quinta-feira, 29 de abril de 2010

album fotográfico de Goiânia

No início da década de 1940, A Fotográfica, laboratório de fotografias que atuou na capital goiana nas décadas iniciais da cidade, produziu um pequeno álbum de fotografias de Goiânia, medindo 9 cm x 6,5 cm, intitulado Lembranças de Goiânia “A capital caçula”, com dez fotos incluindo monumentos, flagrantes nas ruas da cidade e algumas vistas aéreas.
É, em todos os sentidos, um interessante e importante material de referencia sobre a história da cidade, que não pode deixar de ser apresentado.

capa do album medindo 9 cm x 6,5 cm

vista aérea tendo a praça do Bandeirante em primeiro plano
outra vista aérea, mostrando bem definido o plano de Atílio C. Lima para o Setor Central da cidade

vista aérea de sul para norte, com a praça Cívica em primeiro plano


mais uma foto aérea, tendo a catedral, em construção no primeiro plano e, ao fundo, o antigo aeroporto

quinta foto aérea, tendo ao centro a pista do aeroporto

flagrante da Av. Anhanguera, provavelmente o trecho entre a rua 20 e Av. Araguaia

coreto com o Palácio do Governo ao fundo

Grande Hotel, o mais importante, no decorrer das primeiras décadas da cidade

Av. Goiás, com a torre do relógio ao fundo

o Cine Teatro Goiânia, apresentando ainda a pintura em pó de pedra.

domingo, 25 de abril de 2010

mais um pouco de poesia


levaram meu sangue
como se coisa pouca fosse
levaram meus olhos
quando a indiferença
continha absurda
meu gesto.

levaram as palavras
que trazia escondidas
y que sequer usei

y levaram meu corpo morto
quando não protestei.

Nada mais – Gustavo Neiva coelho
Desenho: dom quixote – Roos de Oliveira

sábado, 17 de abril de 2010

arquitetura rural de Goiás VI

fazenda São Jerônimo I, na região do rio Verdinho

Apesar de apresentar elementos construtivos próprios da arquitetura rural tradicional do interior de Goiás, esse edifício utiliza uma forma de composição excepcional e exclusivo. Em sua fachada, é possível observar, foi, em época posterior à construção, incorporado um alpendre que ocupa toda a fachada da edificação.
A sala de visitas que, normalmente se encontra na parte central da composição, aqui está situada em um dos extremos, com a porta de acesso implantada no extremo esquerdo do edifício, em relação ao observador.

detalhe do beiral, com telha francesa e caibro corrido

Segue, na composição, a forma tradicional de divisão em dois blocos, sendo um, o principal, abrigando a sala, quartos e distribuição, e o outro, considerado secundário, incorporando a cozinha, despensa e demais compartimentos de serviço.
Excepcionalmente não apresenta desnível entre os dois blocos, estando todo o edifício em um único plano, havendo aí, como elemento diferenciador, apenas o uso de madeira no piso dos quartos e cimento queimado no restante dos compartimentos. As paredes são elaboradas em tijolo, apesar de apresentar estrutura em madeira e não em alvenaria armada, como seria usual em associação ao tijolo. Na cobertura, é possível observar dois tipos de elementos, sendo o corpo principal coberto com telha francesa e a parte de serviço utilizando telha capa-e-bica. A estrutura continua seguindo o padrão tradicional com o uso de pontalete.

estrutura da cobertura, com uso de reforço nos apoios

Tudo indica, nesse edifício, a existência de uma construção antiga que, com o passar dos anos, foi sofrendo modificações, alterando tanto sua tipologia quanto organização interna e elementos construtivos. A localização da sala em uma das extremidades da edificação, provoca o surgimento de um compartimento, na parte central, com a finalidade única de circulação, apensar de apresentar dimensões exageradas para isso, além de um quarto que, por ser exíguo, se apresenta mais como um pequeno depósito que como quarto de dormir.
Ao fundo da sala, fazendo passagem para a cozinha, existe um pequeno compartimento que, pela forma como estão dispostas as aberturas, não apresenta possibilidades de uso, servindo mesmo apenas como espaço intermediário de passagem.
No bloco de serviços, a cozinha se apresenta como o cômodo de maiores dimensões do edifício. Ao fundo toda a largura do bloco era, originalmente, ocupado pela despensa que, em tempos posteriores, foi subdividida para dar lugar a um pequeno banheiro.
Fechando o grande retângulo formado pelos dois blocos, existe um pátio com área próxima à ocupada pelo bloco de serviços, com pavimentação em tijolo e utilizado área complementar aos trabalhos domésticos.

