Deposito de Artigos Bélicos
Desde a década de 1840, o Deposito de Artigos Bélicos, sediado em um compartimento impróprio, nas dependências do Quartel do XX comparece como preocupação nos relatórios de governo, que cobravam verbas para sua transferência para local mais adequado. Em 1858 chegou-se a sugerir o aluguel de residências particulares para acomodação do armamento e demais equipamentos militares, sendo que, pelos relatórios da época é possivel observar, não foram encontrados edifícios com acomodações suficientes. Passando posteriormente a utilizar o edifício da antiga Casa de Fundição do Ouro, inaugurada em 1750 e desativada em 1822, o referido depósito deveria, em princípio estar aí em caráter provisório passando, como tempo, a incorporar essa edificação praticamente de forma permanente.
Desde a década de 1840, o Deposito de Artigos Bélicos, sediado em um compartimento impróprio, nas dependências do Quartel do XX comparece como preocupação nos relatórios de governo, que cobravam verbas para sua transferência para local mais adequado. Em 1858 chegou-se a sugerir o aluguel de residências particulares para acomodação do armamento e demais equipamentos militares, sendo que, pelos relatórios da época é possivel observar, não foram encontrados edifícios com acomodações suficientes. Passando posteriormente a utilizar o edifício da antiga Casa de Fundição do Ouro, inaugurada em 1750 e desativada em 1822, o referido depósito deveria, em princípio estar aí em caráter provisório passando, como tempo, a incorporar essa edificação praticamente de forma permanente.
Em seu relatório de 1859, Gama Cerqueira já localiza o Depósito de Artigos Bélicos no edifício, segundo ele denominado casa da fundição, situado na rua do mesmo nome que considerou de espaço suficiente, necessitando apenas de alguns reparos para o que já estava tomando as devidas providências.
Em 1862, Alencastre já informava que
As obras precisas no edifício que serve de depósito dos artigos bélicos forão avaliadas pelo engenheiro Ernesto Vallée em 7:965$432 réis; mas não existindo na secretaria nem planta nem relatório d’esta obra, não podendoPor isso conhecer precisa e detalhadamente o que se tem a fazer, ordenei de novo que o engenheiro Dr. Oliveira Lobo procedesse a um exame em todo o edifício, e levantasse a planta das altrações que são n’elle precisas, dando também o competente relatório, para d’este modo ter lugar os melhoramentos exigidos,
o que já demonstrava a intenção de permanência, não havendo referência a construção ou mesmo transferência para outro edifício, provavelmente pelo fato de ser o edifício da Fundição pertencente ao governo provincial.
No ano seguinte, 1863, Couto de Magalhães reclamava da demora na execução das obras, creditando tal demora à falta de mão-de-obra competente. E, ao passar o governo para João Bonifácio Gomes de Siqueira, em 1864, diz Magalhães em seu relatório que
Está concertada parte d’este edificio, concluídos os novos cômodos que mandei construir nos fundos do mesmo edifício; e forão collocadas prateleiras para ficarem bem accondicionados os objectos alli arrecadados. Falta ainda conclui-se a frente do edificio.
Essa é uma informação importante para se compreender a organização da planta do edifício, pois, se Couto de Magalhães mandou que se construíssem o bloco situado na parte posterior do conjunto, o edifício da Casa da Fundição era representado então apenas pelo bloco ao nível da rua, composto de cinco compartimentos. O que então se construiu, com três cômodos, representa hoje o bloco utilizado como auditório, copa e sanitários, havendo sido uma das salas menores transformada em palco para apresentações. Convém observar no entanto que, em 1867, o encarregado das obras militares, Joaquim Rodrigues de Moraes Jardim, informava ao presidente da Província, Augusto Ferreira França, que
Esse edifício construído de adobas verdes e em máo tempo na administração do antecessor de V. Ex., o Sr. Dr. Couto de Magalhães, felizmente para mim durante a minha ausência, por ter ido à Corte em deligência do serviçopúblico, estava em meio de reparação, quando V. Ex. assumiu a presidência: foi acabada e ninguém diria que o Estado ainda tivesse de com elle dispender. - As últimas chuvas, porém, causarão-lhe tão grandes estragos que V. Ex. dignou-se de ordenar-me que o mandasse reparar com urgência - foi-me necessário, para cumprir as ordens de V. Ex. , empregar parte da quantia destinada para os reparos da casa da polvora. - Ficarão concluídos no dia 23 do mez passado; mas não asseguro a V. Ex. que sejão os últimos.
Recuperado por Moraes Jardim, o edifício foi por esse oficial considerado a única construcção n’esta Capital, que pela fachada e distribuição de commodos representa um edifício público.
Em 1874 já era solicitada reforma no sentido de se fazer um piso de madeira para todo o edifício, que, segundo o responsável pelo Depósito, evitaria a umidade que tanto arruinava o material aí armazenado. Tal obra só aparecerá em relatório, como concluída, em 1883, quando da passagem de governo, de Theodoro Rodrigues de Moraes para Antonio Gomes Pereira Junior.
Provavelmente, em decorrência da necessidade de um projeto, ou mesmo de orçamento para que tais obras fossem executadas, em 1880, o mesmo engenheiro Joaquim Rodrigues de Moraes Jardim promoveu o levantamento e organização de desenhos do edifício da antiga Casa de Fundição, agora destinada ao uso definitivo dos artigos bélicos.
Tal levantamento, como pode ser visto em documentação existente no Centro de Documentação do Exército, em Brasília, mostra a fachada do edifício, já apresentando uma platibanda neoclássica apoiada em cimalha, com um frontão triangular central, próprios dos edifícios oficiais do século XIX. O edifício conserva, no entanto o número de aberturas assim como o ritmo, as proporções e o equilíbrio entre cheios e vazios, característicos das construções coloniais. As aberturas - três janelas e uma porta na extremidade direita da fachada - apresentam folhas almofadadas e sobrevergas retas em relevo. A platibanda se encontra apoiada em duas falsas colunas situadas nas extremidades da fachada. Tais colunas apresentam base mais larga e um capitel de linhas retas na junção com a platibanda
A planta do edifício encontra-se - em 1880 - tal como pode ser observada hoje, com mínimas alterações, como a inclusão de um pequeno cômodo na pátio interno - que já não mais existe - e uma parede separando em dois compartimentos o espaço que hoje se conhece como sendo o auditório, composto de platéia e palco. No restante é o mesmo número de salas, com as mesmas dimensões, inclusive com a separação em dois blocos.
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