O mapa de 1770
Um dos mais antigos documentos iconográficos de Vila Boa, é um mapa que o Dossiê de proposição à UNESCO para a inscrição da cidade de Goiás na lista de Monumentos da Humanidade apresenta como sendo de autor desconhecido, pertencente ao Arquivo Ultramarino e datado de 1770. O mesmo mapa aparece no livro de Nestor Goulart Reis Filho, como pertencendo ao Museu Botânico Bocage, de Lisboa.
Um dos mais antigos documentos iconográficos de Vila Boa, é um mapa que o Dossiê de proposição à UNESCO para a inscrição da cidade de Goiás na lista de Monumentos da Humanidade apresenta como sendo de autor desconhecido, pertencente ao Arquivo Ultramarino e datado de 1770. O mesmo mapa aparece no livro de Nestor Goulart Reis Filho, como pertencendo ao Museu Botânico Bocage, de Lisboa.
Esse documento aparece também nos estudos de Roberta Delson, datado erroneamente de 1782, em cuja legenda a historiadora norte-americana, que nunca esteve em Goiás, afirma ser de um provável realinhamento acontecido, pela data sugerida, durante o governo de Cunha Menezes.
Pela forma quase grosseira com que o desenho foi elaborado, é possível a qualquer um perceber que não existe aí, nenhuma tentativa de realinhamento, mesmo porque, ao compararmos tal desenho com a situação real existente na cidade, ainda hoje, pode-se observar que toda ela teria que ser demolida, para assumir a forma supostamente proposta. E mesmo que, o que se tem no mapa é o mesmo traçado conhecido, com as ruas principais, as secundárias e mesmo os becos de ligação, como o Vila Rica, o Mingu, e o Sócrates, entre outros.
A mesma forma distorcida de entender e representar o espaço urbano pode ser observado também no mapa levantado pelos engenheiros Joaquim Rodrigues de Moraes Jardim, Feliciano Rodrigues de Moraes e Manoel Baylão, em 1863, só que com outra conotação: estão aí todas as ruas, becos, vielas e largos existentes ainda hoje, só que, deformados no sentido de apresentar uma irregularidade muito maior do que aquela que a topografia imprimiu à antiga capital.
Trata-se, portanto, apenas de um desenho mal elaborado a partir de uma visada improcedente, de mais fácil execução do que a graficação correta, em obediência a difíceis levantamentos topográficos, elaborados com equipamentos que provavelmente seu autor não possuía.
Quanto à data, basta observar as edificações de maior destaque existentes no meio urbano, para perceber que o erro na sua formulação é gritante. A simples presença da antiga capela de Nossa Senhora da Boa Morte, no local onde hoje se encontra o chafariz de mesmo nome é suficiente para ver que o mapa é de um período anterior a 1778, data de inauguração do chafariz e, é bom lembrar, inaugurado por José de Almeida Vasconcelos Soveral e Carvalho, antecessor de Cunha Menezes. Podemos inclusive ir um pouco além. Não aparece qualquer referência à igreja de Santa Bárbara, cuja construção foi iniciada em 1775.
As afirmações de Roberta Delson quanto a esse mapa provocam, de certa maneira, uma incorreção no desenvolvimento de estudos posteriores sobre Vila Boa, já que vários outros trabalhos tem sido elaborados tomando tais afirmativas como verdadeiras, e passadas adiante sem uma análise crítica mais acurada.
Percebe-se nesse mapa, a ocupação de praticamente toda a área considerada hoje como sendo o centro histórico da cidade, faltando basicamente a ocupação de parte do Largo do Chafariz, tanto à esquerda quanto à direita da Casa de Câmara e Cadeia, edifício de dois pavimentos, projetado em Lisboa, e não mais aquele térreo apresentado pelos prospectos de 1751, além da região compreendida entre a igreja de Santa Bárbara, Rua de Santa Bárbara até às margens do Rio Vermelho, junto da atual Praça do Mercado.
Trecho da atual Rua 15 de Novembro, a Rua Última, do século XVIII, aparece no mapa, como limite do espaço urbano, assim como a indicação do campo da forca, fora da área ocupada por moradores, que, apesar de não estar referenciado, estabelece-se ao largo da estrada para o Arraial da Barra. Aqui a Rua do Carmo se apresenta extremamente reduzida, tendo seus limites entre a Ponte do Marinho e a Rua nova, atual Eugênio Jardim. Somente no projeto de orientação do crescimento da Vila, elaborado doze anos depois, essa rua aparece com ampliação feita, e é bom anotar que, como proposta de implantação futura, caso a população crescesse e houvesse pedidos de terrenos para construção de novas casas, a ponto de justificar sua extensão.
É possível ainda observar, nesse mapa, a inexistência de ruas desocupadas de construções, do que se pode depreender não ser o objetivo do trabalho, uma proposta de planejamento ou ordenação da ocupação do solo urbano. Trata-se nesse caso, como em vários outros - 1867, 1884, 1903, 1918, 1936, etc -, na mesma Vila, apenas do levantamento e desenho da situação em que se encontrava o núcleo, como forma de documentação.
Caso estivesse correta a afirmação de Delson, fosse esse mapa realmente elaborado em 1782 e sua função a de re-alinhar as ruas de Vila Boa, estaria havendo uma superposição de funções, já que o prospecto do soldado Guimarães, encomendado oficialmente por Cunha Menezes, esse sim, datado de 1782 e apresentando um estudo de ocupação além de direcionar o provável crescimento da capital goiana.
