terça-feira, 27 de outubro de 2009

iconografia vilaboense XVII

Casas da Pólvra de Goyaz

Apesar de ser referência constante nos relatórios de governo da segunda metade do século XIX, não existe qualquer indicação quanto ao momento em que, saindo das dependências do Quartel, essa atividade foi ocupar o edifício que foi sempre conhecido como suas instalações.
Um dos mais antigos documentos relacionados à Casa de Pólvora, é o relatório de Francisco Januário da Gama Cerqueira, que diz que

A casa da polvora é um acanhado edifício situado nos arrabaldes da capital, e que, tendo sido destinado primitivamente para uma pequena capella, não tem senão dous repartimentos, um maior onde está situado a pólvora, e outro menor, que era a sachristia, e serve hoje de quartel para as praças que ali existem destacadas. É de urgente necessidade mandar retelhar, rebocar e caiar todo o edificio.
Em 1872, foi construído, a uma certa distância do edifício, o que os relatórios denominam pequeno quartel, para abrigar o pessoal responsável pelo depósito, com maior segurança, composto de um único cômodo, bem arejado e ventilado, como pode ser visto na documentação iconográfica existente. Teria essa nova construção 30 palmos de frente, 32 de fundo e 20 de altura, utilizando cobertura de telha e paredes de pau-a-pique. As aberturas seriam 3 janelas e duas portas elaboradas em madeira da melhor qualidade. O relatório de Antero Cícero de Assis, de 1873, diz sobre essa nova construção que

Na proximidade do mesmo edifício levantou-se um quartel para os vigias, ou guardas da casa, que apresenta optimo aspecto e contem as accommodações necessárias, obra que era indispensável para prevenir um desastre qualquer n’um grande depósito de pólvora, como é aquelle, e entretanto, até então, os guardas moravão no mesmo edificio e ali fazião fogo e tinhão luz.

Nesse mesmo documento existe a informação de outra obra considerada de fundamental importância nesse edifício. Foi feito na sala menor – anteriormente utilizada como alojamento da guarda –, um cofre subterrâneo, revestido com alvenaria de pedra, para maior segurança, com capacidade para armazenar 500 palmos cúbicos de pólvora.
Sendo um edifício de pequenas dimensões e originalmente utilizado como capela, é possível observar sua organização característica de planta, onde se apresentam algumas particularidades interessantes. A primeira delas é o fato de apresentar contrafortes, como aqueles encontrados na Capela de Santa Bárbara, elemento que, de uso corriqueiro na arquitetura própria do período colonial, teve número reduzidíssimo de exemplares no estado de Goiás. A segunda refere-se mais à maneira como a documentação descreve o edifício, denominando de sacristia o compartimento que a primeira vista seria identificado como capela-mór. Provavelmente o erro tenha sido da descrição feita pelo engenheiro, já que, pelo tamanho do edifício e disposição de seus cômodos, dificilmente a sacristia ficaria nessa posição, sendo mais lógico que ali estivesse a capela-mór, já que nas construções religiosas de menor porte, dispensavam-se o uso de sacristia.
No geral, a presença desse edifício – o menor dos edifícios militares da antiga Vila Boa – nos relatórios de governo do século XIX está ligada diretamente às informações sobre grandes necessidades e pequenos reparos, além da constante falta de recursos para que tais reparos pudessem ser levados a efeito.

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