terça-feira, 29 de setembro de 2009

Vila Boa nos jornais XIX

o jornal Nova Era, de 03 de agosto de 1916, publicou o seguinte

EDITORIAL


O Governo Municipal fez colocar nas praças Moreira Cezar e 1 de dezembro as placas indicadoras da nova denominação que, em virtude da resolução do conselho, lhe foi dada, de Praça Desembargador João Bonifácio, e Praça Senador Pinheiro Machado, a ultima.
Lembramos a proposito, aos illustres edis a conveniência de uma criteriosa revisão da nomenclatura de nossas ruas e praças públicas.
Povo pobre que somos, e privados de recursos faceis em centros de maior adiantamento, não temos sinão este meio de prestar culto aos nossos grandes homens já fallecidos: - o de dar-lhes os nomes veneraveis ás nossas vias urbanas.
É o pagamento de uma dívida de gratidão e é, ao mesmo tempo, um ensinamento. Um nome inscripto em uma placa recordará, para sempre, ás gerações vindouras que o deverão conhecer e venerar.
Em vez de tanto nome ridiculo que há por ahí chrismando ruas e viellas, demos-lhes nomes illustres de patricios mortos.
Já temos as ruas Bartholomeu Bueno, Coronel Santa Cruz, Dr. Corumbá, Mosenhor Azevedo, Felix de Bulhões, Moretti Foggia, e agora a praça Desembargador João Bonifácio, para só citarmos goyanos, em cujo número incluimos o descobridor e aquelle inolvidavel mantuano que aqui passou quasi toda a sua vida, pertransiit benefaciendo.
Quantos ainda há, que a história registra carinhosamente e que podem refulgir ao sol goyano, como exemplos a seguir, em todas as modalidades da vida humana!
Citemos ao acaso, Xavier Curado, Conde de São João das Duas Barras, gloria das armas brasileiras nos primeiros tempos de nossa nacionalidade; Silveira da Motta, o parlamentar ilustre, do segundo reinado; Comendador Joaquim Alves, comandante de Meya Ponte e fundador da imprensa goyana com a Matutina Meyapontense, periódico em que até o governo de Matto Grosso, onde não havia imprensa, fazia publicar os seus actos; o padre Luiz Gonzaga de Camargo Fleury, integralisador do nosso território; José do Patrocinio Marques Tocantins, o implantador entre nós, da imprensa moderna, com o Publicador Goyano; o saudoso cônego José Iria, typo acabado do sacerdote catholico, venerado pelo povo; o senador Caiado, franco e decidido pioneiro do liberalismo; o conselheiro Padua Fleury, presidente de várias Provincias, ministro da Agricultura e director da Faculdade de Direito de São Paulo; D. Manoel de Assis Mascarenhas, diplomata e parlamentar; o Dr. Theodoro Rodrigues de Moraes, fallecido em general e que por vezes administrou a Província; o sabio e modesto philologo Mestre Caiado, honra e gloria do magistério goyano; Raymundo Sardinha, fundador do gabinete litterario, a melhor coisa que possuimos depois do Azylo (ambos de iniciativa particular); e outros, tantos outros.
A ocasião é mais que oportuna para se por em prática a ideia que suggerimos. Ruas novas vão se abrindo nos bairros de nossa urbs, com bonitas construcções modernas: demos-lhes nomes de goyanos mortos. No centro poder-se-a fazer uma revisão não só da nomenclatura como da numeração, hoje inteiramente anarchisada.
Deixemos de lado, de uma vez para sempre, as ruas das violas, as ruas ernestinas, as ruas do canivete, os rententens, denominações inexpressivas, que nada significam, e improprias de um povo pobre, mas culto.

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