terça-feira, 30 de junho de 2009

Vila Boa nos jornais IX

o jornal Estado de Goyaz, de 02 de julho de 1891, publicou a segunte nota:

EXERCICIOS DE FOGO


O digno commandante do batalhão 20 de infantaria tem sido incançavel em melhorar as condições dos soldados e do quartel.
O manejo das armas de precisão que era pouco familiar já é hoje um mister quotidiano practico, porquanto quasi diariamente há exercicios de fogo que não só servem para adestrar o soldado, como proporcionam ao publico um agradavel passatempo.
É digno de encomios o tenente coronel Horacio que se esforça por elevar o moral dos homens de armas fazendo-os comprehender a nobreza de sua missão e a responsabilidade que traz.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

il palazzo ducale di venezia

No livro As sete lâmpadas da arquitetura, John Ruskin fala, no capítulo dedicado à memória, sobre os capitéis do palácio ducal de Veneza, em que cita a representação simbólica da Justiça Abstrata, as virtudes e os vícios, cenas b'blicas, além do uso de aves, vegetação, trajes nacionais e animais de várias regiões dominadas por aquela cidade.
Existe, no entanto, na galeria voltada pra a praceta, uma coluna, não comentada por Ruskin, que apresenta em seu capitel uma sequência de cenas contando uma história interessante, principalmente pelo inusitado da situação. Não representa nenhuma das referências feitas pelo escritor inglês ou mesmo cenas históricas que enalteçam o poder ou os moradores do edifício em questão.
O que ali se pode observar é uma seqüência de oito imagens contando a história de uma família, desde o momento em que o casal se conhece até a morte do filho, com a representação de toda a tristeza dos pais.

cena 1: ela na janela e os dois conversam;

cena 2: os dois se encontram em trajes de gala (ele portando espada);
cena 3: com os mesmos trajes da cena anterior, ela coloca uma coroa de flores na cabeça dele enquanto com a mão direita toca a mão esquerda dele, que segura um objeto (?);

cena 4: eles se abraçam e estão a ponto de se beijarem;
cena 5: os dois deitados, sob cobertas;

cena 6: o nascimento do filho;

cena 7: o filho já criança crescida, entre os pais



cena 8: atristeza dos dois com o filho morto.

Quando esse trabalho foi feito, por quem e com que objetivo, é algo que mereceria atenção...

domingo, 28 de junho de 2009

teorias do restauro

A Editora Ateliê, dentro da coleção Artes&Ofícios, lançou em 2008, mais dois títulos relacionados ao estudo das teorias do restauro de monumentos históricos. De grande importância para quem trabalha com o ensino e mesmo a prática do restauro, a coleção já contava com títulos como:
O restauro, de Violet-le-Duc,
Os restauradores, de Camillo Boito e,
Teoria da restauração, de Cesare Brandi.
O que se apresenta agora é o capítulo “A lâmpada da memória” retirado de As sete lâmpadas da arquitetura, de John Ruskin, e Catecismo da preservação de monumentos, de Max Dvorák, o primeiro publicado originalmente em 1849, e o segundo em 1916.
Sendo um dos mais polêmicos teóricos do restauro, para quem “o melhor restaurador é aquele que não faz restauração”, Ruskin é nome obrigatório e suas lâmpadas leitura imprescindível e, apesar da relação existente entre os sete capítulos originais de seu livro, a publicação individualizada desse que é o sexto capítulo (sexta lâmpada) só vem facilitar o trabalho desenvolvido em sala de aula.
Provocador e instigante é também o que se pode dizer do livro de Dvorák, que discute entre outras coisas, o valor e a necessidade da proteção do patrimônio construído, além dos perigos de uma restauração feita de forma incorreta.
Publicações muito bem-vindas.

sábado, 27 de junho de 2009

art déco e velocidade

Um dos elementos recorrentes no desenvolvimento do art déco foi, sem dúvida, a velocidade. A modernização e ampliação da potência dos motores de automóveis, a intensificação das viagens transatlânticas e mesmo a modernização das linhas ferroviárias, utilizando novos combustíveis e apresentando desenhos com linhas mais aerodinâmicas, andavam em paralelo com o entusiasmo apresentado por artistas, arquitetos e designers no período do entre guerras. O entusiasmo com a velocidade é tanto que, no Brasil, chega-se a dizer que a arquitetura produzida na década de 1930 é a “arquitetura do rádio e do aeroplano”.
Nas artes gráficas, o cartaz foi elemento de uso intenso como material de propaganda, de divulgação e mesmo, simplesmente, como objeto de arte.
Entre os cartazes desenvolvidos dentro das características do art déco, para a navegação, podem ser encontrados o de Adolphe Cassandre para a empresa holandesa Statendam e o do ateliê Wilkin para o Normandie.

