segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Octo por Elder

Está programado para a próxima sexta-feira, dia 4 de dezembro às 19 horas, na sede do IPHAN em Goiânia, o lançamento do livro OCTO MARQUES: TRAJETÓRIA DE UM ARTISTA, de autoria do também artista Elder Rocha Lima.
O livro, esperado já há algum tempo, é o resultado de uma pesquisa feita por Rocha Lima sobre a vida e a obra de Octo Marques, pintor vilaboense falecido em 1988 e que deixou um considerável acervo em pintura de óleo sobre tela, óleo sobre madeira, aquarelas e bicos-de-pena, além de livros de poesia e crônicas.
A sede do IPHAN fica na rua 84 nº 61, Setor Sul.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

O art déco português

Desenvolvida na primeira metade do século XX, a arquitetura Art Déco, se caracterizou por apresentar um profundo senso de modernidade, ao mesmo tempo em que foi utilizada por uma série de governos autoritários, tanto na Europa quanto na América. No pouco tempo em que se apresentou, teve suas características divididas em três tendências principais, sendo uma delas mais historicista, de linhas retas, buscando referencias nas arquiteturas egípcia, mesopotâmica e pré-colombiana; a segunda mais ligada às influências clássicas e a terceira apresentando linhas arrojadas, próprias da velocidade que o aeroplano e as máquinas em geral imprimiam ao conceito de modernidade que o futuro imediato preconizava.
Portugal não ficou imune a essa influência, tendo sua arquitetura déco conhecida como Arquitetura do Estado Novo, que José Manuel Fernandes considera indicativa apenas de um tempo histórico, sem a devida carga ideológica. O termo é o mesmo utilizado no Brasil, tendo em vista a forma como era designado o governo de Getúlio Vargas.
Bons exemplos dessa arquitetura podem ser encontrados em:

Lisboa: monumento aos descobrimentos;
Porto: Coliseu;
Braga: centro de atendimento ao turista;

Guimarães: Teatro Jordão;


Coimbra: composição de edifícios da Universidade

Entroncamento: posto de controle de tráfego ferroviário.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

mais fotos antigas de Vila Boa

Ainda da antiga capital, Vila Boa, encontramos mais algumas fotos da década de 1930, pertencentes ao mesmo arquivo onde fomos buscar as fotos de Alois Feichtenberger. Apesar de não apresentar referência de autoria, as informações obtidas é de que seria também do próprio Alois, as fotos aqui apresentadas.

A primeira delas mostra o casario – ainda existente – na alameda que liga o centro da cidade à ermida de Santa Bárbara, passando pelo cemitério São Miguel;


A segunda, apresenta a parte posterior do chafariz da Boa Morte, em total estado de abandono;


A terceira dessas fotografias, mostra o beco que liga o largo do Moreira ao largo da Cadeia, passando pela casa do artista Oto Marques;


Já a quarta imagem documenta um grupo de lavadeiras trabalhando junto à ponte do Carmo, aparecendo o Hospital São Pedro e a Casa do Bispo, atual sede do IPHAN na cidade. Essa foto aparecem em livro, como sendo de autoria do bispo Candido Penso.

mais poesia

encher de pontos escuros
o linho branco do papel
de objetivos o inusitado
de algo o impossível
de voltas o impraticável.
fazer. viver.
y não voltar atrás.

decisão – Gustavo Neiva Coelho
ilustração: desfile - Roos

domingo, 22 de novembro de 2009

museu de arte moderna do Rio de Janeiro

Projetado por Eduardo Afonso Reidy e inaugurado em 1958, o edifício do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro apresenta não só as características, mas também os conceitos determinantes da arquitetura modernista de meados do século XX, com permeabilidade, integração entre arquitetura e estrutura, integração com a paisagem e uso de materiais contemporâneos.
Implantado no Aterro do Flamengo, é uma obra monumental, todo em concreto, medindo 130 metros de comprimento por 25 de largura.
É uma referencia no Rio de Janeiro, tanto por sua arquitetura quanto pelo acervo, composto de 1.700 obras, entre esculturas, pinturas e gravuras, de artistas nacionais e internacionais, de nomes representativos das artes do século XX.
A forma de sua estrutura em “V”, promove uma dupla sustentação do edifício, com a ponta menor apoiando a primeira laje e a maior sustentando a intermediária e a de cobertura.
É uma visita obrigatória para arquitetos e estudantes de arquitetura de passagem pelo Rio de Janeiro.


