quarta-feira, 20 de maio de 2009

Ferrara: a modernização renascentista

Das cidades medievais italianas que passaram por transformações modernizantes, decorrentes de projetos pré-elaborados no decorrer dos séculos XV e XVI, Ferrara é a que se apresenta como o exemplo mais representativo e característico. Capital do território comandado pela família d’Este, a cidade passa por uma intervenção considerável, por volta de 1451, sob a administração do Conde Borso d’Este, com obras de saneamento, drenagens e alinhamento do canal, sobre o qual construiu uma via que, em certa medida, passa a orientar a nova ordenação urbana, com a criação de quarteirões, e a ampliação do espaço urbano, com a implantação de um novo perímetro de muralha.
Catedral de Ferrara: edifício do período medieval

No final do século, novas reformas são efetivadas, com a expansão do centro urbano, construção de novas vias, mais largas e retilíneas, onde se estabelecem as principais residências nobres, ordenação das novas áreas a serem ocupadas, construções de uma nova muralha mais apropriada aos novos tempos e a construção de uma grande praça – a Praça Nova, atual Praça Ariostea – para onde deveria se transferir o centro cívico em oposição ao antigo, situado no centro da cidade velha.

Praça Ariostea, implantada com as transformações feitas por Ercole I d'Este

São definidos no novo espaço, dois importantes eixos que se cruzam de forma perpendicular, onde são construídos dois imponentes edifícios: o Palácio dos Diamantes e o Palácio Turchi-di-Bagno.

Detalhe do Palácio dos Diamantes, no cruzamento dos principais eixos da nova ampliação.
Palácio Turchi-di-Bagno, em frente ao Palácio dos Diamantes.

Com tais reformas, Ferrara passa a ser vista como um centro urbano que expressa um grau de modernidade sem comparação em toda a Europa, influenciando praticamente todos os projetos desenvolvidos para as principais cidades italianas, como Roma, Milão, Florença e Gênova.
Convém observar que, ao longo dos séculos em que esteve no comando da cidade de Ferrara, a família d’Este teve sempre a preocupação de promover não só melhorias urbanas, mas também cercar-se do que existia de mais refinado na cultura da época, hospedando artistas, poetas, escritores e teatrólogos, entre eles, Ariosto (Orlando Furioso), Tasso (Jerusalém Libertada), Piero della Francesa e Roger van der Weyden, entre outros. De acordo com Marco Folin, também Leon Battista Alberti esteve em Ferrara a convite do Conde d’Este, tendo executado aí seus primeiros projetos, como a estátua eqüestre de Nicolo III d’Este e a torre da catedral.

Estatua eqüestre de Nicolo III d'Este sobre arco, atribuida a Leon Battista Alberti

Torre da Catedral, atribuida a Leon Battista Alberti.


Um comentário:

  1. O palácio dos diamantes tem uma arquitectura muito proxima da casa dos bicos de Lisboa. Bom trabalho sobre Ferrara. Despertou a curiosidade.
    Abraço do outro lado do Atlantico

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