cartaz produzido por Adolphe M. Cassandre para a Statendam

trabalho do ateliê Wilkin para o Normandie da French Line

Na aviação, é de Otto Arpke o material publicitário produzido para a companhia alemã Lufthansa, de aviaçao comercial.

material de propaganda da Lufthansa, produzido por Otto Arpke

Leslie Ragan produziu para a New York Central Sistem um interessante trabalho, onde uma composição ferroviária se desloca em velocidade que se expressa tanto no tratamento da fumaça no ar, quanto no reflexo da máquina na água. Do outro lado do Atlântico, Cassandre é o responsável por uma série de cartazes para a Chemin de Fer du Nord, com o Nord Express.

cartaz desenvolvido por Leslie Ragan para a New York Central Sistem

novo trabalho de Adolphe M. Cassandre, agora para o Nord Express

Charles Louport produziu cartazes tanto para a francesa Renault quanto para a italiana Bugatti.

cartaz de Charles Louport para a Renault

e o mesmo Charles Louport trabalhando para a Bugatti.

As imagens aqui apresentadas foram tiradas dos livros Art Déco, de Camilla de la Bedoyere (Logos, 2006), Essential Art Déco, de Ghislaine Wood (Bulfinch Press, 2003), L’esprit Art Déco, de Dan Klein (Book King, 1987), Guia de Art Déco, de Arie van de Lemme (Estampa, 1996) e Art Déco, de Patrícia Bayer (Oceano, 1999).

sexta-feira, 26 de junho de 2009

casa e modelo


Entre os muitos registros existentes sobre a casa abalcoada, podemos ver uma pintura em óleo sobre tela, da artista Goiandira do Couto, de finais da década de 1940. um pouco diferente do que pode ser visto hoje, mas com elementos já encontrados em outras referências. É mais um documento a ser apresentado.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

mais fotos antigas de Ipameri

Outras fotos de arquivos da cidade de Ipameri, destacando importantes monumentos de seu patrimônio construído, preservados ainda hoje, em meio a uma série de demolições e destruições que, em nome de um progresso no mais das vezes de gosto duvidoso, tem modificado a fisionomia de nossas cidades. Da mesma forma que os projetos arquitetônicos elaborados para Ipameri, na primeira metade do século XX, apresentados em artigos anteriores nesse blog, as fotos antigas dessa cidade também pertencem ao acervo do Instituto Simão Edreira.

igreja matriz, segunda a ser construida na cidade para tal

colégio das freiras com a matriz ao fundo

antigo colégio Eduardo Mancini

edifício da Câmara Municipal, antiga Prefeitura

piso em ladrilho hidráulico da sala de espera do antigo aeroporto

vista aérea com a matriz ao fundo

terça-feira, 23 de junho de 2009

patrimônio histórico I

O estado de Goiás possui um rico acervo arquitetônico que compreende monumentos que vão da arquitetura colonial ao modernismo, passando pelo eclético e pelo déco. Vários desses monumentos são, hoje, protegidos por leis municipais, estadual e federal, o que garante sua integridade e sua representatividade como patrimônio histórico do estado. Um desses monumentos é o

Mercado Municipal de Vila Boa

Datado das décadas iniciais do século XX, o edifício do Mercado Municipal da cidade de Goiás apresenta toda a sua fachada principal decorada com elementos próprios do ecletismo, que por essa época começava a se despontar com a utilização de apliques decorativos em várias edificações da cidade. O exemplo principal desse tipo de arquitetura, na cidade de Goiás é a Casa da Fundição, que recebeu tais elementos na grande reforma que sofreu no ano de 1922.

o Mercado Municipal, na década de 1930

De composição extremamente simples, o mercado apresenta em sua planta um amplo espaço avarandado com arcada, que separa as lojas do pátio fronteiro, atualmente limitado pela construção de um outro bloco.
A construção em alvenaria de tijolo, com decoração em relevo elaborada em massa forte de reboco, apresenta uma parte em adobe, provavelmente aproveitada de uma antiga construção existente no local, à época de sua instalação. As salas, todas fazendo fundo para o norte e abertas para um amplo avarandado, têm garantido mais conforto pelo bom isolamento térmico, complementado pela cobertura de telha de barro sem forro, além do pé-direito mais alto que o normal.


