Companhia de Aprendizes Militares de Goyaz
Criada através do Decreto n. 6205, de 03 de junho de 1876, a Companhia de Aprendizes Militares de Goyaz, por falta de local próprio para acomodações, teve autorização do governo imperial, através do Ministério da Guerra, para alugar edifícios particulares para, em carater provisório iniciar suas atividades na capital da Província. Para tanto foi, no ano seguinte, celebrado um contrato de aluguel com João Fleury Alves de Amorim, de um edifício situado na parte alto do Largo do Chafariz, objetivando o início imediato das atividades da Companhia.
Como primeiro dirigente foi designado o Comandante do Exército Antonio Fleury Curado, tendo o alferes reformado Joaquim Duarte Teixeira como Agente Quartel-Mestre.
Em 1879 o edifício contratado já era considerado acanhado e incapaz de abrigar sequer metade da população que deveria atender. Em relatório datado desse ano, Luiz Augusto Crespo já dizia que
Acha-se mal accommodada em um prédio particular, de dimensões acanhadas e o seo pessoal não está ainda completo, o que seria fácil conseguir pelo grande número de crianças quase desvalidas que se encontrão nas ruas desta capital. Não tentei aqui o meio empregado pela policia da Côrte e de outras provincias para obter menores em condições de servirem, por ter verificado a incapacidade do edificio que, como disse, mal comporta onumero de aprendizes que actualmente existe.
Em 1880 já era feita a primeira proposta de modificação do prédio, objetivando melhores acomodações. Propunha-se, por essa época, o aluguel de outra residência, contígua à já utilizada pela Companhia, promovendo a ligação entre elas através da abertura de portas, além do alargamento de alguns cômodos, provavelmente com a demolição de algumas paredes internas.
Aparece então a primeira intenção em se transferir a Companhia para um próprio do governo, com a sugestão de que se adquirisse ou mesmo se construísse edifício com acomodações suficientes para tal fim.
Em 1882, tendo vencido o contrato de aluguel com João Fleury Alves de Amorim, Theodoro Rodrigues de Moraes propõe a transferência dos Aprendizes para outro edifício, levando em consideração a necessidade de também o Esquadrão de Cavalaria ter que procurar novas acomodações. Abrindo concorrência para novos contratos de aluguel, diz o Presidente da Província que
A commissão que nomeei para abrir e apreciar as propostas que fossem apresentadas, deu-se seu parecer acompanhado das propostas em numero de seis que foram apresentadas.
Reconhecendo, porem, a commissão a necessidade de despender-se não pequena somma com o asseio e indispensáveis accommodações dos predios preferidos, e não estando esta presidência autorisada a mandar fazer semelhante despeza, levei o occorrido ao Ministério da Guerra para resolver o que entendesse mais conveniente. Por aviso de 12 de Abril declarou-me o mesmo ministro que não achando-se, segundo o parecer da commissão, nenhum dos predios offerecidos em concurrencias nas condições de prestar-se perfeitamente ao uso a que é destinado, e não existindo nesta capital outros melhores para esse fim, mandasse esta presidencia organizar, depois de escolhido lugar proprio, um plano de construcção dos dous quarteis de que se trata.
Em seguida informa Theodoro Rodrigues de Moraes que, de acordo com relatório fornecido pelo responsável pelas obras militares, já estaria pronto o projeto para o quartel da Companhia de Aprendizes Militares, sugerindo ainda que, o Esquadrão de Cavalaria, poderia ser aquartelado no edifício utilizado naquele momento pela Enfermaria Militar, sendo que para esta deveria ser edificado o projeto elaborado anteriormente por Ernesto Vallée, junto ao Quartel do XX, sobre os alicerces já iniciados e abandonados em tempos de governos anteriores.
Cópia do projeto de Moraes Jardim para o quartel da Companhia de Aprendizes Militares existente nos arquivos do Centro de Documentação do Exército, em Brasília, mostra, em planta, uma semelhança muito grande com o existente hoje no Quartel do XX. Apresentando desenho mais regular que o do antigo Quartel dos Dragões, o dos aprendizes demonstra as qualidades próprias de um edifício planejado, com compartimentos de dimensões definidas pelas necessidades da corporação e uma ortogonalidade mais claramente demonstrada. Um pátio central para manobras e atividades físicas se apresenta cercado, em seus quatro lados, por um avarandado, bem de acordo com as exigências do clima existente na região onde a cidade está implantada.
Quanto à fachada, como era normal aos edifícios oficiais do século XIX imperial, transparecem as características próprias do neoclássico com platibanda escondendo a cobertura, provavelmente em telha canal, mais fácil de se encontrar na região; porta de acesso centralizada, apresentando conjuntos de oito janelas de cada lado. Nas extremidades, falsas colunas, decorativas, sugerindo modelos clássicos de estrutra. Observa-se ainda o destaque dado ao acesso principal, com frontão apoiado em colunas e brazão centralizado. Difere a fachada desse edifício daquela encontrada no Quartel do XX, pelo fato de não apresentar sobrado e demonstrar maior preocupação com o equilíbrio e com a composição.