, a Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico – AGEPEL.

estudo de cores para a pintura externa

recuperação da ferragem artística no corre-mão

e na bilheteria

sábado, 30 de outubro de 2010

Vila Boa nos jornais XXXV

O jornal Nova Era, de 26 de maio de 1916, publicou a seguinte matéria:


Faculdade de Direito

Está causando excellente impressão nesta cidade e geral enthusiasmo no meio da mocidade estudiosa de nossa terra, a feliz ideia e animadora iniciativa de Luiz do Couto de fundar uma Faculdade livre de Direito nesta Capital.
De facto, não somos os primeiros e nem seremos os ultimos, a levar ao juiz de Catalão a nossa inteira adhesão a esse emprehendimento notavel, que muito elevará o nome de nossa terra, augmentando o seo já não pequeno prestigio intellectual.
Goyaz é um estado central, absolutamente pobre, sem vias de communicação e a nossa capital é um viveiro de moços estudiosos que devido as condições precarias de nosso recurso particular, não se podem transportar a meios, como Rio e São Paulo, para fazerem seo curso superior.
É de inteira justiça que Goyaz possua a sua Faculdade.
O benemérito ex-Presidente do estado Xavier de Almeida, cujo nome está ligado á história de nossa terra coberto de bençams, fundando a Academia de Direito, prestou inestimavel serviço a mocidade e a causa publica.
Desde então não precisamos importar mais bachareis para a magistratura do estado.
Mas essa Academia fechou-se. Ella deu bons resultados?
Os factos ahí estão patentes e insofismaveis!
Com muitissimas e raras exepções, os bachareis que vinham para este centro, exercer a magistratura, ou eram incompetentes ou moralmente prejudicados.
Nem era possivel que um bacharel, que não fosse goyano, formado em faculdades reconhecidas pela Republica, intelligente e de prestígio, se sujeitasse a vir para esse centro, muitos mezes, para longinquas comarcas do estado, com o fim de occupar o cargo de juiz de direito, com o ordenado mensal de 300$000.
No tempo da Monarchia sim porque era uma a magistratura e para começo de carreira o nosso sertão não era dos peiores lugares. Com a Republica, não.
Salvo alguns que ainda continuam a illuminar a magistratura do nosso estado com a sua illustração e critério, fomos muito infelizes com a importação.
Precisamos Ter a nossa Faculdade de Direito. E vamos tel-a agora. Luiz do Couto tem sido incançavel para a execução de sua ideia e vae sendo feliz, porque não é pequeno o apoio geral de todos os homens de prestígio da nossa sociedade.
O corpo docente já se acha organizado e é composto dos mais notaveis mestres do Direito do nosso estado, quer sem visarem recompensas pecuniárias convidativas, prestam da melhor vontade o seo auxilio aos nossos patrícios que, por certo jamais esqueceram os nomes daquelles que lhe ministram a luz do seo saber juridico, desvendando-lhe um caminho luminoso e as profissões liberais da nossa terra uma nova phase de progresso e de desenvolvimento intellectual.
Estamos informados de que o governo do estado recebeo com a maior sympathia a ideia da fundação da Faculdade, e lhe não negará, por certo, o seo apoio, sendo muito provavel que na proxima sessão legislativa de 1917, o estado chame á sua administração a nova escola de curso superior.
Os paes de familia, a sociedade,, e todo o estado saberão recompensar fidalgamente o serviço que se lhe vão prestar os nossos homens de responsabilidade.
Levemos as nossas felicitações aos moços, fazendo-lhes sentir ao mesmo tempo, que não se desanimem, que olhem o exemplo da antiga Academia de Direito que tão excellentes fructos deo a Goyaz, apesar da guerra surda que soffreo nos primeiros dias de sua fundação.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

patrimônio histórico XXVI

Coreto de Goiânia

Construído logo no início da implantação da nova capital, o Coreto, situado no extremo norte da Praça Cívica, foi palco, à época, de importantes manifestações e concentrações populares, além de ser um dos principais pontos de encontros dos intelectuais não só goianos, como também daqueles em visita pela cidade.
Elaborado com base em um projeto desenvolvido pelo engenheiro-arquiteto Jorge Félix de Souza, responsável por outras importantes edificações na cidade, esse monumento é completamente diferente dos modelos de coretos até então conhecidos pelos goianos.
De forma elíptica, apresenta piso único, elevado a pouca altura do nível do solo, sendo atingido através de degraus situados em seus dois lados maiores, no sentido norte-sul. Construído todo em concreto e tijolo, com decoração em relevo, dispõe apenas de duas colunas para fazer a sustentação da cobertura elaborada em laje plana, o que cria um balanço não só inovador como também de uma leveza singular.

