quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Estrada de Ferro Goyaz: detalhes construtivos


Em decorrência do período em que foram construídas, as estações ferroviárias implantadas no Sudeste goiano representam a modernização tecnológica da arquitetura no Estado, tirando Goiás da dormência técnica em que se encontrava, nivelando sua arquitetura com o que já era encontrado em outras regiões desde finais do século XIX. A arquitetura conhecida em Goiás, das décadas iniciais do século XVIII até esse momento,

não apresenta praticamente qualquer sinal de alteração, quer com relação ao programa, quer com relação às técnicas e à seleção de materiais construtivos utilizados. São praticamente duzentos anos de uma produção arquitetônica em que, além do uso dos mesmos materiais e técnicas, é repetido à exaustão um programa conhecido não só em Goiás, mas em praticamente todo o Brasil colonial (Coelho, 1998, p. 51).

Assim, o uso da alvenaria de tijolo em substituição ao adobe, taipa e pau-a-pique, a telha francesa, em oposição à capa-e-bica, o cimento queimado e o ladrilho hidráulico no piso e estruturas metálicas para sustentação de coberturas, em substituição à madeira, passam a ser vistos como a representação máxima da modernidade que, em muito pouco tempo, passam a determinar alterações profundas na arquitetura residencial e comercial do Estado.
piso em ladrilho hidráulico na estação de Anápolis

Convém observar que essa modernidade, mesmo enaltecida por sua importância, no sentido de levar Goiás a um patamar de igualdade com outras regiões do país, não significou a implantação de edifícios elaborados com a sofisticação encontrada em localidades como Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo ou Minas Gerais. São edifícios que, apesar de modificarem por completo os conceitos construtivos no território goiano, não alcançam o grau de complexidade de estações como aquelas encontradas tanto na capital quanto no interior dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, ou mesmo a de Araguari, última construída antes da linha cruzar o Paranaíba.

estrura de cobertura na estação de Bonfinópolis



pilar metálico na estação de Silvânia

A maior parte das estações goianas apresenta, como é o caso das de Caraíba e Ipameri, parte da cobertura da plataforma independente da do restante do edifício e sustentada por estruturas de ferro parafusadas em pilaretes de alvenaria. Algumas, como as de Bonfinópolis, Mestre Nogueira, Urutaí e Três Ranchos, já se estruturam de forma diferenciada, apresentando a cobertura da plataforma como uma extensão da do corpo principal do edifício, sustentada por estruturas de madeira do tipo mão francesa, de grandes dimensões, criando, no entanto uma sensação de leveza incompatível com seu volume.



bilheteria da estação central de Goiânia


bilheteria da estação de Anápolis

Com relação aos elementos decorativos, a maioria dos edifícios implantados pela ferrovia, tanto as estações como as residências de funcionários, apresentam escadas, contornos de portas e janelas, esquadrias, quadros de avisos e bilheterias caracterizados dentro dos conceitos próprios do ecletismo, estilo arquitetônico em uso à época, em praticamente todo o país.

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