estrutura de apoio do edifício do MAM-RIO.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Amaury Menezes o artista

O artista plástico Amaury Menezes, que mereceu uma retrospectiva de seu trabalho no salão de exposições da AREA 3, da PUC-GO no mês de outubro de 2009, é hoje considerado uma das principais referências quando se fala em artes plásticas em Goiás. Atuando de maneira informal desde a década de 1940, foi no entanto, na segunda metade da década de 1950 que Amaury passou a dar um caráter mais profissional ao seu trabalho.
Professor da antiga Escola de Belas Artes ao lado de D. J. Oliveira, frei Confaloni e Ana Maria Pacheco, foi posteriormente professor e primeiro diretor do curso de Arquitetura da UCG, sendo também responsável pela formação de inúmeros artistas que atuam hoje em Goiás.
Foi durante muito tempo considerado o principal aquarelista do estado, técnica da qual se afastou para poder se dedicar quase exclusivamente à pintura em acrílico sobre tela que, mesmo décadas depois, ainda apresenta pinceladas e elementos próprios da pintura em aquarela. Convém no entanto lembrar que não foram apenas essas duas as técnicas utilizadas por ele em seu trabalho: também o óleo sobre tela, crayon, pastel sobre papel, e bico-de-pena foram amplamente utilizados ao longo desses cinqüenta anos de carreira.
estudo para D. Quixote - crayon sobre papel - 1961

Da série Ferrovias - aquarela - 1984

vendedor de flores - acrílico sobre tela - 2008

beiral com chuva de ouro - acrílico sobre tela - 2009

Vila Boa nos jornais XXII

O jornal A Matutina Meyapontense publicou no dia 13 de novembro de 1830, a seguinte

CORRESPONDÊNCIA


No dia 2 de novembro do corrente, dia em que se cellebrão os Divinos Officios pelas almas dos nossos fieis defuntos, me achei na Cathedral desta Cidade de Goiás para enviar as minhas Orações ao Todo Poderoso, e elle as distribuir pelas Almas, quando de improviso me vi a tacada do mais execrando fedor que (...) por toda a Igreja, de maneira que não só eu como as de mais Senhoras assaz fatigadas e possuidas de uma íntima dor de cabeça maldisiamos deste modo. Será possível que os homens estejão tão faltos de temor de Deos, que se animem a encher a sua Santa Caza de cadaveres os mais idiondos? Será crivel que estejão alucinados, ou faltos de olfacto para não sentirem o quão danoso hé semelhante abuso para o bem publico?
Eu creio que tanta não hé á estupidez dos homens, pois elles sabem que Abrão, e outros Patriarcas comprarão campos para esse tão pio exercicio.
E porque hade ser assim nesta Cidade onde se achão mui beneméritos e Philantropicos Cidadãos? Em huma palavra Sr. Redactor, a Caza do Divino Sol da Justiça hé, e deve ser a mais elegante possível onde se vejão fumegar ôs mais odoriferos perfumes, porque só nella há que se acha alivio e satisfação quando vamos orar.
A Cathedral e as mais Capellas estão em taes circunstâncias que talvêz poucas pessôas nellas vão: porquanto a terra está bastante insopada, e pela sua grande canceira já não admitte que se possa sepultar mais nimguem, por isso que o seu maó alito talvez tenha contaminado á todos os povos.
Eu como mulher ignorante, e falta dos mais illustrados conhecimentos não me posso exprimir milhor. A bem do meu Sexo: más a bondade do leitor disfarçará, conhecendo as minhas justais intenções.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Selma Parreira e o rio Vermelho

