Apesar da morte prematura, ocorrida em
1988, aos 34 anos, Dinéia Dutra foi uma das artistas mais produtivas e que
maior acervo deixou para a história das artes plásticas em Goiás, no segmento
da gravura em metal. Iniciou seus estudos no Instituto de Artes da Universidade Federal de Goiás
em 1975, graduando-se no ano de 1978 em Artes Visuais com especialização em
gravura. No Instituto, foi aluna de Cleber Gouvêa e fez parte do grupo de
artista que sempre frequentou o atelier de D. J. Oliveira, tendo a
oportunidade, com esse convívio, de aprimorar sua técnica de gravura em metal,
tendo em vista a importância desse artista como professor dessa técnica e mesmo
da qualidade do acervo produzido por ele mesmo como gravurista.
O Matemático: gravura em metal de 1982
De 1975 a 1987 Dinéia participou de 24 exposições, sendo a maioria delas
em galerias de Goiânia, além de expor também em Brasília, em São Paulo e no Rio
de Janeiro. Produziu quatro álbuns e recebeu cinco prêmios em Mostras e Salões
tendo em vista a qualidade técnica de sua produção.
Apesar do empenho e da pesquisa no desenvolvimento de uma produção
artística baseada na gravura – principalmente a gravura em metal – Dinéia
dedicou-se também, se bem que em menor escala, à pintura sobre tela, técnica em
que seu trabalho foi pouco divulgado, ficando sua produção restrita ao acervo
de alguns poucos amigos. Figuras humanas e naturezas mortas foram os temas
utilizados nessa técnica, enquanto que na gravura, houve sempre uma variedade
maior de propostas temáticas, com preocupações sociais, de gênero e séries
voltadas para a representação de atividades infantis.
Família: preocupação social no trabalho de Dinéia Dutra
Ao se abordar a produção artística de Dinéia, é possível levantar algumas
questões relacionadas à sua preocupação com o discurso de gênero e ao
engajamento político da artista como pessoa atuante e de grande envolvimento
com as questões sociais. Através de algumas de suas gravuras é possível
perceber questões como a da maternidade, encontrada no trabalho de mesmo nome
por um viés relacionado ao gênero e também, como pode ser encontrada em outro
trabalho intitulado “Família”, onde uma denuncia social aparece com
características bem mais expressivas que a questão percebida na gravura
anterior.
Uníssono: tema infantil
Relacionamentos, crendices, religiosidade, trabalho, são temas abordados
com intensidade pela artista, assim como questões vividas e vivenciadas na
infância, como os jogos infantis, a música e a representação teatral.
O potencial do trabalho elaborado por Dinéia Dutra pode ser visto não
apenas na técnica e no desenvolvimento do processo de produção e definição da
temática, mas também na maneira e na preocupação com que a artista trabalha a
composição e as cores, quando as utiliza em cada trabalho. Em decorrência de
material de ateliê preservado, é possível ver a maneira como as cores eram
trabalhadas principalmente nas gravuras com temática infantil, onde a
sequência, composição e seleção de tonalidades eram procuradas com o máximo
rigor, inclusive com a utilização de canetas hidrocor sobre as provas, na
tentativa de visualização das várias possibilidades de cor. É possível perceber
também a interferência em algumas provas, onde a artista inseria novos
personagens na tentativa de elaborar melhor a composição e o equilíbrio da
imagem.
Hoje suas gravuras aparecem no acervo dos principais museus e galerias de
Goiânia, assim como de várias coleções particulares em várias cidades
brasileiras.
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