portão secundário do Mercado, em foto recente

detalhe da platibanda, com elementos decorativos

colunas decorativas, entre os arcos da varanda

arcos e platibanda com inscrição comemorativa


Na composição da fachada aparece ainda a utilização da platibanda, elemento de emprego corrente nas construções ecléticas, que, além de esconder o telhado, acrescenta um elemento a mais de decoração ao conjunto do edifício. A proteção desse monumento é feita
na esfera federal:
através do processo 345-T-42, com
inscrição 73 no Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, às folhas 17;
inscrição 463 no Livro Histórico, às folhas 78 e;
inscrição 529 no Livro das Belas Artes, às folhas 97,
com data de 18 de setembro de 1978.
Na esfera estadual, é protegido pela Lei nº 8.915, de 13 de outubro de 1980.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

iconografia vilaboense VIII

os prospectos de Willian John Burchell

Vários são os desenhos elaborados por esse botânico inglês que por alguns meses esteve desenvolvendo seus estudos em Vila Boa. O livro O Brasil do primeiro reinado visto pelo botânico inglês William John Burchell 1825/1829, de Gilberto Ferrez, apresenta dez desenhos e três detalhes, onde Burchell mostra com muita clareza a arquitetura, estrutura e organização da capital goiana a apenas seis anos decorridos da independência do Brasil.
O primeiro desses desenhos mostra uma vista panorâmica da cidade a partir do Largo do Moreira, à época apenas um descampado na periferia da capital, com alguns poucos edifícios de pequenas dimensões, demonstrando pouca preocupação quanto à sua manutenção. No centro urbano, é possível identificar com bastante clareza os principais edifícios, tanto os que se apresentam em posição frontal (Igreja de N. S. do Rosário), quanto os que são vistos pela lateral (Quartel do XX) ou mesmo pelos fundos (Igreja de N. S. da Boa Morte). Ao fundo identifica-se a pequena capela de Santa Bárbara, o Morro do Cantagalo e, situada à direita do desenho a estrada que à época demandava ao Arraial do Ouro Fino, estrada oficial para Minas Gerais e São Paulo.
O segundo desenho, datado de 12 de maio de 1828 foi elaborado no Largo do Palácio, apresentando de forma centralizada os três principais edifícios desse largo, que foi, no início da colonização, o principal centro do Arraial de Bartolomeu Bueno. Apresenta, este desenho, os edifícios do Palácio, ladeado pelas igrejas Matriz e Boa Morte, em bom estado de conservação, em contraste com as edificações residenciais não tão preservadas como aqueles.

parte do desenho em que aparece a praça central de Vila Boa

Ao analisar as edificações existentes no desenho é possível observar que a maioria existe ainda hoje da maneira como foram vistas e documentadas por Burchell. Entretanto, apresentam as paredes bastante danificadas, com descolamento de reboco e mesmo com a alvenaria danificada. Por outro lado, várias são as janelas que apresentam vedação com treliças móveis de madeira, com os mesmos desenhos vistos ainda hoje na cidade de Pilar, o que demonstra que, pelo menos junto ao centro do poder, existiu uma preocupação dos habitantes em manter um certo padrão de qualidade urbana, tão defendido por Cunha Menezes em seu Código de Posturas Urbanas.
O Palácio dos Governadores é ainda aquele mesmo “barracão atarracado”, amplamente criticado pelos outros cronistas que passaram por Goiás, antes de Burchell, enquanto que as igrejas são apresentadas com um rico acabamento e grandes preocupações estéticas. Por outro lado, o Largo em si, é apenas um espaço amplo, descampado e sem nenhuma preocupação quanto à possibilidade de uso pela população como se faz na atualidade.
Seguem-se três detalhes ampliados desse mesmo desenho e em seguida é apresentado uma outra vista do mesmo Largo, apresentando agora o sobrado da Real Fazenda, visto do beco ao lado da Matriz, estando em primeiro plano, a estrutura de madeira que funciona como suporte para o sino desse edificação religiosa. A exceção do sobrado que se apresenta com um certo grau de monumentalidade, o que se vê em relação às demais edificações é o que já foi visto no desenho anterior: interessantes detalhes de grande valor e qualidade construtiva em edifícios descuidados e em certa medida tendendo ao arruinamento.