O trabalho de Selma Parreira, intitulado Lençóis esquecidos no Rio Vermelho, acaba de se transformar em blog.
Com fotografias de Vicente Sampaio e Paulo Rezende, e textos de Bené Fonteles e Nei Clara, essa intervenção urbana que já foi aqui comentada, aconteceu no dia 28 de setembro de 2009, na antiga capital de Goiás e, segundo Selma, “trata-se de uma instalação efêmera que acontece por um período de doze horas em um trecho de aproximadamente 500 metros do leito do Rio Vermelho”.
O trabalho completo pode ser apreciado no blog :
http://lencoisesquecidosnoriovermelho.blogspot.com/
organizado pela artista.
foto de Alois Feichtenberger utilizada por Selma Parreira, como referência para seu trabalho

terça-feira, 17 de novembro de 2009

matriz de Campinas: fotos antigas


O atual bairro de Campinas, em Goiânia, foi, em princípios do século XIX, o antigo povoado de Campinha das Flores, passando depois a se chamar Campinas e, com a construção da nova capital em terras do seu município, acabou sendo por ela incorporada, chegando a ser o bairro que hoje se conhece.
Campinas sempre apresentou dois espaços que dividiam entre si as referencias de importância do local: em um deles – a atual praça Joaquim Lúcio – encontrava-se o Fórum e a Casa da Câmara e, no outro – a praça da Matriz – o principal edifício religioso.
Apresentando as características encontradas na maioria dos edifícios religiosos da época, a Matriz de Campinas possuía duas torres atarracadas, com três grupos de janelas em cada face visível, e um óculo no centro do frontão, que foi posteriormente vedado com a colocação de um relógio.
Esse edifício existiu até os anos iniciais da década de 1960, quando foi demolido para a construção de uma nova igreja, maior, de características arquitetônicas menos representativas, mas que, pelas suas dimensões internas, acomodaria melhor a crescente população do bairro.

Assim, temos na primeira imagem, a primitiva matriz de Campinas em dia de festa;

A seguir, a fachada da antiga igreja, apresentando em sua frente, a marcação e valetas para os alicerces do novo edifício;

A terceira fotografia mostra a nova igreja já construída, vedando o acesso ao antigo edifício por sua porta principal;


E, com o edifício ainda em construção, vemos o arcebispo D. Fernando Gomes oficializando em seu interior.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

patrimônio histórico XI

Igreja de São Francisco de Paula

Construída por iniciativa de Antonio Tomás da Costa, a igreja de São Francisco de Paula foi o terceiro edifício religioso a ser edificado na cidade de Goiás, sendo concluída em 1761.
Erigida sobre uma pequena elevação, apresenta a sua frente um amplo átrio calçado de pedras, com um cruzeiro colocado em posição de destaque. Sua fachada é desenvolvida com a mesma concepção de simplicidade que as demais edificações religiosas da cidade. O tradicional corpo central é constituído internamente pela nave e pela capela-mór, e externamente pela porta central com as duas janelas do coro , rasgadas e de parapeito entalado, em que atuam como elemento de vedação, peças de madeira recortadas imitando balaústre. Apresenta ainda dois corpos laterais, sendo um ocupado pela sacristia e o outro pelo consistório.

a igreja de São Francisco vista da base de sua escadaria

O equilíbrio na composição da fachada fica evidente quando se observa a colocação simétrica de falsas colunas coroadas por pináculos, nos limites do conjunto e na delimitação do corpo central, que por sua vez está limitado na parte superior por uma cimalha que esconde frontalmente o telhado.
a igreja em fotografia da década de 1930

Compondo a fachada pode ser visto ainda um óculo centralizado no frontão triangular reto, o que é mais uma das características marcantes desse tipo de edificação.
Os sinos se encontram instalados em uma estrutura de madeira que mais lembra um quiosque, mais simples que as tradicionais torres e, no entanto, mais sofisticada que as estruturas utilizadas pelas demais construções religiosas da região.

torre sineira, em madeira, isolada do corpo da igreja

O forro, tanto da nave quanto da capela-mór, recebeu pintura de André Antônio da Conceição, em 1869, com motivos que evocam passagens da vida do santo, além de temas litúrgicos e florais. Pinturas decorativas podem ser também encontradas nas sobrevergas das portas internas e no púlpito. A proteção desse monumento é feita

na esfera federal:
através do processo 345-T-42, com
inscrição 359 no Livro das Belas Artes, às folhas 72,
com data de 13 de abril de 1950;

na esfera estadual:
pela Lei nº 8.915, de 13 de outubro de 1980.

