sexta-feira, 22 de novembro de 2013

construções religiosas em Vila Boa de Goyáz I


IGREJA DE SÃO FRANCISCO DE PAULA

 
Fachada principal da igreja de S. Francisco de Paula
Construída em 1761, a igreja de São Francisco de Paula apresenta as características comuns ao geral dos edifícios religiosos da antiga capital da Capitania de Goiás. sua fachada apresenta o tradicional corpo central e as janelas do coro limitadas por molduras de massa em relevo, além de apresentar, nessas janelas, parapeito entalado com balaústre de madeira recortada.
Compondo o conjunto da fachada, dois corpos laterais simétricos são formados internamente por duas salas cada um, apresentando acessos independentes da entrada principal, além de possuírem proporções que destacam mais ainda aquela. Sobre essa portas secundárias podem ser vistos, do lado do Evangelho, uma pequena janela que, segundo a tradição, serviria para deixar entrar o som dos sinos no templo. Do lado da Epístola, que possui o telhado mais baixo, a falta da janela foi até pouco tempo suprida pela colocação de um emoldurado de massa nas mesmas medidas daquele que contorna a janela existente no lado oposto da fachada, o que constituía um elemento falso, mas de uso corrente, tendo a finalidade de manter o equilíbrio e proporções entre formas e medidas dos elementos decorativos, princípio básico da origem ou influência maneirista que tiveram tais edifícios.
O equilíbrio pode ser observado ainda na colocação simétrica das colunas coroadas por pináculos, nos limites do conjunto e na definição do corpo central, limitado ainda na fachada, na linha superior do frontão, por uma cimalha que esconde frontalmente o telhado. encerrando a composição, um óculo centralizado no frontão triangular simples marca uma das características principais desse tipo de construção.
Situada em um terreno rochoso, em um plano elevado em relação à via pública, seu acesso é feito através de duas escadarias de pedras, guarnecidas de muros, que se encontram em um amplo adro, com cruzeiro ao centro, tendo a um lado a estrutura de madeira que serve de sustentação para os sinos.

estrutura de madeira para o sino

Essa é uma das duas únicas igrejas de Vila Boa a apresentar pintura no teto, sendo, entre elas, a única a possuir pintura também no forro da capela-mor. São pinturas evocando trechos da vida de São Francisco de Paula e foram executadas por André Antônio da Conceição, sendo a imagem do padroeiro atribuída ao escultor meiapontense José Joaquim da Veiga Valle. Possui ainda uma imagem do Senhor dos Passos, que segundo a tradição teria vindo da Bahia, sendo na capital goiana, encarnada pelo escultor Veiga Valle, já na segunda metade do século XIX (SALGUEIRO: 1983, p. 268).

                                                      Capela-Mor, mostrando a pintura no teto.
A planta, apesar de extremamente simples, apresenta um número de divisões maior que o de vários outros templos da cidade, possuindo duas salas com uso definido, sendo uma, a sacristia, onde se encontram basicamente, a cômoda para os paramentos e objetos de liturgia, e um pequeno lavabo, em pedra, com detalhes em relevo, para abluções e limpeza dos vasos sagrados. A outra sala, utilizada como consistório pela Irmandade do Senhor dos Passos que, por sinal, é a única ainda existente na cidade, tendo se transferido para essa igreja em 1863, por se encontrar arruinada a Catedral de Sant’Anna, onde se encontrava sediada. Duas outras salas, utilizadas como depósitos, compõem o conjunto, sendo que a do lado da Epístola dá acesso ao púlpito, ficando na sala do lado do Evangelho a escada que conduz ao coro.
Essa igreja possui um dos mais bem talhados arcos cruzeiros, além de um belo trabalho de decoração no coroamento das vergas das portas internas e do púlpito.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Arquitetura Manuelina I

Diz Pedro Dias (1994, p. 65) em um de seus estudos sobre a arquitetura de origem muçulmana em Portugal, que vários podem ter sido os motivos para o surgimento de um novo interesse português pela arquitetura de origem árabe, ocorrido no início do século XVI. Um deles teria sido o retorno ao país de um grupo de nobres que, por motivos políticos havia se exilado por algum tempo em Sevilha, voltando logo após a posse de D. Manuel I, nos anos finais do século XV. Desse fato, ficam registrados elementos arquitetônicos e decorativos esparsos, copiados de originais espanhóis, nas casas senhoriais de alguns desses nobres.
Com características especiais e expressando referências mouras, aparecem com maior intensidade e com um caráter próprio, os edifícios oficiais construídos por D. Manuel I em sua volta da viagem empreendida aos domínios do sogro, no decorrer de 1498. Era já conhecido, de tempos anteriores, o gosto do monarca português por tudo o que fosse de origem árabe, chegando seu principal biógrafo a dizer que

com o rei português havia sempre músicos mouriscos que cantavam e tangiam alaúdes e pandeiros, ao som dos quais os moços fidalgos dançavam; também para as corridas de touros o próprio rei mandava distribuir vestidos e jaezes árabes (Dias, 1994, p. 66).