porteira de acesso, com cerca de lascas de madeira

No que se refere à implantação, o que se percebe é também a escolha de um local, com base nos moldes tradicionais, em terreno de inclinação acentuada, com a fachada voltada para o aclive e aproveitamento do declive para o fornecimento de água, com o desvio de um rego, de córrego próximo, para atender às necessidades da casa.
O espaço fronteiro, que normalmente é utilizado para a implantação do curral, nesse caso é utilizado apenas como pasto, sendo os serviços relacionados ao trabalho com animais (ordenha, assistência, marcação, vacina), feito em considerável distância da casa. Também a criação de animais de pequeno porte, em sistema de confinamento (chiqueiro e galinheiro), se encontram afastados do local de moradia.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Vila Boa nos jornais XXXI

O Jornal de Goyaz, de 13 de fevereiro de 1921, publicou a seguinte matéria:

ESCOLAS


Um dos expoentes mais significativos do grau de civilização de um povo é a escola, comprehendido nesse termo o conjuncto de methodos de ensino, material e edifícios.
O estado de São Paulo installa as suas escolas em verdadeiros palacios. Os outros estados da União esforçam-se para seguirem-lhe o exemplo; provam-n’o as photographias de edifícios escolares a miudo publicadas nas revistas ilustradas do Rio. Os que assim precedem comprehendem que o futuro da nacionalidade elabora-se na escola.
E Goyaz? Ouçamos o que diz o Sr. Dr. Intendente Municipal da capital, em mensagem apresentada ao conselho em 22 de novembro último: “O ensino entre nós ainda está na sua forma primitiva”; mais adiante: “Outra questão de maximo interesse é a dos edifícios onde funccionam as escolas; acanhados, sem ar, sem luz, é um verdadeiro crime deixar que alí, aglomeradas, periclite a saude dessas creanças que frequentam as novas escolas”.
É um verdadeiro crime, diz o Governador da cidade, que é também médico, e não há outro qualificativo mais enérgico.
Conversando a respeito, há pouco tempo, com illustre sacerdote que tem dado immensas provas de amor a nossa terra, ouvi delle conceitos altamente honrosos para as devotadas professoras e a condemnação mais formal dos edifícios e material escolar que lhes são fornecidos e que havia tido occasião de observar, como membro de bancas examinadoras no ultimo ano escolar.
Que poderemos esperar da geração de goyanos que passa por taes escolas? Não estará nas escolas primárias a causa mater dos maus fados que perseguem o nosso estado e de que já se queixava o Presidente Couto de Magalhães?
O destino de cada povo, assim como o destino de cada homem, é o resultado de sua capacidade para a comprehensão e aplicação das leis moraes que regem toda a creação. Toda queixa contra o destino redunda em confissão de incapacidde.
Regularizado o trafego de automóveis entre a capital e Roncador, é provavel que a nossa capital, como está acontecendo com a de Matto Grosso, seja visitada por homens de destaque social, curiosos de conhecer a capital mais central do mais central estado do Brazil. Lá estão em companhia do General Rondon, o Dr. Altino Arantes, ex-Presidente de São Paulo e o Senador Botelho, ex-secretario da Agricultura do mesmo estado. Entre as homenagens prestadas pelo presidente Dr. Aquino aos illustres visitantes, noticia a imprensa um banquete no palacio da Instrucção. A instrucção tem pois em Cuyabá um palacio digno de ser mostrado aos antigos membros do governo do estado que desenvolve com maior carinho o ensino e educação do povo.
Quando recebermos visitas semelhantes, e estas desejarem conhecer nossas escolas, mostrar-lhes-emos o que ahí está?
Se o fizermos deixaremos de ser apenas victimas dos motejos que nos perseguem, e sel-ohemos tambem das mais severas e justas recriminações.
Ainda é tempo para o actual (...) suas vistas para este problema. O Sr. Desor. Alves de Castro, que dotou o ensino primario com um regulamento modelado nos modernos e adeantados princípios pedagógicos, poderia, si quizesse, completar sua obra, lançando as bases para a construcção de um modesto, mas amplo e hygienico edifício no centro da cidade que possa ser mostrado aos estranhos e em que fossem reunidas as escolas primarias da capital. Completaria assim Sua Exia., a obra encetada na sua passagem pela secretaria da instrucção.
Nenhuma applicação melhor poderá ser dada à parte do saldo existente nos cofres do estado e mesmo que não existisse, nenhum emprestimo mais justo se poderia efectuar do que o que fosse applicado em beneficiar a futura geração.
O exemplo estimularia a edificação de outros edifícios semelhantes nas cidades goyanas e que poderiam ser ornados, como se faz em São Paulo e Minas, com os nomes dos goyanos beneméritos, credores dessa homenagem, que outras como hermas, estatuas a nossa pobreza não permitte erigir.
Ahí fica mais uma ideia que, como as outras que tenho apresentado, servirá apenas para provocar um bocejo no leitor descrente. Terei ainda assim prestado um minusculo seviço: o bocejo, dizem os phisiologistas, é util ao organismo.