domingo, 15 de novembro de 2009

mais poesia


na minha infância
saudade não tinha nome

apenas vaga lembrança

nada que não se esquecesse
quando surgia a luz brilhante
de uma nova brincadeira

vocabulário – Gustavo Neiva Coelho
ilustração - sapatos, de Roos

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

igreja de N. S. da Glória do Outeiro

A igreja de N. S. da Glória, do Outeiro, na cidade do Rio de Janeiro, inaugurada em 1739, tem seu projeto atribuído ao engenheiro-militar José Cardoso Ramalho, que Paulo Santos, se não coloca dúvidas, pelo menos sugere reservas quanto à aceitação de tal informação. Essa igreja apresenta elementos próprios da arquitetura barroca de expressão portuguesa. Sua nave, de traçado octogonal, tem essa forma percebida tanto pelo interior quanto pelo exterior, sendo a única na região sul do país a apresentar tal característica, abandonando por completo as formas retangulares, inclusive na capela-mór e na sacristia, formando sua planta um oito, desenvolvido em linhas retas, pela união de dois octógonos irregulares, um na nave e outro englobando os restantes compartimentos da edificação.
É um dos primeiros edifícios religiosos no Brasil a apresentar a planta com essa conformação, o que a aproxima da maneira como se desenvolvia a arquitetura religiosa em Portugal, no decorrer do século XVIII, a exemplo das igrejas dos Clérigos, no Porto e S. Sebastião, em Braga, entre outras.
Nessa igreja foram batizados vários membros da família real, inclusive D. Pedro II e a Princesa Isabel. É tombada como patrimônio nacional desde 1938.

a igreja vista do pátio inferior

interior da igreja mostrando o teto abobadado e as tribunas sobre os altares laterais

detalhe de um dos inúmeros painéis de azulejo

púlpito de madeira cuja simplicidade contrasta com a decoração barroca.


terça-feira, 10 de novembro de 2009

iconografia vilaboense XVIII


Companhia de Aprendizes Militares de Goyaz

Criada através do Decreto n. 6205, de 03 de junho de 1876, a Companhia de Aprendizes Militares de Goyaz, por falta de local próprio para acomodações, teve autorização do governo imperial, através do Ministério da Guerra, para alugar edifícios particulares para, em carater provisório iniciar suas atividades na capital da Província. Para tanto foi, no ano seguinte, celebrado um contrato de aluguel com João Fleury Alves de Amorim, de um edifício situado na parte alto do Largo do Chafariz, objetivando o início imediato das atividades da Companhia.

Como primeiro dirigente foi designado o Comandante do Exército Antonio Fleury Curado, tendo o alferes reformado Joaquim Duarte Teixeira como Agente Quartel-Mestre.
Em 1879 o edifício contratado já era considerado acanhado e incapaz de abrigar sequer metade da população que deveria atender. Em relatório datado desse ano, Luiz Augusto Crespo já dizia que

Acha-se mal accommodada em um prédio particular, de dimensões acanhadas e o seo pessoal não está ainda completo, o que seria fácil conseguir pelo grande número de crianças quase desvalidas que se encontrão nas ruas desta capital. Não tentei aqui o meio empregado pela policia da Côrte e de outras provincias para obter menores em condições de servirem, por ter verificado a incapacidade do edificio que, como disse, mal comporta onumero de aprendizes que actualmente existe.

Em 1880 já era feita a primeira proposta de modificação do prédio, objetivando melhores acomodações. Propunha-se, por essa época, o aluguel de outra residência, contígua à já utilizada pela Companhia, promovendo a ligação entre elas através da abertura de portas, além do alargamento de alguns cômodos, provavelmente com a demolição de algumas paredes internas.
Aparece então a primeira intenção em se transferir a Companhia para um próprio do governo, com a sugestão de que se adquirisse ou mesmo se construísse edifício com acomodações suficientes para tal fim.
Em 1882, tendo vencido o contrato de aluguel com João Fleury Alves de Amorim, Theodoro Rodrigues de Moraes propõe a transferência dos Aprendizes para outro edifício, levando em consideração a necessidade de também o Esquadrão de Cavalaria ter que procurar novas acomodações. Abrindo concorrência para novos contratos de aluguel, diz o Presidente da Província que