Apresenta ainda, o mapa de 1770, mesmo que sem legenda que oficialize a informação, o grande número de chácaras, não só no entorno, mas dentro da malha urbana da Vila. Tais chácaras podem ser identificadas nos terrenos ocupados hoje pelo Quartel da Polícia Militar, pelo Colégio Alcide Jubé e pela sede da Diocese, antigo Seminário Santa Cruz e atual residência do Bispo Diocesano.
Pela forma quase grosseira com que o desenho foi elaborado, é possível a qualquer um perceber que não existe aí, nenhuma tentativa de realinhamento, mesmo porque, ao compararmos tal desenho com a situação real existente na cidade, ainda hoje, pode-se observar que toda ela teria que ser demolida, para assumir a forma supostamente proposta. E mesmo que, o que se tem no mapa é o mesmo traçado conhecido, com as ruas principais, as secundárias e mesmo os becos de ligação, como o Vila Rica, o Mingu, e o Sócrates, entre outros.
A mesma forma distorcida de entender e representar o espaço urbano pode ser observado também no mapa levantado pelos engenheiros Joaquim Rodrigues de Moraes Jardim, Feliciano Rodrigues de Moraes e Manoel Baylão, em 1863, só que com outra conotação: estão aí todas as ruas, becos, vielas e largos existentes ainda hoje, só que, deformados no sentido de apresentar uma irregularidade muito maior do que aquela que a topografia imprimiu à antiga capital.
Trata-se, portanto, apenas de um desenho mal elaborado a partir de uma visada improcedente, de mais fácil execução do que a graficação correta, em obediência a difíceis levantamentos topográficos, elaborados com equipamentos que provavelmente seu autor não possuía.
Quanto à data, basta observar as edificações de maior destaque existentes no meio urbano, para perceber que o erro na sua formulação é gritante. A simples presença da antiga capela de Nossa Senhora da Boa Morte, no local onde hoje se encontra o chafariz de mesmo nome é suficiente para ver que o mapa é de um período anterior a 1778, data de inauguração do chafariz e, é bom lembrar, inaugurado por José de Almeida Vasconcelos Soveral e Carvalho, antecessor de Cunha Menezes. Podemos inclusive ir um pouco além. Não aparece qualquer referência à igreja de Santa Bárbara, cuja construção foi iniciada em 1775.
As afirmações de Roberta Delson quanto a esse mapa provocam, de certa maneira, uma incorreção no desenvolvimento de estudos posteriores sobre Vila Boa, já que vários outros trabalhos tem sido elaborados tomando tais afirmativas como verdadeiras, e passadas adiante sem uma análise crítica mais acurada.
Percebe-se nesse mapa, a ocupação de praticamente toda a área considerada hoje como sendo o centro histórico da cidade, faltando basicamente a ocupação de parte do Largo do Chafariz, tanto à esquerda quanto à direita da Casa de Câmara e Cadeia, edifício de dois pavimentos, projetado em Lisboa, e não mais aquele térreo apresentado pelos prospectos de 1751, além da região compreendida entre a igreja de Santa Bárbara, Rua de Santa Bárbara até às margens do Rio Vermelho, junto da atual Praça do Mercado.
Trecho da atual Rua 15 de Novembro, a Rua Última, do século XVIII, aparece no mapa, como limite do espaço urbano, assim como a indicação do campo da forca, fora da área ocupada por moradores, que, apesar de não estar referenciado, estabelece-se ao largo da estrada para o Arraial da Barra. Aqui a Rua do Carmo se apresenta extremamente reduzida, tendo seus limites entre a Ponte do Marinho e a Rua nova, atual Eugênio Jardim. Somente no projeto de orientação do crescimento da Vila, elaborado doze anos depois, essa rua aparece com ampliação feita, e é bom anotar que, como proposta de implantação futura, caso a população crescesse e houvesse pedidos de terrenos para construção de novas casas, a ponto de justificar sua extensão.
É possível ainda observar, nesse mapa, a inexistência de ruas desocupadas de construções, do que se pode depreender não ser o objetivo do trabalho, uma proposta de planejamento ou ordenação da ocupação do solo urbano. Trata-se nesse caso, como em vários outros - 1867, 1884, 1903, 1918, 1936, etc -, na mesma Vila, apenas do levantamento e desenho da situação em que se encontrava o núcleo, como forma de documentação.
Caso estivesse correta a afirmação de Delson, fosse esse mapa realmente elaborado em 1782 e sua função a de re-alinhar as ruas de Vila Boa, estaria havendo uma superposição de funções, já que o prospecto do soldado Guimarães, encomendado oficialmente por Cunha Menezes, esse sim, datado de 1782 e apresentando um estudo de ocupação além de direcionar o provável crescimento da capital goiana.
Apresenta ainda, o mapa de 1770, mesmo que sem legenda que oficialize a informação, o grande número de chácaras, não só no entorno, mas dentro da malha urbana da Vila. Tais chácaras podem ser identificadas nos terrenos ocupados hoje pelo Quartel da Polícia Militar, pelo Colégio Alcide Jubé e pela sede da Diocese, antigo Seminário Santa Cruz e atual residência do Bispo Diocesano.
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