IGREJA DE NOSSA SENHORA DA BOA
MORTE
Construída inicialmente no largo do Chafariz, ou da
Boa Morte, pela Irmandade dos Homens Pardos, a capela de Nossa Senhora da Boa
Morte já aparecia em desenhos datados de 1751, ao lado da Casa de Câmara e
Cadeia, um edifício de um único pavimento. Apesar da existência nesse mesmo
largo, de edifícios e monumentos importantes, como a Casa de Câmara e Cadeia, o
Quartel dos Dragões e o Pelourinho, foi pelo nome da capela que ficou conhecido
o largo, durante muito tempo, assim como o chafariz, construído um ano antes da
transferência da capela para o largo do Palácio.
Em
1762, por iniciativa do capitão de cavalaria Antônio da Silva Pereira, teve
início a construção da capela de Santo Antônio, que utilizava os alicerces de
uma das casas pertencentes a Bartolomeu Bueno da Silva. Tal capela deveria atender
aos militares em suas necessidades religiosas, e contou, para a construção,
segundo o padre Des Genettes (1980), com uma provisão datada de 6 de setembro
daquele mesmo ano.
Entretanto,
a proibição quanto à existência de templos pertencentes a militares fez com que
os mesmos doassem à Irmandade dos Homens Pardos, a construção inacabada de sua
igreja, que foi então por eles concluída e ocupada em 1779. A partir de então,
passou a Irmandade dos Militares a se reunir na Matriz de Sant’Anna, onde teve
um altar dedicado ao seu santo padroeiro.
Único
edifício religioso da região de Vila Boa a apresentar na fachada elementos
característicos da arquitetura barroca, a igreja de Nossa Senhora da Boa Morte
apresenta ainda, em seu interior, a nave na forma de um octógono retangular.
Possui dois altares laterais, sendo um dedicado a Nossa Senhora das Dores e a
outra a Nossa Senhora do Parto, além de corredores laterais à capela-mor
ligando-a à sacristia, situada em sua parte posterior.
Em
decorrência da irregularidade do terreno e da forma como o edifício foi
implantado criaram-se dois jardins, sendo um deles dotado de um pequeno poço,
além de abrigar a torre sineira, uma estrutura de madeira lavrada, encimada por
uma cobertura de telha canal de quatro águas, com inclinação bastante acentuada,
com forma piramidal.
Essa
igreja possuiu, segundo Cunha Mattos (1984), pintura a fresco, da qual não
existe hoje nenhum registro, e serviu como Catedral de 1874, com o desabamento
da igreja Matriz, até 1967, quando essa função retornou para a igreja de
Sant’Anna.
De
acordo com Suzy de Mello, em determinado momento da evolução da arquitetura
religiosa mineira, a altura da nave era ampliada, dando espaço à implantação de
um segundo pavimento com a finalidade de atender às necessidades da mesa
diretora da Irmandade. Surgia assim, de acordo com essa autora (MELLO, 1985, p. 139) sobre a
sacristia, e com a mesma área desta, um salão, denominado consistório,
destinado a abrigar a Irmandade em suas reuniões.
Em
Vila Boa, a única igreja a apresentar tal modelo evolutivo é a igreja de Nossa
Senhora da Boa Morte, observando-se aqui que, o que em Minas Gerais se
apresenta como evolução e passa a se incorporar às novas construções, em Goiás
aparece de maneira esparsa e geralmente sem atender à mesma seqüência
desenvolvida nas Gerais, e como geralmente a sacristia estava situada entre
dois corredores laterais que lhe serviam de acesso, também esse espaço era
aproveitado em um segundo pavimento para a instalação das tribunas, geralmente
abertas para dentro da capela-mor, de onde as figuras ilustres assistiam às
celebrações, resguardadas do contato com o geral da população.
Na
igreja de Nossa Senhora da Boa Morte, as tribunas apresentam-se situadas sobre
os altares laterais, com abertura em verga de arco abatido e parapeito de
balaústre torneado dando para a nave, sendo o seu acesso feito pela sala do
consistório.
Duas
outras igrejas em Vila Boa apresentam tribunas na parede lateral, todas abertas
para a nave, o que possibilita a visão da capela-mor, permitindo às pessoas que
ali se encontram, assistirem aos ofícios, o que não acontece na igreja da Boa
Morte, onde, pelo fato de ser a nave de formato octogonal, e as janelas das
tribunas (uma de cada lado) situadas nas faces que definem o octógono, a visão
do altar-mor fica obstruída em decorrência do ângulo formado com a parede do
arco cruzeiro. Sua localização demonstra mais uma preocupação estética do que
propriamente uma necessidade de possuir tribunas, já que compõem um conjunto
singular com duas paredes com janelas falsas, duas aberturas laterais no coro e
duas grandes envasaduras que se defrontam, que são o arco cruzeiro e o arco
central do coro.
Essa
igreja é, por suas proporções e pelo esmero dos detalhes de sua fachada, o
edifício que mais se impõe no conjunto arquitetônico da cidade de Goiás.
Olá Gustavo! Sou estudante de arquitetura muito interessado pelo patrimônio colonial, especialmente pelas igrejas. Guiado pelo fascínios e gosto por essas edificações, faço replicas em escala de algumas delas. No momento estou iniciando a réplica da igreja da boa morte. você poderia me ajudar com algumas informações q não consigo encontrar na web?! Por favor, entre em contato por email: emanoelgca@gmail.com. posso te mostrar meu trabalho, caso queira. Acho q irá gostar. Muito obrigado desde já!
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