Vários são os desenhos elaborados por esse botânico inglês que por alguns meses esteve desenvolvendo seus estudos em Vila Boa. O livro O Brasil do primeiro reinado visto pelo botânico inglês William John Burchell 1825/1829, de Gilberto Ferrez, apresenta dez desenhos e três detalhes, onde Burchell mostra com muita clareza a arquitetura, estrutura e organização da capital goiana a apenas seis anos decorridos da independência do Brasil.
O primeiro desses desenhos mostra uma vista panorâmica da cidade a partir do Largo do Moreira, à época apenas um descampado na periferia da capital, com alguns poucos edifícios de pequenas dimensões, demonstrando pouca preocupação quanto à sua manutenção. No centro urbano, é possível identificar com bastante clareza os principais edifícios, tanto os que se apresentam em posição frontal (Igreja de N. S. do Rosário), quanto os que são vistos pela lateral (Quartel do XX) ou mesmo pelos fundos (Igreja de N. S. da Boa Morte). Ao fundo identifica-se a pequena capela de Santa Bárbara, o Morro do Cantagalo e, situada à direita do desenho a estrada que à época demandava ao Arraial do Ouro Fino, estrada oficial para Minas Gerais e São Paulo.
O segundo desenho, datado de 12 de maio de 1828 foi elaborado no Largo do Palácio, apresentando de forma centralizada os três principais edifícios desse largo, que foi, no início da colonização, o principal centro do Arraial de Bartolomeu Bueno. Apresenta, este desenho, os edifícios do Palácio, ladeado pelas igrejas Matriz e Boa Morte, em bom estado de conservação, em contraste com as edificações residenciais não tão preservadas como aqueles.
parte do desenho em que aparece a praça central de Vila Boa
Ao analisar as edificações existentes no desenho é possível observar que a maioria existe ainda hoje da maneira como foram vistas e documentadas por Burchell. Entretanto, apresentam as paredes bastante danificadas, com descolamento de reboco e mesmo com a alvenaria danificada. Por outro lado, várias são as janelas que apresentam vedação com treliças móveis de madeira, com os mesmos desenhos vistos ainda hoje na cidade de Pilar, o que demonstra que, pelo menos junto ao centro do poder, existiu uma preocupação dos habitantes em manter um certo padrão de qualidade urbana, tão defendido por Cunha Menezes em seu Código de Posturas Urbanas.
O Palácio dos Governadores é ainda aquele mesmo “barracão atarracado”, amplamente criticado pelos outros cronistas que passaram por Goiás, antes de Burchell, enquanto que as igrejas são apresentadas com um rico acabamento e grandes preocupações estéticas. Por outro lado, o Largo em si, é apenas um espaço amplo, descampado e sem nenhuma preocupação quanto à possibilidade de uso pela população como se faz na atualidade.
Seguem-se três detalhes ampliados desse mesmo desenho e em seguida é apresentado uma outra vista do mesmo Largo, apresentando agora o sobrado da Real Fazenda, visto do beco ao lado da Matriz, estando em primeiro plano, a estrutura de madeira que funciona como suporte para o sino desse edificação religiosa. A exceção do sobrado que se apresenta com um certo grau de monumentalidade, o que se vê em relação às demais edificações é o que já foi visto no desenho anterior: interessantes detalhes de grande valor e qualidade construtiva em edifícios descuidados e em certa medida tendendo ao arruinamento.
O Palácio dos Governadores é ainda aquele mesmo “barracão atarracado”, amplamente criticado pelos outros cronistas que passaram por Goiás, antes de Burchell, enquanto que as igrejas são apresentadas com um rico acabamento e grandes preocupações estéticas. Por outro lado, o Largo em si, é apenas um espaço amplo, descampado e sem nenhuma preocupação quanto à possibilidade de uso pela população como se faz na atualidade.
Seguem-se três detalhes ampliados desse mesmo desenho e em seguida é apresentado uma outra vista do mesmo Largo, apresentando agora o sobrado da Real Fazenda, visto do beco ao lado da Matriz, estando em primeiro plano, a estrutura de madeira que funciona como suporte para o sino desse edificação religiosa. A exceção do sobrado que se apresenta com um certo grau de monumentalidade, o que se vê em relação às demais edificações é o que já foi visto no desenho anterior: interessantes detalhes de grande valor e qualidade construtiva em edifícios descuidados e em certa medida tendendo ao arruinamento.
ao fundo o sobrado da Real Fazenda e à direita, a sineira da igreja matriz
Os demais desenhos, mostrando vários ângulos do centro urbano de Vila Boa, apresentam, no geral, uma arquitetura residencial em processo de desgaste, apesar de demonstrar esmero no momento da construção, o que pode ser observado pelos detalhes de elementos decorativos e de acabamento. É constante em todos os desenhos a presença de pessoas e de animais, demonstrando uma intensa circulação pelas ruas da cidade, tanto de homens quanto de mulheres e crianças. Os animais são representados por cabritos e montarias, não aparecendo cachorros ou outros quaisquer.
Interessante também é observar que em todos os desenhos, qualquer que seja o ângulo escolhido, sempre aparecem importantes monumentos, como a Casa de Câmara e Cadeia, igrejas, chafarizes e mesmo o pelourinho, que, da mesma forma que a Igreja de N. S. da Lapa, não chegou aos dias atuais.
Interessante também é observar que em todos os desenhos, qualquer que seja o ângulo escolhido, sempre aparecem importantes monumentos, como a Casa de Câmara e Cadeia, igrejas, chafarizes e mesmo o pelourinho, que, da mesma forma que a Igreja de N. S. da Lapa, não chegou aos dias atuais.
vista feita a partir da barra do Manoel Gomes, mostrando a igreja da Lapa, já desaparecida
Um desenho que merece destaque no conjunto da obra de Burchell sobre Vila Boa é o que apresenta o interior de uma sala de residência, onde podem ser observados o forro elaborado em gamela, com acabamento em relevo em sua base. Também nesse desenho é possível observar o uso da taipa-de-pilão na parede frontal, pela sua espessura, além da colocação de namoradeiras junto das janelas que são apresentadas com folhas cegas pelo interior e treliças trabalhadas pelo exterior. As ferragens das portas denotam também um bom acabamento. O piso em tabuado corrido associado aos detalhes já citados demonstra o apuro técnico das construções vilaboenses do setecentos.
interior de uma residência em Vila Boa, na primeira metade do século XIX
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