segunda-feira, 31 de agosto de 2009

José A. Neddermeyer e o Congresso Eucarístico

Em outubro de 1948, realizou-se em Goiânia, o Congresso Eucarístico de Goiânia, comemorando o Jubileu Episcopal do arcebispo D. Emmanuel Gomes de Oliveira.
Tal celebração aconteceu na Praça Cívica, em frente ao palácio do governo, sendo para tanto, construído um altar monumental, com espaço para celebração e abrigo para autoridades, à frente do qual foram instalados bancos para a população em geral.
O projeto do altar ficou a cargo do arquiteto José Amaral Neddermeyer, que apresentou um desenho com características art déco que, teve toda a sua monumentalidade totalmente integrada ao espaço e conjunto arquitetônico da praça, cujos edifícios seguem o mesmo modelo utilizado no monumento.
O altar da celebração, situado no centro de uma ampla esplanada horizontal, cujo acesso é feito por dois largos conjuntos de degraus, encontra-se ao pé do monumento eucarístico. De cada lado do monumento dois conjuntos de quatro colunas encimadas por bandeiras imprimem um caráter de verticalidade e equilíbrio, próprios do déco.
vista do altar monumental com os prédios do governo ao fundo
o altar visto do terraço do palácio do governo

vista noturna do monumento com predominância das linhas verticais


domingo, 30 de agosto de 2009

um pouco de poesia

sobrou da última palavra
apenas o encanto.
da última vontade
ficou a verdade da intenção.
y sobrou nas mãos
a lâmina
úmida, rubra, solidária
no ato último
da última decisão.

sobras e coisas – Gustavo Neiva Coelho
ilustração - Roos

sábado, 29 de agosto de 2009

novo documento setecentista

Também assinado por Luiz da Cunha Menezes, esse documento, datado de 18 de dezembro de 1782 dá notícias sobre o trabalho de pacificação dos índios Caiapó e encaminha o plano para a construção de uma aldeia destinada à redução desses índios. Tanto o documento quanto os desenhos se encontram no Arquivo Histórico Ultramarino, de Lisboa. No que se relaciona aos desenhos, são duas cópias do mesmo plano, sendo que um deles parece ser o rascunho do outro.
O documento:

página de abertura do documento

Em carta de 20 de março do ano de 1780, dei conta a Sua Majestade, pela mão de Vossa Excelência, e dirigida pela capital da Bahia da empresa que tinha intentado de civilizar as gentes silvestres da Nação Cayapó, e do feliz sucesso que tinha tido a dite empresa até aquele tempo na sua primeira tentativa.
Igualmente a mesma diligência fiz pela via do Rio de Janeiro em carta de 20 de julho do ano seguinte de 1781 circunstanciando todos os felizes sucessos da dita empresa e do primeiro estabelecimento que tinha feito para desistência sociável da referida Nação Cayapó, sob a Alta Proteção de Sua Majestade e que por essa razão o tinha denominado Aldeia Maria, a primeira.