A commissão que nomeei para abrir e apreciar as propostas que fossem apresentadas, deu-se seu parecer acompanhado das propostas em numero de seis que foram apresentadas.
Reconhecendo, porem, a commissão a necessidade de despender-se não pequena somma com o asseio e indispensáveis accommodações dos predios preferidos, e não estando esta presidência autorisada a mandar fazer semelhante despeza, levei o occorrido ao Ministério da Guerra para resolver o que entendesse mais conveniente. Por aviso de 12 de Abril declarou-me o mesmo ministro que não achando-se, segundo o parecer da commissão, nenhum dos predios offerecidos em concurrencias nas condições de prestar-se perfeitamente ao uso a que é destinado, e não existindo nesta capital outros melhores para esse fim, mandasse esta presidencia organizar, depois de escolhido lugar proprio, um plano de construcção dos dous quarteis de que se trata.

Em seguida informa Theodoro Rodrigues de Moraes que, de acordo com relatório fornecido pelo responsável pelas obras militares, já estaria pronto o projeto para o quartel da Companhia de Aprendizes Militares, sugerindo ainda que, o Esquadrão de Cavalaria, poderia ser aquartelado no edifício utilizado naquele momento pela Enfermaria Militar, sendo que para esta deveria ser edificado o projeto elaborado anteriormente por Ernesto Vallée, junto ao Quartel do XX, sobre os alicerces já iniciados e abandonados em tempos de governos anteriores.
Cópia do projeto de Moraes Jardim para o quartel da Companhia de Aprendizes Militares existente nos arquivos do Centro de Documentação do Exército, em Brasília, mostra, em planta, uma semelhança muito grande com o existente hoje no Quartel do XX. Apresentando desenho mais regular que o do antigo Quartel dos Dragões, o dos aprendizes demonstra as qualidades próprias de um edifício planejado, com compartimentos de dimensões definidas pelas necessidades da corporação e uma ortogonalidade mais claramente demonstrada. Um pátio central para manobras e atividades físicas se apresenta cercado, em seus quatro lados, por um avarandado, bem de acordo com as exigências do clima existente na região onde a cidade está implantada.
Quanto à fachada, como era normal aos edifícios oficiais do século XIX imperial, transparecem as características próprias do neoclássico com platibanda escondendo a cobertura, provavelmente em telha canal, mais fácil de se encontrar na região; porta de acesso centralizada, apresentando conjuntos de oito janelas de cada lado. Nas extremidades, falsas colunas, decorativas, sugerindo modelos clássicos de estrutra. Observa-se ainda o destaque dado ao acesso principal, com frontão apoiado em colunas e brazão centralizado. Difere a fachada desse edifício daquela encontrada no Quartel do XX, pelo fato de não apresentar sobrado e demonstrar maior preocupação com o equilíbrio e com a composição.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Vila Boa nos jornais XXI

o jornal A Imprensa, de 18 de abril de 1914, publicou a seguinte matéria:

MOBILIA ESCOLAR

Não podiamos ter recebido melhor impressão do que a que tivemos, ao examinar em um dos salões do Palacio do Governo, onde está disposta a mobilia escolar mandado buscar pelo Exmo. Sr. Presidente do Estado, para o Curso Annesxo a Escola Normal.
A mobilia se compõe de um bureau ministre para a professora, uma meza com cadeira gyratoria para a adjunta, e tres quadros para exercicios, um cabide para os alumnos porem os chapeos e guardas chuvas e cincoenta carteiras escolares.
Foram estas que mais nos attrahiram a attenção pelo conforto e commodidade que offerecem aos alumnos.
São compostas de uma escrivaninha com tinteiro, uma estante movediça para nella serem colocados os livros e duma cadeira tambem movediça, que conforme a edade do alumno, se aproxima ou se afasta da respectiva escrivaninha.
As carteiras são de ferro e madeira envernisada e o conjuncto é o mais agradavel e brilhante possivel.
Nos centros mais adeantados, onde há facilidade em tudo não se encontra coisa melhor.
O seu custo regula por quatro contos, o que é muito barato, attendendo-se ao grande carreto que teve que pagar.
Todos que tem tido o prazer de ver a mobilia, não cansam de tecer justos encomios ao digno Dr. Olegario H. da Silveira Pinto, honrado presidente do Estado, pelo seu infatigavel empenho em dotar a instrucção do Estado, dos melhoramentos de que ella tanto carece.