Destaca-se como novidade a instalação de locais para assento, nos dois lados não servidos por degraus de acesso e junto às colunas. Floreiras também foram projetadas, provavelmente com o objetivo de quebrar a aridez do concreto e de promover uma maior integração com seu entorno.
Com o crescimento da cidade e as mudanças nos hábitos políticos e sociais, o Coreto entrou em uma fase de abandono, passando a ser utilizado por desabrigados, o que, associado à falta de manutenção, provocou uma série de desgastes, principalmente em seus elementos decorativos.
Na década de 1970, passou por reformas radicais e foi transformado em escritório de representação turística, com total descaracterização tanto do seu uso quanto de seus elementos estéticos e decorativos. No entanto, a insatisfação popular exigiu sua total restauração, o que foi feito atendendo aos menores detalhes do projeto original.

Atualmente, mesmo não sendo mais utilizado em suas funções originais, esse monumento vem sendo mantido e conservado pelo poder público como um dos cartões de identidade representativos da história inicial de Goiânia, como nova capital do estado de Goiás. A proteção desse monumento é feita

na esfera federal:
pelo Processo 1.500 – T – 02
na esfera estadual:
pela Lei n° 8.915, de 13 de outubro de 1980
pelo Decreto n° 4.943, de 31 de agosto de 1998

na esfera municipal:
pela Lei n° 6.962, de 21 de maio de 1991

terça-feira, 26 de outubro de 2010

mais poesia

contei em séculos
os minutos
da espera...

que ingenuidade

é no mínimo eterno o tempo
no qual se insere
o abandono...

coisas do tempo - gustavo neiva coelho
desenho: a carta - roos de oliveira

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

novo lançamento


A Editora da UFG acaba de fazer o lançamento, no dia 22 de outubro, de dois novos livros enfocando o processo de desenvolvimento de Goiás no século XIX.


O primeiro deles é a reedição de Caminhos de Goiás: da construção da decadência aos limites da modernidade, de Nasr Chaul, onde o autor faz um estudo da situação econômica do estado e do conceito de decadência a parir da documentação produzida pelos viajantes que, naquele século, documentaram Goiás em seus mais amplos aspectos. Já em terceira edição, esse livro é uma referência fundamental para quem quer entender a história goiana pós mineração.


O segundo livro, Fazendas de Goiás: a casa como universo de fronteira, de Adriana Mara Vaz, analisa a arquitetura rural produzida no século XIX na região da cidade mineradora de Pirenópolis (antiga Meia Ponte). Resultado do trabalho de doutoramento da autora, o livro aprofunda o estudo sobre a arquitetura produzida nomeio rural do estado em todos os seus aspectos, analisando o programa, as técnicas, a ocupação espacial e a relação da moradia com o local de trabalho.
Dois livros de grande interesse para historiadores e arquitetos interessados no século XIX em Goiás. Conferir.

domingo, 24 de outubro de 2010

arquitetura rural de Goiás XII

fazenda do Ivan, na região do rio São Marcos

Provavelmente uma das mais antigas edificações rurais ainda em uso na região, esse edifício apresenta poucas alterações em sua organização interna, alem de uma simetria interessante, na distribuição dos cômodos.

vista posterior do edifício com destaque para o volume da cozinha

Possuindo acesso feito através de uma ampla sala de visitas, possui, abertos para essa mesma sala, dois quartos, sendo que um deles faz ligação com um terceiro, proporcionando uma circulação paralela entre a sala e a varanda. Ao fundo da sala, um pequeno corredor transversal dá acesso a um ultimo quarto, utilizado como depósito e com o restante da residência, criando um impedimento visual do interior, para o visitante que se encontra na sala.