ao fundo o sobrado da Real Fazenda e à direita, a sineira da igreja matriz

Os demais desenhos, mostrando vários ângulos do centro urbano de Vila Boa, apresentam, no geral, uma arquitetura residencial em processo de desgaste, apesar de demonstrar esmero no momento da construção, o que pode ser observado pelos detalhes de elementos decorativos e de acabamento. É constante em todos os desenhos a presença de pessoas e de animais, demonstrando uma intensa circulação pelas ruas da cidade, tanto de homens quanto de mulheres e crianças. Os animais são representados por cabritos e montarias, não aparecendo cachorros ou outros quaisquer.
Interessante também é observar que em todos os desenhos, qualquer que seja o ângulo escolhido, sempre aparecem importantes monumentos, como a Casa de Câmara e Cadeia, igrejas, chafarizes e mesmo o pelourinho, que, da mesma forma que a Igreja de N. S. da Lapa, não chegou aos dias atuais.

vista feita a partir da barra do Manoel Gomes, mostrando a igreja da Lapa, já desaparecida

Um desenho que merece destaque no conjunto da obra de Burchell sobre Vila Boa é o que apresenta o interior de uma sala de residência, onde podem ser observados o forro elaborado em gamela, com acabamento em relevo em sua base. Também nesse desenho é possível observar o uso da taipa-de-pilão na parede frontal, pela sua espessura, além da colocação de namoradeiras junto das janelas que são apresentadas com folhas cegas pelo interior e treliças trabalhadas pelo exterior. As ferragens das portas denotam também um bom acabamento. O piso em tabuado corrido associado aos detalhes já citados demonstra o apuro técnico das construções vilaboenses do setecentos.

interior de uma residência em Vila Boa, na primeira metade do século XIX

terça-feira, 16 de junho de 2009

um pouco de poesia


antes a vida
não era bem assim
acho
que o que
às vezes sinto
é uma puta saudade de
mim.

achado – Gustavo Neiva Coelho
ilustração: Roos

segunda-feira, 15 de junho de 2009

flagrantes II

E o passeio continua, mostrando algumas cenas que a cidade oferece, despreocupada, com um jeito de quem está aí para ser sentida, curtida e vivida das mais diversas formas. Enquanto uns registram a tinta e pincel os monumentos que fazem a história da cidade, outros procuram, quem sabe, encurtar caminho pelos becos e caminhos que a cidade oferece. O passeio com as bonecas, a tranqüilidade do canal e, do outro lado, o temporal que não deixa por menos.



o artista e a cidade como modelo

caminho e caminhante...

o passeio com as bonecas

em baixo, a tranquilidade do canal, em cima o terraço da Milena

e o temporal que se anuncia

domingo, 14 de junho de 2009

Metrópolis de ZéCésar


Publicado com o objetivo de registrar uma etapa do trabalho desenvolvido pelo artista plástico e professor da Faculdade de Artes Visuais da UFG, José César Teatini Clímaco (ZéCésar), o livro Metrópolis (UFG, 2008) apresenta um conjunto de imagens das obras que mereceram inclusive uma exposição com o mesmo título do livro. São trabalhos elaborados em papelão recortado e colado representado visões de uma grande cidade. Acompanham as ilustrações, textos elaborados pelo autor, além de trechos de música que têm a cidade como tema. Inaugurando a coleção ARTEXPRESSÃO, com primorosa produção gráfica de André Barcelos, o livro apresenta um interessante e bem humorado texto sobre Goiânia (a la Ítalo Calvino) complementando as críticas feitas ao transito, ao crescimento desordenado e a maneira inescrupulosa como a cidade é apropriada por determinados segmentos da população. Que bom que ainda temos artistas como ZéCésar e editoras como a da UFG.

um dos trabalhos de ZéCesar que ilustram o livro

representação da cidade em papelão recortado e colado: a obra de ZéCésar

sábado, 13 de junho de 2009

Vila Boa nos jornais VIII

O jornal Província de Goyaz, de 30 de setembro de 1870, publicou a seguinte matéria:

MAIS POLÍCIA SENHORA POLÍCIA!