terça-feira, 13 de abril de 2010

patrimônio descaracterizado I

Cine Real, da cidade de Catalão

O antigo Cine Teatro Real, da cidade de Catalão, que funcionou como tal durante mais de meio século, esteve, por algum tempo, na última década do século, desativado, com seu edifício sendo utilizado para várias atividades. Recuperado, voltou a ser, com o nome de Stadium Real, a principal casa de espetáculos da cidade até que, muito recentemente foi definitivamente desativado, reformado e adaptado para novo uso, desta vez servindo a uma loja de roupas, Avenida, tendo sua fachada déco, totalmente descaracterizada.

Situado na principal praça da cidade, o Cine Real acabou tendo o mesmo destino de outros importantes edifícios em seu entorno: a demolição ou a total descaracterização, como se a cidade não tivesse direito a sua memória, e a população, a seu patrimônio.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ipameri cultural

Foi inaugurada no último dia dez de abril, a sede do Instituto de Cultura Romão Edreira, na cidade de Ipameri. Organizado pelo neto do homenageado, Luiz Fernando (Nando) Cosac, o Instituto conta já com um acervo considerável sobre a história da cidade, em literatura, fotografias, coleções de jornais e projetos arquitetônicos (são cerca de 400 originais de projetos de 1920 a 1960).
O edifício que serve de sede ao Instituto, construído em 1923, foi a residência de Romão Edreira, imigrante espanhol que chegou à cidade na década anterior como construtor e que, após exercer várias atividades profissionais, chegou a ser dono da primeira casa bancária do estado, que veio posteriormente a ser uma das bases de constituição do Banco do Estado de Goiás (BEG).
Amélia e Maria, filhas de Romão Edreira

solenidade de inauguração presidida por Nando Cosac

escritores Coelho Vaz e Bira Gali

segunda-feira, 5 de abril de 2010

patrimônio histórico XX

Fazenda Babilônia, em Pirenópolis

A sede do antigo Engenho São Joaquim, a atual Fazenda Babilônia, apresenta uma associação de elementos da arquitetura tradicional rural do período bandeirista, da arquitetura urbana do período minerador, além de elementos próprios, tendo em vista servir, ao mesmo tempo, como residência e engenho.
Como característica da arquitetura bandeirista destaca-se a localização do quarto de hóspede e da capela, em lados opostos, na parte fronteira do edifício, separados por um amplo alpendre. A união desses três elementos forma a ala social da edificação, o que determina uma área de proteção à parte íntima da residência.
A parte da edificação destinada à residência está estruturada como nas casas urbanas: os cômodos se desenvolvem lateralmente ao longo de um corredor central. Esse corredor que tem início na porta principal de acesso termina em uma ampla sala de convivência, denominada varanda, ligada tanto ao espaço da antiga cozinha, já demolida, quanto ao da atual, situada em posição oposta àquela. Ainda voltados para a varanda, existem quatro pequenos quartos, que limitam os fundos da edificação.
detalhe dos sinos da capela

