sábado, 17 de abril de 2010

arquitetura rural de Goiás VI

fazenda São Jerônimo I, na região do rio Verdinho

Apesar de apresentar elementos construtivos próprios da arquitetura rural tradicional do interior de Goiás, esse edifício utiliza uma forma de composição excepcional e exclusivo. Em sua fachada, é possível observar, foi, em época posterior à construção, incorporado um alpendre que ocupa toda a fachada da edificação.
A sala de visitas que, normalmente se encontra na parte central da composição, aqui está situada em um dos extremos, com a porta de acesso implantada no extremo esquerdo do edifício, em relação ao observador.

detalhe do beiral, com telha francesa e caibro corrido

Segue, na composição, a forma tradicional de divisão em dois blocos, sendo um, o principal, abrigando a sala, quartos e distribuição, e o outro, considerado secundário, incorporando a cozinha, despensa e demais compartimentos de serviço.
Excepcionalmente não apresenta desnível entre os dois blocos, estando todo o edifício em um único plano, havendo aí, como elemento diferenciador, apenas o uso de madeira no piso dos quartos e cimento queimado no restante dos compartimentos. As paredes são elaboradas em tijolo, apesar de apresentar estrutura em madeira e não em alvenaria armada, como seria usual em associação ao tijolo. Na cobertura, é possível observar dois tipos de elementos, sendo o corpo principal coberto com telha francesa e a parte de serviço utilizando telha capa-e-bica. A estrutura continua seguindo o padrão tradicional com o uso de pontalete.

estrutura da cobertura, com uso de reforço nos apoios

Tudo indica, nesse edifício, a existência de uma construção antiga que, com o passar dos anos, foi sofrendo modificações, alterando tanto sua tipologia quanto organização interna e elementos construtivos. A localização da sala em uma das extremidades da edificação, provoca o surgimento de um compartimento, na parte central, com a finalidade única de circulação, apensar de apresentar dimensões exageradas para isso, além de um quarto que, por ser exíguo, se apresenta mais como um pequeno depósito que como quarto de dormir.
Ao fundo da sala, fazendo passagem para a cozinha, existe um pequeno compartimento que, pela forma como estão dispostas as aberturas, não apresenta possibilidades de uso, servindo mesmo apenas como espaço intermediário de passagem.
No bloco de serviços, a cozinha se apresenta como o cômodo de maiores dimensões do edifício. Ao fundo toda a largura do bloco era, originalmente, ocupado pela despensa que, em tempos posteriores, foi subdividida para dar lugar a um pequeno banheiro.
Fechando o grande retângulo formado pelos dois blocos, existe um pátio com área próxima à ocupada pelo bloco de serviços, com pavimentação em tijolo e utilizado área complementar aos trabalhos domésticos.

porteira de acesso, com cerca de lascas de madeira

No que se refere à implantação, o que se percebe é também a escolha de um local, com base nos moldes tradicionais, em terreno de inclinação acentuada, com a fachada voltada para o aclive e aproveitamento do declive para o fornecimento de água, com o desvio de um rego, de córrego próximo, para atender às necessidades da casa.
O espaço fronteiro, que normalmente é utilizado para a implantação do curral, nesse caso é utilizado apenas como pasto, sendo os serviços relacionados ao trabalho com animais (ordenha, assistência, marcação, vacina), feito em considerável distância da casa. Também a criação de animais de pequeno porte, em sistema de confinamento (chiqueiro e galinheiro), se encontram afastados do local de moradia.

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