vista exterior do edifício

Provavelmente a única alteração estrutural no edifício, é a adaptação do banheiro, implantado em uma faixa estreita que ocupa toda a largura da varanda, no lado oposto ao que faz a ligação com a cozinha. Convém observar que, seguindo a organização tradicional a esse tipo de edifício, toda a faixa ocupara pela cozinha, varanda e banheiro, encontra-se implantada com um desnível de quarenta centímetros em relação à parte anterior, ocupada pala sala e quartos.

vista interna da cobertura onde fica evidente a estrutura de sustentação

Um segundo desnível aparece junto à porta que vai da cozinha para o exterior do edifício, local plano de acabamento semelhante ao do interior para o qual também se abre uma pequena edificação secundária, com área de serviços e depósito, situada em posição fronteira à cozinha.
Apresenta cobertura em telha capa-e-bica, apoiada em estrutura de madeira do tipo pontalete, com cumeeira em L, estando o lado maior sobre o corpo principal do edifício e o menor sobre a cozinha. Esse modelo de estruturação faz com que a parte externa da cozinha se apresente com um frontão triangular, dando a impressão de ter possuído uma extensão, o que é corroborado pelo tipo de piso encontrado na seqüência até onde se encontra o anexo de serviço e depósito.
Implantada em terreno de desnível acentuado, a soleira da porta da cozinha está 1,80 m acima do nível do quintal, onde se desenvolvem outras atividades.

detalhe do beiral com guarda-pó

Também correspondendo a uma forma tradicional de implantação, a porta principal de acesso, está separada da área do curral, implantado logo à frente do edifício, por uma pequena cerca de madeira que permite a criação de um pequeno jardim, onde geralmente se plantam roseiras.

o galinheiro visto da porta da cozinha do edifício sede

sábado, 23 de outubro de 2010

a coluna Prestes em Goiás

Dois importantes nomes da militância política em Goiás, conhecidos e respeitados pela esquerda goiana no período da ditadura militar, Horiestes Gomes e Francisco Montenegro acabam de lançar o livro A Coluna Miguel Costa/Prestes em Goiás.
Organizando um minucioso estudo sobre a passagem da Coluna Prestes pelo estado de Goiás, os dois pesquisadores buscaram a fundo as informações, documentos e mapas sobre a trajetória dos revoltosos; acertos e desacertos, dificuldades e reconhecimentos encontrados no sertão goiano.
É, esse livro, uma vigorosa contribuição ao estudo da Coluna e de sua importância como movimento político que marcou a primeira metade do século XX no Brasil.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

exposições de arte

Nesse mês de outubro, duas boas exposições estão em andamento em centros culturais de Goiânia:
a primeira delas, com o título Goiânia: VERaCIDADE, acontecendo no Palácio da Cultura, na Praça Universitária, apresenta uma série de fotografias do arquiteto Bráulio Vinícius Ferreira, onde são feitos recortes sobre a arquitetura da cidade e alguns flagrantes nos parques da capital;

a segunda, Retrospectiva de 45 anos, no Museu de Arte de Goiânia – MAG – comemorando os quarenta cinco anos de atividade artística de Iza Costa, com a apresentação de telas, desenhos e matrizes de xilogravura.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

mais poesia

tocam os dedos
suavemente
as portas fechadas da memória
enquanto a madruga
explode estrelas
no clarão oculto dos sentidos.


coisas do acaso - gustavo neiva coelho
ilustração: na passarela - roos de oliveira

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Vila Boa nos jornais XXXIV

O jornal A Imprensa, de 04 de abril de 1914, publicou a seguinte nota:

CINEMA

Terá lugar a 11 do corrente a inauguração do Cinema Luso-Brazileiro que com todo o luxo e asseio foi montado em edifício proprio, pelo nosso amigo Cel. Joaquim Guedes.
Pela rapida visita que fizemos, podemos asseverar aos nossos leitores que esta Capital já possui uma casa de diversões digna de seus habitantes.
Pelo que somos informados haverá duas sessões em cada noite e aos domingos haverá matinées para as creanças a preços modicos.
Uma das innovações feitas pelo proprietario do Cinema Luso-Brazileiro é a musica, que será composta de uma orchestra de proficientes amadores, que pelos ensaios que temos ouvido, muito deleitará os frequentadores do Cinema.
Outro melhoramento, é o restaurant no mesmo edifício, com um completo sortimento de bebidas finas, conservas, charutos e comidas frias.
Com elementos de tal valia, o Cinema Luso-Brazileiro, facilmente conquistará a preferencia do publico.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Joana Peixoto no teatro Cici Pinheiro