Construída em adobe e pau-a-pique, com estrutura autônoma de madeira, dispõe de peças superdimensionadas tanto na estrutura das paredes quanto da cobertura, demonstrando uma possível preocupação com a interferência dos trabalhos do engenho na estrutura do restante do edifício.
No piso, como nas demais edificações da região, podem ser encontrados tanto o tabuado corrido como a mezanela, a laje de pedra e a mais recente substituição de alguns desses elementos pelo cimento queimado.
Por ser uma construção rural, há, em sua parte fronteira, um curral, para separação e ordenha do gado, cercado com muros de pedra. Tanto em uma das laterais do edifício-sede quanto na área que contorna o curral de pedras, observam-se referências de possíveis alicerces do que deveria ter sido a edificação das senzalas. Presume-se, pela extensão, que não deve ter sido uma construção pequena, já que um grande número de escravos deve ter servido nessa propriedade, levando-se em conta a documentação existente, além dos relatos de viajantes que por ali passaram no decorrer do século XIX. A proteção desse monumento é feita

Na esfera federal:
Processo 747-T-64
Inscrição 480, Livro das Belas Artes, fls. 87
Com data de 26 de abril de 1965

Na esfera estadual:
Pela Lei 8.915, de 13 de outubro de 1980

domingo, 4 de abril de 2010

Prosa e Verso no Diário da Manhã

O jornal Diário da Manhã, de hoje (4 de abril) na coluna do jornalista Ulisses Aesse, publicou uma noticio que queremos colocar como finalização para as notas sobre a coleção Goiânia em Prosa e Verso. Diz a notícia :
“A 3ª edição do Goiânia em Prosa e Verso expôs quatro gerações de escritores. O primeiro, Glicério Coelho, falecido em 1997, com a reedição de Memórias de um peão de boiadeiro. Seu filho Geraldo Coelho Vaz, com a 3ª edição de Diário de tropeiro; seus netos Gustavo Neiva Coelho com o livro de contos O último sambenito, Roseane Coelho, com Sache de minha alma e Paulo Sérgio Coelho Vaz, com Sol sem óculos escuros, todos de poesia e, por fim, seu bisneto, Fábio Coelho, com Conscientes Coincidências”.
É isso aí. Se a coleção é um record em publicação (136 títulos), a família Coelho é Record em escritores.

Gustavo no Prosa e Verso

Ao longo das últimas décadas tenho publicado uma série de livros sobre a arquitetura brasileira (e goiana em particular), além de dois livros de poesia e alguns de literatura infantil. Primeiro livro de ficção que publico, O último sambenito aparece nessa terceira versão da coleção Goiânia em Prosa e Verso apresentando quatro contos selecionados pela proximidade de temas, abrindo a possibilidade para, quem sabe, outras tentativas na área da ficção.

Os contos aqui apresentados são:
A sedição
O sítio dos vaga-lumes
O último sambenito, e
Frei Bernardo.

Fábio Campos Coelho no Prosa e Verso

Nascido em Goiânia, em 1988, Fabio Campos Coelho é um dos mais novos escritores participantes da coleção Goiânia em Prosa e Verso. Em seu primeiro livro publicado: Conscientes coincidências, Fabio apresenta um conjunto de poemas que falam do seu dia-a-dia de estudante, das rodas de amigos e do seu grupo familiar.

Atualmente cursa Letras na Universidade de Brasília e mantém o blog
http://suscitardaspalavras.blogspot.com/

Que não pare por aí.