Assim, voltando de sua viagem à Espanha, D. Manuel I empenhou-se na já referida reforma em seu palácio de Sintra, onde fica claro esse gosto pelo oriental, além do entusiasmo que teve com a produção da arquitetura árabe encontrada em seu vizinho ibérico. Portas, janelas, pisos, azulejos sevilhanos, ambientes e detalhes construtivos de toda ordem aparecem nesse edifício.
A partir daí e até o final do governo de D. Manuel I, grande foi o número de edifícios construídos com essas características, tanto em sua totalidade como é o caso da Torre de Belém, do Mosteiro dos Jerônimos, do Mosteiro da Batalha, do Convento de Cristo, em Tomar ou do Convento de Jesus, em Setúbal, como o uso de elementos isolados, principalmente em portadas, como acontece na igreja de S. Pedro, em Torres Vedras; na matriz de Vila do Conde, ou em outros detalhes como as janelas da Casa dos Coimbras, em Braga – de norte a sul do país.

Torre de Belém

Mosteiro da Batalha

A arquitetura resultante das intervenções de D. Manuel I apresenta questões de particularidade que merecem algumas observações.
Assumiu D. Manuel I o trono português em um momento particularmente importante da história: a América acabava de ser descoberta (1492); as rotas portuguesas para o oriente via sul da África estavam praticamente definidas; o Tratado de Tordesilhas sendo assinado com a Espanha (1494); a tomada de Granada (1492) – último reduto muçulmano em Espanha – pelos reis católicos; na Itália, Leonardo da Vinci concluía a Santa Ceia (1497) e Michelangelo finalizava a Pietá (1499). Por outro lado, Portugal saia de um período de austeridade cultural, sob o reinado de D. João II, que fazia com que a arquitetura portuguesa mantivesse em fins do século XV, muito das características medievais que marcaram sua história até então.
E foi reunindo todos esses elementos e informações que D. Manuel I imprimiu um caráter moderno e revolucionário à arquitetura portuguesa de então, associando elementos das arquiteturas medieval, renascentista e mourisca, aos ideais da navegação, com a utilização como elementos decorativos: a cordoalha, o barrete, monstros marinhos, conchas, vegetação, criando com isso essa arquitetura impar que só recebeu o nome pelo qual é hoje conhecida, no decorrer do século XIX, em consequência dos estudos do historiador brasileiro Francisco Adolfo Vernhagen sobre um dos principais monumentos manuelinos: o Mosteiro dos Jerônimos.

Mosteiro dos Jerônimos

Ocorre, dentro disso tudo, provocado pelas intervenções de D. Manuel, um movimento que será considerado

único na arquitetura lusitana, em que todos esses elementos (medievais, renascentistas e mouriscos) se fundem ao ideal de navegação, produzindo o que seria mais um elemento decorativo do que um estilo arquitetônico propriamente dito: o manuelino. O mar e a navegação passam a ser, nesse momento, os grandes fornecedores das imagens a serem utilizadas como material decorativo e de composição. Velames, barretes de marinheiro e principalmente cordoalhas serão largamente empregados, e da maneira mais naturalista possível. São explorados com requinte ainda não conhecido pela arquitetura portuguesa os elementos estruturais do gótico e a decoração das janelas e dos arcos, utilizados pelos muçulmanos em seus edifícios ibéricos (Coelho, 1991, p. 108).

Apesar de ter sido de curta duração – apenas o tempo compreendido pelo reinado de D. Manuel I, de 1495 a 1521 –, esse foi um momento de grande importância para o desenvolvimento posterior da arquitetura portuguesa, levando-a inclusive a um posicionamento mais equilibrado, a partir daí, com os estilemas desenvolvidos no restante da Europa. De um modo geral, a arquitetura desenvolvida em Portugal nesse momento manteve, segundo John Bury (1991), a predominância arquitetônica do gótico tardio nas construções portuguesas do início do quinhentismo, abandonando-a, posteriormente, em favor de influências mais ligadas aos modelos de determinações renascentistas, sobretudo o Maneirismo, de grande aceitação não só estética como também política, principalmente por ter, como maiores incentivadores, os padres da Companhia de Jesus, líderes da Contra-Reforma portuguesa.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

lançamento do livro iconografia vilaboense

Foi feito no último dia 19, o lançamento do livro ICONOGRAFIA VILABOENSE, na galeria de arte Beco das Artes, com a presença de arquitetos, artistas plásticos, escritores e interessados em geral pela história e arquitetura da antiga Vila Boa (atual cidade de Goiás).