Em terceira temporada, volta aos palcos de Goiânia, desta vez no Teatro de Bolso Cici Pinheiro (em frente ao Teatro Inacabado), o trabalho “Eu não nasci”, de Joana Peixoto e Deusimar Gonzaga. Esse trabalho que já foi apresentado no Martim Cererê e no Goiânia Ouro, reúne poesia e música, no sentido de integrar e compor a linguagem de uma mulher goiana fascinada pelos seus cinqüenta anos de idade. O tempo, nesse caso, é o elemento principal que encadeia esta narrativa não cronológica, utilizando textos de Florbela Espanca, Roseana Murray e Adélia Prado, entre outros.
Vale a pena ver esse espetáculo, quem não teve a oportunidade de assistir sua primeira apresentação. Desta vez, de 03 a 07 de novembro às 20 horas (no sábado às 21 horas), com os ingressos a R$ 5,00 e nos demais dias a inteira e R$ 10,00 e a meia a R$ 5,00. A direção é de Deusimar Gonzada.
Para quem ainda não viu, essa é a oportunidade.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

mais fotos antigas de Campininha das Flores

No decorrer da década de 1930, houve um grande investimento em obras no que viria a ser o atual Setor Campinas. Edifícios residenciais e comerciais passaram por reformas, objetivando apresentar em suas fachadas, os elementos que caracterizavam a arquitetura da nova capital. Também obras de infra-estrutura, como o abaulamento de ruas, pavimentação e demarcação de calçadas com meios-fios. As fotos aqui apresentadas, duas de autor não identificado, mostram obras na avenida Amazonas (atual Anhanguera) e as outras duas, de Eduardo Bilemjian, mostrando obras de pavimentação e demarcação de passeios na praça Joaquim Lúcio e em uma esquina não identificada.

obras na Av. Anhanguera, em 1938

trabalho do mesmo fotógrafo para a mesma obra

registro de Bilemjian para as obras da praça Joaquim Lúcio

obras de compactação para pavimentação resgitradas por Bilemjian.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

patrimônio abandonado V

Rruínas no centro de Curitiba

A questão do abandono e da destruição de edifícios de interesse histórico ou arquitetônico não está restrita a uma determinada região ou localidade. No caso do Brasil, é possível observar esse fato em praticamente todos os principais centros urbanos de todas as regiões do país.
Apesar de se projetar como uma das cidades onde a preservação é feita com maior intensidade, Curitiba apresenta também seu calcanhar de Aquiles. Tanto em seu centro histórico quanto no entorno imediato é possível observar o estado de abandono de edifícios com características arquitetônicas merecedoras de proteção.

edifícios com características déco, já em processo de demolição


ou mesmo representantes dos casarões de fins do século XIX

e residências que demonstram apuro e acabamento...

em seus projetos.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

arquitetura rural de Goiás XI

fazenda Bacurilândia, na região do rio Verdinho

Dentro de um conceito totalmente moderno de ocupação, propriedade e uso da terra rural, a fazenda Bacurilândia se estabelece na região apresentando modificações não só na forma de implantação e organização interna da casa sede, ms também na maneira como anexa ao conceito de morar e trabalhar, uma série de outras edificações que complementam e contribuem para o rendimento dos trabalhos aí verificados.
Seguindo a orientação de um projeto elaborado por profissional habilitado, todos as edificações obedecem a um esquema construtivo, com estrutura elaborada em concreto e paredes em alvenaria de tijolo com cobertura em telha plan, de maior facilidade de aquisição no mercado de materiais de construção. Também o material utilizado no piso de todas as construções é industrializado (piso cerâmico), de maior facilidade de limpeza e manutenção.
Dispostos em torno de um grande pátio, tanto os edifícios de moradia, quanto os de depósito e serviço seguem uma organização e hierarquia planejadas dentro de conceitos modernos de organização do espaço, estando os edifícios de moradia situados à esquerda do pátio (em relação ao observador vindo da estrada de acesso) e os de serviço, juntamente com curral, embarque e local para vacinação, implantados do lado direito.