A cerca de policia nesta terra vamos cada vez a peior; pode-se bem perguntar si ainda reside por aqui essa recatada senhora, pois tem vivido tão amoitada e tão subtil, que já ninguem se avista com ella.
Todo Goyaz sabe que prostitutas, morando no centro da cidade, em proximidade de cazas de familia, estão a fazer chinfrins todas as noites, com escandalo da moralidade publica, e offensa immediata aos visinhos; no em tanto que a senhora policia... cochila!...
Será preciso acreditar-se que ella anda de conivencia nos deboches das meretrizes?
Será preciso que os offendidos, em faltas de melhores recursos, se vejão na dura necessidade de declinar nomes de pessôas que, durante o dia claro, andão de gravat’alta ao pescoço, e durante a noite não se pejão de fazerem conhecer as suas vozes e risadas em reuniões reprovadas pela moralidade e pela lei?
Não recuaremos diante d’esse extremo, si a continuação dos escandalos e da evangelica paciencia da senhora policia nos obrigarem á usarmos d’elle.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

novidades no arquivo: fotos antigas de Ipameri

Novos arquivos começam a perder a timidez e mostram seus conteúdos, trazendo para nosso blog as imagens e a história de um Goiás já quase desaparecido. Primeiro foi o largo do coreto de Vila Boa, depois, algumas imagens ferroviárias, mostrando algumas das estações da EFG, nas décadas de 1920 a 1950. Agora é a vez de Ipameri se mostrar em fotos, depois de ter apresentado um pouco da história de sua arquitetura.


a praça do coreto em meados da década de 1920


o mesmo ângulo, alguns anos depois


rua Eugênio Jardim, antes da construção do Joquei Clube


o Joquei Clube em seus anos iniciais

igrela de Nossa Senhora do Rosário, na praça de mesmo nome

vista aérea destacando a praça do coreto, na década de 1960

quinta-feira, 11 de junho de 2009

um pouco de poesia


não fecho a porta
que escancara
meu peito
ao mundo
nem quando chove
nem quando choro.

Apenas deixo acesas
todas as luzes
que em meu interior habitam

quem sabe
hora dessas
você chega

pé-ante-pé
na surpresa do norte
no tempero da noite.

quem sabe... hora dessas – Gustavo Neiva Coelho
ilustração - Lissitzki (para o poema-anel Liubliu, de Maiakovski para lilia brik) - pura simbologia...do dia

quarta-feira, 10 de junho de 2009

art déco nos bairros de Goiânia

Da mesma forma como pode ser observado em outros centros, tanto brasileiros quanto latino-americanos, também a arquitetura implantada nos bairros de Goiânia, durante as décadas de 1930 e 1940, e elaborada a partir da apropriação de determinados estilemas arquitetônicos pela população, apresenta uma infinidade de elementos próprios da composição déco. Decorrentes de um conceito de modernidade que se constitui como novidade para grande parte da população goiana, os elementos característicos do déco passam a significar, também nos setores periféricos da nova capital, um ideal de mudança, prosperidade e avanço tecnológico, que, de certa forma, valorizam os imóveis onde tais elementos se fazem presentes, além de rotular de progressista o seu proprietário.
Por existir muito antes da implantação de Goiânia e por ser o bairro de maior ocupação demográfica, Campinas se destaca dos demais setores, não só em decorrência da instalação da maior parte dos novos moradores, que ali chegaram, atraídos pelas possibilidades oferecidas pela capital, mas principalmente pela maneira como sua população original se apropriou da modernidade característica dos edifícios implantados na nova cidade, buscando uma identificação imediata com o núcleo central. Nesse período, grande parte dos edifícios comerciais campineiros passa por reformas para que suas fachadas assumam a modernidade pretendida. Novos edifícios, tanto comerciais como residenciais são construídos agora, através da elaboração de projetos, onde podemos observar a atuação de profissionais como José Neddermeyer, Eurico Viana, Geraldo Rodrigues, ou ainda, escritórios como os dos irmãos Coimbra Bueno e Richard Block.
Posteriormente, edifícios de caráter institucional são também construídos nesse setor, como agência dos correios, uma estação ferroviária secundária, escolas e cinemas.
Um bom acervo de projetos elaborados para o Setor Campinas, principalmente em meados da década de 1930, encontra-se hoje preservado, devido ao trabalho feito pelo Arquivo do Estado, já nos anos iniciais do século XXI.

projeto de José Neddermeyer para Abrão Adballa Helou

projeto de Eurico Viana para a fachada de edifício residencial e comercial de Francisco Fernandes

projeto de Geraldo Rodrigues para ampliação de uma residência

projeto de Richar Block para fachada de um edifício comercial.