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

novo livro

Novo livro com lançamento marcado:
dia 19 de novembro de 2013, na
Galeria Beco das Artes, situada
na rua 4 n° 394 sala 4 - Setor Oeste - Goiânia/GO.

Apresenta uma série de desenhos, mapas e projetos elaborados para a antiga Vila Boa (atual cidade de Goiás), no decorrer dos séculos XVIII e XIX.
Vale a pena ver.

domingo, 17 de abril de 2011

Guia Sentimental de Pirenópolis



Seguindo a mesma ideia do Guia Afetivo da Cidade de Goiás, o arquiteto, artista plástico e escritor Elder Rocha Lima, acaba de lançar o Guia Sentimental da cidade de Pirenópolis, com importantes informações históricas, referências a escritores, artistas nascidos ou mesmo residentes na cidade, histórico dos principais edifícios e referências a festas e museus existentes no município. As ilustrações a bico-de-pena são todas feitas pelo autor e as fotos são de seu filho Marcelo Feijó.

De acordo com o autor, na introdução do livro, "Para construir essa Meia-Ponte ou a Vila Boa de Goiás não foram convocados artistas, arquitetos, urbanistas e outras figuras importantes (e, às vezes arrogantes), para planejas, desenhar e definir esses espaços construídos. Ao contrário, foi o povo que fez a Cidade sem planejadores e sem máquinas e com poucos instrumentos", numa visão clara e definitiva do que foi o surgimento de cidades e de uma arquitetura própria no interior da Capitania de Goyaz.

domingo, 2 de janeiro de 2011

patrimônio histórico XXVII


Estação Ferroviária de Vianópolis

Implantada no município de Silvânia, a estação de Vianópolis provocou de imediato o surgimento, como várias outras estações construídas à época, de um pequeno comércio que logo se transformou em arraial, só emancipado em 1948. Representa, juntamente com a estação de Ponte Funda, no mesmo município, o conjunto que melhor se destaca pela elaboração e riqueza de detalhes construtivos, revelando grande atenção de seus construtores. Vale ressaltar que a estação de Vianópolis só foi superada, em qualidade de projeto, pela estação de Goiânia, inaugurada em 1952.
Viveu seu período de maior efervescência por ocasião da construção de Brasília. Em decorrência de sua localização, era um dos pontos onde se depositava o material construtivo, que, vindo pela via férrea, era posteriormente levado por caminhões até a nova capital, já que os trilhos não chegavam lá.
É praticamente a estação que apresenta maior área de entorno, possibilitando um melhor aproveitamento de urbanização e paisagismo como forma de valorização do edifício da estação, tombado como patrimônio histórico municipal. Galpões e casas de funcionários podem ainda ser ali encontrados, o que proporciona uma ambiência própria dos momentos em que a linha férrea era a principal fonte de renda, informação e centro de atenção dos moradores do local.

O corpo do edifício apresenta pequenas proporções e número reduzido de compartimentos, contrapondo-se à extensa plataforma, o que revela o intenso uso de outrora.
Situado em local privilegiado, o edifício destaca-se por promover uma ampla visualização do núcleo urbano, além de poder ser visto por todos os que passam pela cidade, já que se encontra às margens da principal via de comunicação entre Brasília e Caldas Novas. A proteção desse monumento é feita

na esfera municipal:
pela Lei 011/88, de 03 de junho de 2001.

sábado, 1 de janeiro de 2011

novo Teatro Goiânia

Nos últimos dias de dezembro de 2010, há poucos momentos da transferência do governo do estado, foi entregue ao público o Teatro Goiânia, em seção de gala, após meses em que esteve em processo de restauro, obra que foi apresentada aqui, na Casa Abalcoada.
Mas, como já era de se esperar, mais uma vez o governo entrega obras na área da cultura, por terminar. De acordo com o arquiteto da AGEPEL, encarregado das obras de restauro do teatro, em entrevista a um jornal local, após a re-inauguração, retornam as obras que só serão concluídas dentro de um prazo de pelo menos quarenta dias.
E um Feliz 2011 para todos, com obras concluídas ou não.