arquitetura rural de Goiás III

fazenda São Jerônimo, na região de São Simão

A casa sede da fazenda São Jerônimo em nada se parece com o tipo de arquitetura tradicional encontrada no meio rural goiano. Construída toda em madeira, com espessura de não mais que 3 cm, permite observar um conhecimento técnico da parte do construtor, assim como um total controle em relação ao material utilizado, com a escolha das peças certas, não permitindo empenas, mesmo não havendo trabalhos mais elaborados de encaixe.

vista lateral do edifício com parte do alpendre de serviço

Organiza-se a partir do acesso principal, feito diretamente sobre a sala de visitas, para onde se abre um quarto de dimensões razoáveis e o corredor de distribuição que leva diretamente à cozinha, este sim, o compartimento de maiores dimensões na edificação. Dois quartos fazem o alinhamento da sala e um outro, de menores dimensões, se abre sobre a cozinha, não apresentando abertura para o exterior, o que leva a crer que tenha sido pensado para uso de despensa.
Apresenta o corpo principal na forma de um quadrado, sendo alongado para um retângulo, com o acréscimo de um amplo alpendre onde, a um canto, estão situados o banheiro e tanque de serviço.

detalhe do para-peito da janela tambem em madeira

A cobertura do corpo principal é feita em quatro águas, com telha francesa apoiada em estrutura de pontalete, desvinculada da que protege o alpendre, dando a esse ultimo a impressão de ser realmente um acréscimo, e não um compartimento pensado originalmente como parte integrante da edificação original. O piso, em toda a construção é de cimento queimado, demonstrando uma praticidade no que se refere à manutenção e limpeza.

detalhe do beiral utilizando telha francesa e caibro corrido

Nenhum dos cômodos apresenta forro ou mesmo parede interna que ultrapasse a altura das externar, utilizadas para apoio da estrutura da cobertura. É interessante observar a forma como são organizadas as janelas, apresentando todas elas um parapeito mais largo (cerca de 20 cm), utilizado para apoio de objetos ou mesmo de alguma decoração ou vaso com planta.
Também a forma de organização do trabalho e implantação das demais edificações diferem substancialmente do tradicional em Goiás. Inexiste nessa fazenda o curral situado imediatamente à frente da casa sede, sendo todo o trabalho com animais (ordenha, assistência, marcação, vacina) é feito em galpões situados a certa distância da casa. É possível ver animais no espaço compreendido entre a entrada da propriedade e a sede, mas espalhados como em um pasto, e não, cercados, como em um curral. O pomar, extremamente reduzido em sua diversidade, encontra-se na parte posterior da casa, apresentando algumas goiabeiras, mixiriqueiras e um pé de tamarindo, em oposição à grande diversidade apresentada nas fazendas tradicionais do estado.