domingo, 8 de novembro de 2009

Fotos antigas do centro cívico de Goiânia

No decorrer das últimas décadas, vários foram os fotógrafos que procuraram documentar o crescimento do centro de Goiânia. Fotografias ao nível do chão, a utilização de sacadas dos edifícios de maior altura, o terraço do palácio do governo e mesmo fotos aéreas.
A partir desses registros é possível perceber a maneira como a cidade se desenvolveu, inicialmente com a aberturas das principais vias, a construção dos primeiros edifícios e o início da verticalização do centro, antes da intensa ocupação ocorrida em direção à região oeste da capital.
No momento em que Goiânia completa 76 anos de existência, é interessante ver como tudo isso se processou.

Assim, podemos ver uma primeira fotografia, feita da cobertura do Palácio das Esmeraldas, onde aparecem ainda em processo de abertura, as três principais avenidas da cidade.

Na segunda imagem, ainda da sacada do Palácio, todo o centro já estruturado, pavimentado, com os edifícios federais já construídos e, aparecendo no centro, o coreto e o antigo obelisco.

A terceira fotografia, feita por Hélio de Oliveira, aérea, mostra a cidade em fins da década de 1960, mostrando o início da verticalização e, ainda em início de construção, o edifício do Centro Administrativo.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Goiânia perdeu Carlos Fernando

Autor de vários livros, incluindo romances, poesia e pesquisas históricas, faleceu essa semana em Goiânia, o médico Carlos Fernando Filgueiras de Magalhães.
Baiano de Paratinga, Carlos Fernando residia em Goiânia desde a década de 1960, onde se formou em medicina pela UFG e se dedicou de maneira incondicional à cultura, atuando em teatro (como diretor) na literatura, na crítica teatral, literária e cinematográfica. Foi diretor do Núcleo de Coordenação e Apoio às Iniciativas Culturais (NUCAIC) da Universidade Federal de Goiás.

Publicou:
Matéria Prima, texto-poema, em 1968;
Via Viagem, romance, 1970;
Daniel, contos, 1976;
O Jogo dos Reis, teatro, 1978;
Eros, poesia, 1986;
Quarks, poemas, 1993;
Perau, poesia, 2003;
Além de organizar a edição crítica da comédia “O Cometa”, de Joaquim Sebastião de Bastos, escrito em fins do século XIX, na cidade de Pirenópolis.
Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, Carlos Fernando recebeu os
prêmios:
Jorge de Lima
, da Academia Carioca de Letras, pelo livro de poesia X (2002);
Troféu Tiokô, concedido pela União Brasileira de Escritores – Seção Goiás;
Troféu Jaburu (2008), do Conselho Estadual de Cultura, considerado o mais importante prêmio cultural do estado.

capa de Laerte Araujo para a primeira edição o livro Via Viagem, em 1970.

Seu romance Via Viagem foi considerado uma das dez mais importantes obras literárias de Goiás, no século XX.

flor da pele
(do livro Eros)

as mãos voam,
os pensamentos caem.

seixos rolados
de profundas insânias.

mas o desejo é louco e se insinua
entre teias e veias,
toma o Sopro que advém
do espanto.

no toque desta pele algo
estremece,
de súbito, a água se agita
no fundo.

Narciso se debruça:
apenas olho a doçura

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Igrejas ucranianas: arquitetura da imigração no Paraná

Foi lançado nesse ano de 2009, pelo Instituto ArquiBrasil, com apoio da Petrobrás, o livro Igrejas ucranianas: arquitetura da imigração no Paraná, com o objetivo de registrar esse modelo específico de arquitetura religiosa. São aí documentados 25 edifícios em seis regiões distintas do estado, com análises aprofundadas sobre organização interna dos edifícios, composição de plantas, materiais empregados e processos decorativos.


Igreja de N. S. da Imaculada Conceição, da Colônia de Antônio Olinto.