casa sede

A principal edificação dessa fazenda, e primeira a ser vista pelo visitante, se apresenta organizada a partir de um retângulo com compartimentação obedecendo a um equilíbrio perfeito, tanto no sentido longitudinal quanto no transversal. O centro do edifício é marcado pela existência de duas amplas salas, interligadas e que se abrem, no sentido longitudinal, para dois alpendres de grandes dimensões, situados, cada um deles, em um dos extremos da construção.
Laterais a essas salas e com acessos feitos pela segunda delas, se encontram os compartimentos íntimos, sendo três quartos e um banheiro de cada lado, com as mesmas dimensões e forma de organização.
Facilitando e simplificando as questões de ordem construtiva, a cobertura, em telha plan, é feita em duas águas, eliminando qualquer complicação estrutural exigida para telhados com diversidade de planos. Também a padronização das aberturas se apresentam como elemento redutor de custos, o que facilita a aquisição de peças industrializadas em quantidade. Também a escolha de um mesmo elemento de piso para toda a construção, contribui para seu barateamento.
cozinha e serviço

Na seqüência, e situado a poucos metros do alpendre posterior da casa sede, encontra-se o segundo edifício dessa fazenda, destinado a atender às necessidades daquele outro, apresentando espaço para cozinha, área de serviços e dois banheiros, em uma das extremidades.
Também aqui é possível perceber a preocupação com o planejamento, com a colocação equilibrada dos volumes ocupados pelos banheiros e a distribuição dos equipamentos nas áreas destinadas à cozinha e ao serviço. E é para essa edificação que corre a principal estrutura de canalização de água, sendo daí distribuída para as demais edificações.
Apresentando amplas aberturas e poucos espaços fechados, possui três amplos acessos, sendo um deles voltados para a sede, outro para a direção onde se encontram as casas dos funcionários e, uma terceira, voltada para o grande pátio, passando por entre os dois blocos dos banheiros. Apesar de não apresentar grandes dimensões, é um edifício amplo com espaço agradável e suficiente para o que se propõe.
Também aqui o material utilizado segue uma padronização em relação aos demais, sendo a cobertura também em duas águas, com uso de telha plan.

casa de funcionários

O conjunto formado pelas edificações da fazenda Bacurilândia apresenta três construções dedicadas ao abrigo de funcionários, sendo duas delas com três quartos e uma com dois quartos.
Apresentam a mesma preocupação com a organização e com o planejamento, encontrados na edificação principal, sendo projetadas e construídas com materiais atuais, estando organizada internamente no sentido de melhor distribuição, organizando e setorizando os espaços, inclusive com a utilização de parede hidráulica, que favorece grande economia de material e racionalização no oferecimento de água e estruturação do escoamento tanto das águas servidas quanto do esgoto sanitário.
Essas edificações se apresentam organizadas em três blocos longitudinais, sendo dois internos e um externo. O externo é composto de um pequeno alpendre e, separado por uma parede de pé-direito total, um avarandado onde se encontra a área de serviços, além de espaço para trabalhos de apoio à cozinha. O bloco central é composto pela sala, banheiro e uma copa-cozinha. Aqui o acesso ao banheiro se faz através de um pequeno corredor de circulação que liga a sala à copa-cozinha. O terceiro bloco abriga os quartos que se abrem, um para a sala e um (ou dois, no caso da edificação maior) para a copa-cozinha.
Também no caso dessas edificações a padronização no material e nos elementos construtivos é uma garantia de barateamento sem perda de qualidade.


casa de arreios

Do lado direito de quem chega à fazenda Bacurilândia, estão situados os edifícios de depósitos e locais de trabalho. É aí que estão o curral, o tronco o corredor de vacinação, paio, depósitos e a casa de arreios, edifício que merece destaque entre os que se encontram em seu entorno.
Edifício extremamente simples em sua organização, apresenta um bloco dividido em três cômodos e um banheiro, com um amplo avarandado, rebatidos a partir de uma parede que, passando a ser central, serve de apoio à estrutura do telhado que, da mesma forma que nas demais edificações do conjunto, é em duas águas. Passa assim a ser organizado em um bloco central, ladeado por dois grandes avarandados.
Da mesma forma que os demais, os materiais utilizados são simples, industrializados, de fácil limpeza e manutenção, além de apresentarem uma padronização que, como já foi dito anteriormente, promove o seu barateamento sem prejuízo da qualidade construtiva.
A distribuição dos cômodos, com o banheiro situado na extremidade, mas em um posição mais centralizada, apesar de não utilizar uma parede hidráulica tem tanto o abastecimento de água quanto o escoamento de dejetos e água servida facilitados pela proximidades entre os dois, que se encontram alinhados, facilitando, economizando e promovendo a racionalização no uso de materiais.

