quarta-feira, 5 de maio de 2010

arquitetura rural de Goiás VII

fazenda João Martins, na região do rio São Marcos


Sem dúvida, a sede de fazenda mais interessante da região.
Construída em meados de 1953, de acordo com o atual proprietário, apresenta características da arquitetura urbana encontrada na região, no mesmo período, em especial das cidades de Catalão e Ipameri.
Apresenta, à entrada, um pequeno alpendre com frontão decorado e apoiado em colunas de seção oitavada, sobre uma pequena mureta de 48 cm de altura.
Internamente, apresenta uma ampla sala, separada de uma copa de pequenas dimensões por um pórtico onde se destacam duas colunas adoçadas, também de seção oitavada, como as do alpendre. Ladeando essas duas salas, encontram os quartos, em numero de quatro, sendo que três se abrem para a sala e um para a copa. Na seqüência, um banheiro e a cozinha, com dimensões não encontradas em nenhuma outra sede de fazenda da região.

detalhe do lustre do alpendre

Utilizando alvenaria de tijolo tanto nas paredes quanto na estrutura dos cunhais, apresenta os cantos de todos os cômodos, arredondados, não existindo paredes com encontro em ângulo reto. O piso, à exceção do banheiro e cozinha que são em cimento queimado, apresenta uma variedade de seis modelos diferentes de ladrilho hidráulico, estampado nos centros dos cômodos, com molduras e contornos, todos no mesmo material, mandados fazer em cerâmicas especializadas na cidade mineira de Uberlândia.


dois dos variados modelos de ladrilho encontrados na casa

A cobertura é em telha francesa, provavelmente apoiada em estrutura de madeira do tipo tesoura, com beiral em guarda-pó de estuque. O estuque aparece também no interior da residência, forrando salas e quartos, além do alpendre fronteiro.
Também as esquadrias são todas trabalhadas, apresentando janelas de grandes dimensões na sala e nos quartos, com postigo sobreposto, utilizando vidro na parte superior, veneziana na inferir e pequenas peças cegas fazendo a vedação. Na cozinha aparecem duas grandes janelas em guilhotina na parte exterior e folha cega na interior, além de um vitrô de correr na copa e outro de basculante no banheiro, provavelmente resultados de alterações feitas ao longo do tempo.

fachada posterior mostrando a janela de guilhotina da cozinha

Grandes distâncias separam o edifício sede dos anexos e mesmo dos locais de trabalho, permanecendo o mesmo, isolado, com pastos à sua frente e um grande pomar na parte posterior.

3 comentários:

  1. Tenho um especial apreço pelos ladrilhos hidráulicos...
    Em Portugal, construídas na segunda metade do sec XX, também existem casas com esta tipologia.
    Cumprimentos.

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  2. aqui temos uma variedade muito grande de desenhos, que fazem o material muito apreciado também.
    ladrilhos belíssimos são os que revestem o piso do Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro.

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