Levantamentos arquitetônicos e iconográficos mostram todo o processo construtivo em várias etapas das obras, alem de informar sobre obras de restauro de edifícios e elementos construtivos, principalmente das cúpulas.
É um livro de fundamental importância para o estudo da arquitetura no Brasil, tendo em vista a pouca divulgação feita sobre a produção cultural de comunidades – na maioria das vezes isoladas – que trouxeram para cá os processos construtivos de seus locais de origem.


cúpula da igreja de Santa Ana, em União da Vitória.


Organizado pelos arquitetos Fábio Domingos Batista, Marialba Rocha Gaspar Imaguirre e Sandra Rafaela Magalhães Corrêa, o livro contou com a colaboração de numerosa equipe, incluído um grupo de estudantes de arquitetura, entre os quais Luz Amarily Espinoza, através de quem tivemos a oportunidade de conhecer esse trabalho.
Livro que todo arquiteto deve conhecer.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

o relevo na arquitetura II


Dando continuidade, com uma certa distância, aos modelos de relevo em arquitetura, mostramos agora alguns desses elementos encontrados na cidade do Rio de Janeiro, em edifícios residenciais e de caráter público, como a Câmara, o Teatro Municipal e os Correios. da mesma forma como são elaborados aqueles já apresentados, de Veneza, Ferrara e Padova, os do Rio de Janeiro s ao também de gesso ou mesmo em pedra, aparecendo em pontos específicos das edificações, como marcação de cunhais, de pedra angular nos arcos de portas e janelas, capitéis e mesmo fazendo marcação de falsas estruturas de fachadas, sobre as platibandas.


platibanda de edificio residencial no centro da cidade

figura encontrada no arco lateral de acesso à Camara

figura colocada como pedra angular no arco central do mesmo edifício

relevo encontrado na fachada do Teatro Municipal

figura colocada sobre a platibanda do edifício dos Correios

terça-feira, 3 de novembro de 2009

o real gabinete português de leitura do Rio de Janeiro

Quinze anos após a proclamação da independência do Brasil, mais precisamente em 1837, um grupo de 43 portugueses residentes no país reuniu-se com o objetivo de criar uma biblioteca para ampliar os conhecimentos de seus sócios e dar oportunidade aos portugueses residentes na então capital do Império de acompanhar a produção literária da metrópole.
detalhe de vitrau na iluminação superior
detalhe dos arcos de uma janela da fachada

detalhe do piso em ladrilho hidráulico

Ainda no início de sua instalação, seus administradores adquiriram uma considerável quantidade de obras, sendo algumas delas extremamente raras, publicadas nos séculos XVI e XVII, podendo se mencionar um exemplar de Os Lusíadas, que pertenceu à Companhia de Jesus de Setúbal; as Ordenações de D. Manuel, de Jacob Cromberger, editadas em 1521, e os Capitolos de Cortes e Leys que sobre alguns delles fizeram, de 1539. Para se ter uma idéia do crescimento do acervo bibliográfico basta mencionar que em 1872 a biblioteca já possuía 20.471 obras (ou 44.917 volumes). Com isso houve uma considerável ampliação da biblioteca, o que obrigou a administração a, por várias vezes, mudar a sede de endereço. Em 1880, no tricentenário da morte de Camões foi iniciada a construção de uma sede própria em um terreno adquirido para esse fim, na rua da Lampadosa, atual rua Luis de Camões.

parte do acervo da biblioteca

Para o projeto foi contratado o arquiteto português Rafael da Silva Castro, que utilizou um traço neomanuelino, evocando a tradição portuguesa e a epopéia camoniana.Construído em pedra de lioz e tendo em sua fachada as estátuas de Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, do Infante D. Henrique e de Luís de Camões, o edifício, foi inaugurado em 10 de Setembro de 1887, contando para tanto com a presença da Princesa Isabel e de seu parido, o Conde D’Eu. O arquiteto Frederico José Branco cuidou da administração da obra, ficando as pinturas e decoração em relevo, sob a responsabilidade do artista Frederico Steckel.
A 22 de dezembro do ano seguinte, foi instalada a biblioteca que, em 1900 transforma-se em biblioteca pública.O seu acervo, composto de cerca de 350.000 volumes, encontra-se inteiramente informatizado.