domingo, 12 de setembro de 2010

patrimônio histórico XXV


Casa de Câmara e Cadeia de Pirenópolis

Datada de 1919, tendo sido iniciada em 1916, a Casa de Câmara e Cadeia de Pirenópolis contou, para sua construção, com donativos da população, já que havia pouca disponibilidade de recursos na municipalidade.
Ao se estudarem os edifícios oficiais em Goiás, é possível perceber a existência de três modelos básicos de Casa de Câmara, construídos ao longo dos séculos XVIII e XIX. O primeiro, o de maiores dimensões, seria aquele encontrado na cidade de Goiás, o único a ser construído em obediência a um projeto preestabelecido. O segundo seria o da cidade de Pilar de Goiás, considerado o menor exemplar em todo o território colonial. O terceiro, de dimensões intermediárias em relação aos outros, é o modelo mais freqüentemente encontrado em todo o estado.
Dentro desse terceiro grupo é que vamos encontrar a Casa de Câmara e Cadeia de Pirenópolis, construída, como já foi visto, em princípios do século XX, mas utilizando como base o edifício setecentista, demolido alguns anos antes.

detalhe decorativo no canto do beiral

Seguindo o modelo geral, esta edificação dispõe de dois pavimentos: o inferior destinado à prisão; e o superior, às atividades da Câmara. Como elemento original, destaca- se o acesso às celas feito por portas e não através de alçapão, como nas demais construídas até então.
Como construção de extrema sobriedade, esse edifício associa a simplicidade das demais casas de Câmara a uma elegância própria, o que é acentuado pela amplidão do espaço que se desenvolve à sua volta. Há, no segundo pavimento, janelas rasgadas por inteiro, detalhe incomum no estado de Goiás, em casas de Câmara do mesmo porte e pertencentes ao mesmo modelo estético que ela.
Há em sua elaboração uma estrutura autônoma de madeira, com vedação feita em adobe. A cobertura, em quatro águas de telha canal, confere a esse edifício uma aparência de arquitetura portuguesa, que é exatamente a que caracteriza a arquitetura oficial goiana do período colonial. Os beirais encachorrados de acabamento simples apresentam elementos decorativos nos cantos das paredes.
Apesar de ser tombado, o edifício tem sofrido, ao longo do tempo, algumas modificações provocadas por obras tanto não autorizadas quanto executadas sem orientação de técnicos especializados. A proteção desse monumento é feita

na esfera estadual:
Pela Lei 8.915, de 13 de outubro de 1980

terça-feira, 7 de setembro de 2010

arquitetura em Curitiba

Tendo em vista o tempo decorrido desde sua fundação até os dias atuais, a cidade de Curitiba apresenta um considerável acervo arquitetônico, digno de ser apresentado, principalmente pela forma como vem sendo preservado, ao longo dos anos.

ruína do que teria sido a igreja dos padres franciscanos

Desde as ruínas do convento franciscano, passando por exemplares das arquiteturas eclética, nouveau, déco e modernista (incluindo aí o Museu Oscar Niemeyer), como também pelas influências da colonização dos países do norte da Europa, a cidade se apresenta hoje como uma aula de arquitetura a céu aberto.

edifício neo-clássico da Universidade Federal do Paraná no centro histórico da cidade

palacete neo-clássico na área central da cidade

edifício nouveau de carater público, e

de uso residencial, ainda preservados como tal

Resguardando de forma setorizada seus principais monumentos na medida em que a cidade foi se expandindo, é possível observar hoje uma certa concentração de modelos arquitetônicos em bairros específicos da cidade, ficando o centro da cidade com a representatividade do ecletismo e suas variantes.
Para quem gosta de turismo arquitetônico, não tem erro.
edifício de apartamentos com características déco

o modernismo em edifício de uso público, e

residencial, com características próprias da produção dos anos 1950

e a arquitetura de madeira, tradicional da região.