domingo, 12 de abril de 2009

José Amaral Neddermeyer: Arquiteto

A obra de José Amaral Neddermeyer compreende não apenas sua produção arquitetônica desenvolvida no período em que esteve atuando em Goiânia, mas um amplo trabalho que teve início em São Paulo, estendeu-se para o antigo Distrito Federal, onde residiu e trabalhou durante algum tempo e ainda em Minas Gerais.
Nascido na cidade de São Paulo, em 1894, José Amaral Neddermeyer estudou na Universidade Mackenzie, onde concluiu o curso de arquitetura em 1918. Foi, além de arquiteto, escultor, músico e pintor – sendo aluno do Liceu de Artes e Ofícios –, tendo desenvolvido ativamente suas habilidades em sua cidade natal, com a elaboração de vários projetos, tanto públicos quanto particulares, participado de inúmeras exposições e mesmo lecionado na Escola Mackenzie.
No período em que esteve no Rio de Janeiro, teve a oportunidade de participar de importantes concursos de projetos, como o da Sociedade Bíblica Americana – concorrendo com nomes de peso à época, como Rafael Galvão, Penna Firma e Edgar Viana – e o da Embaixada da Argentina, este último em 1928, quando foi classificado em quinto lugar, sendo o primeiro prêmio conquistado por Lúcio Costa – que também ficou com a quarta colocação. Nesse período de sua vida profissional trabalhou para a firma Dwight P. Robinson onde desenvolveu, entre outros, o projeto das oficinas da Light and Power, além de haver acompanhado como responsável técnico, a construção dos edifícios da Standard Oil e do Hangar da Pan American Airways Sistm.
Em 1930, a convite de seu particular amigo Adolpho Morales de los Rios Filho, participou da equipe que coordenou a exposição de projetos de arquitetura, acontecida em paralelo e como parte integrante das atividades do IV Congresso Pan-Americano de Arquitetura, que, como é sabido, foi decisivo para a estruturação de várias questões relacionadas à vida profissional do arquiteto na América Latina, desde orientação sobre o ensino até à regulamentação profissional.
Ao longo de sua carreira, desenvolveu um considerável conjunto de projetos com forte caracterização eclética, como o que apresentou ao concurso da Embaixada da Argentina. Eclético, mas com tendência a se incorporar ao estilo Missões, desenvolveu o projeto ganhador do concurso para a construção de uma colônia de férias, para o governo do estado de São Paulo, em 1933.
colônia de férias para o governo do estado de São Paulo - 1933


Ainda dentro dos conceitos do ecletismo desenvolveu vários projetos residenciais, entre os quais se destacam, ainda na década de 1920, a residência de João Braz, em Itajubá – MG.

projeto para a residência do Dr. João Braz, em Itajubá - MG.


Tendências a uma produção moderna de caráter déco começam a aparecer em sua obra nos primeiros anos da década de 1930, quando elabora o projeto vencedor do concurso para a sede da Sociedade Bíblica Americana, na Esplanada do Castelo, na cidade do Rio de Janeiro. Tais elementos aparecem nesse projeto, ainda de forma um tanto tímida, estando presente também nos projetos de todos os participantes do concurso. A partir de então, tais características passam a ser uma constante não só nos projetos desenvolvidos por Neddermeyer, como também naqueles elaborados por outros profissionais, no decorrer das décadas seguintes.

projeto para o edifício sede da Sociedade Bíblica, na cidade do Rio de Janeiro.

detalhe da luminária para o hall de entrada do edifício da Sociedade Bíblica.

No decorrer da década de 1930, mais precisamente em 1936, transferiu-se para Goiânia, para trabalhar como responsável pelas obras da Construtora Lar Nacional, e, no ano seguinte já atuava nas obras de construção da nova capital, fazendo parte da equipe da Seção de Arquitetura da Superintendência Geral de Obras.
Além de coordenar a equipe de projeto e obras na nascente capital, desenvolveu uma série de projetos na cidade, destacando-se entre eles a sede da Associação Goiana de Pecuária, da Associação Goiana de Agricultura, Lord Hotel, além do Cine Teatro Goiânia, em parceria com Jorge Felix de Souza e a sede da prefeitura, não construída.

perspectiva para a sede da prefeitura de Goiânia, de 1944. No canto direito do desenho é possível ver a torre da capela D. Bosco e parte do edifício dos correios.

Permaneceu em Goiânia até o final de sua vida, em 1951.

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