quarta-feira, 29 de julho de 2009

patrimônio histórico IV


Coreto em Ipameri


Fundada nas décadas iniciais do século XIX, a cidade de Ipameri, antiga Vaivém ou Entre Rios, teve sua economia sempre baseada na atividade agropecuária, não só de produção, mas também de processamento, com grande número de charqueadas e curtumes implantados em seu município, mantendo até mesmo uma certa tradição de exportação dos produtos ali elaborados.
Recebeu grande impulso com a implantação dos trilhos da estrada de ferro, sendo a cidade que mais se desenvolveu com a chegada da ferrovia ao estado de Goiás.
Ipameri foi, nas primeiras décadas do século XX, um dos principais pólos econômicos e culturais do estado, com vários jornais, dois cinemas funcionando simultaneamente, além de bibliotecas e grupos de promoção cultural.

construído na década de 1920, o atual coreto de Ipameri substituiu um outro mais antigo e de menores dimensões

Erguido no centro da principal praça da cidade de Ipameri, próximo ao cinema e a outros edifícios de igual importância, o coreto foi construído seguindo as características do modelo eclético de arquitetura que se propagou pelo interior do estado de Goiás nas primeiras décadas do século XX.

vista aérea mostrando o coreto no centro da praça, tendo em seu entorno o cinema, agências bancárias e comerciais

Elemento indispensável em toda praça de cidade do interior, o coreto se apresenta geralmente em dois pavimentos: no pavimento inferior é instalado, na maioria das vezes, um bar ou mesmo sanitários públicos; a parte superior, toda aberta, é utilizada unicamente para apresentações de bandas ou mesmo corais.

solenidade pública no coreto em 1939

Esse tipo de construção foi, durante as décadas finais do século XIX e a primeira metade do XX, um dos principais pontos de convergência das atividades culturais das cidades do interior em todo o país, chegando, em algumas localidades, a haver disputas entre bandas e corais, para se apresentarem ao público naquele que era o mais popular dos espaços públicos de divulgação cultural das cidades.
O coreto de Ipameri, construído em alvenaria e concreto, apresenta uma planta hexagonal e um requintado conjunto de elementos decorativos em alto e baixo relevo, que o qualificam como um dos mais bem-elaborados do estado. Apresenta como cobertura, uma laje plana, em oposição aos modelos encontrados anteriormente, construídos em metal ou madeira, com reproduções de cúpulas, ou a imitação de quiosques europeus, que não deixam também de ter sua graça e relevância.

porta de acesso à parte superior, apresenta grade com desenho art nouveau e a data 1923

Com o desaparecimento das bandas e corais populares como atividade de interesse de divulgação cultural, os coretos perderam seu sentido de originalidade. Em alguns locais são utilizados para outros fins, como bar ou mesmo como mirante; em outros são simplesmente demolidos para dar lugar a novos tipos de aproveitamento do espaço.
Em Ipameri, o coreto é utilizado atualmente apenas em sua parte inferior, onde foram instalados sanitários para uso público; a parte superior é ocupada como depósito de equipamentos da prefeitura, para a manutenção da praça. A proteção desse monumento é feita

na esfera municipal:
pela Lei 516, de 10 de dezembro de 1991

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