desenho do plano (provavelmente o rascunho) para construção da aldeia

Lembro-me também, de que na mesma carta dizia a Vossa Excelência, ter sido situada a dita Aldeia, no Rio dos Índios, por equívoco que houve nos exploradores daquela campanha, quando ela é situada na margem do Rio Fartura, assim como depois se verificou pela navegação; que fiz abrir da Aldeia de São José de Mossâmedes para aquela, e para maior facilidade da condução, ou transporte dos fornecimentos de comestíveis, e materiais necessários para sua construção.
Agora, que nesta ocasião, que parece que a Mão onipotente está protegendo essa diligência, afim de que a gente silvestre da dita Nação venha gozer de uma vida sociável debaixo do Soberano Domínio, e Alta Proteção de Sua Majestade, com a felicidade de conhecerem os verdadeiros costumes e dogmas de nossa Santa e verdadeira Religião, tenho a honra de segurar na presença de Sua Majestade, pelo Ministério de Vossa Excelência, que em dias do mês de setembro do mesmo ano de 1781 desceu mais gente da referida Nação Cayapó, como se vê na Carta nº 1º, conduzida por dois soldados Pedestres e um índio da mesma Nação, que os foram buscar nos seus mesmos alojamentos, ou aldeias, e que por ter dado alguma providência, para que fosse logo, direto para a dita Aldeia Maria a primeira, chegaram a ela no dia 27 do dito mês, como também serve a Carta nº 1º do sargento da Companhia de Pedestres, e regente da mesma Aldeia, por ter sido não só o primeiro explorador e agente desta empresa tão importante, como muito capaz da dita diligência e familiaridade que tem adquirido com aquela gente silvestre.
Depois de estarem já estabelecidos na dita Aldeia, e unidos aos mais, que já lá se achavam aldeados, como primeiros Instituidores da referida Aldeia, tive aviso de que estava para chegar outra mais numerosa, e conduzida também por dois soldados Pedestres e outro índio da mesma Nação, e de uma situação tão distante, como é da altura da Camapuã e, que por não quererem deixar de vir a esta Capital. Ver o Capitão Grande – que é o nome que me dão – mandei que viessem sem demora, assim como mostro igualmente pelas Cartas Nº 3º e 4º do capitão da Companhia de Pedestres João Grand-Ley que se acha destacado nas sondas das terras diamantinas, dos rios Claro e Pilões, e onde tem feito além deste serviço, um não pequeno a Sua Majestade, na aquisição destas gentes silvestres, como se pode ver das sobreditas Cartas, e pelo que se faz digno de que Sua Majestade lhe remunere este, como lhe parecer mais justo, e queira também haver por bem mandar lhe confirmar a sua patente de capitão.
Depois de terem chegado a esta capital, mandei batizar, na minha presença, e de seus mesmo pais, todos os que mereceram. Receber esta graça, pelas suas pequenas idades, assim como se verifica da Lista Nº 5º, que está também adjunto.
Com o numero das ditas gentes silvestres, destas duas aldeias, que acabo de referir, unido aos das gentes também silvestres, que já se achavam aldeados e sob o Soberano Domínio e Proteção de Sua Majestade na dita Aldeia Maria, se completou o total de 555 almas que atualmente ficam existindo, na referida Aldeia, incluindo neste número 328, que se tem batizado; por diferentes vezes na minha presença e na mesma Aldeia; pelo vigário de São José de Mossâmedes; por estar encarregado da direção espiritual daquela mesma Aldeia enquanto se lhe não nomeia vigário próprio.
Na estampa inclusa, se mostra a direção; com que estabeleci aquela mesma Aldeia e o adiantamento em que está até o ponto de hoje, a sua construção, que me parece ter sido proporcionada, e acomodada ao natural de uns habitantes que nasceram e sempre viveram no mato gozando de um ar livre.

desenho do plano, provavelmente o definitivo

Devo enfim então dizer a Vossa Excelência, que além da utilidade, e não sei se a principal, que se tem tirado de se terem, ou estarem em termos, de se civilizarem tantas gentes silvestres, se tem tirado uma outra não pequena, para esta Capitania, e seu aumento, qual é a de se terem passado mais de três anos, ou desde a época, que dei princípio a esta empresa, sem se ter experimentado os insultos e mortandade, que fazia todos os anos, e por diferentes vezes, a referida Nação Cayapó, aos vassalos de Sua Majestade, de maneira, que até ao ponto de fazer esta, não tenho tido notícia alguma, de uma só morte, que tenha feito a sobredita Nação daquele tempo pra cá, antes pelo contrário, sempre tenho recebido pelo regente da referida Aldeia, as agradáveis notícias do contentamento, em que se acham todos aqueles seus habitantes; pelo que julgo, que esta gente silvestre das quatro aldeias, que se acham já recolhidas na referida Aldeia Maria, a primeira, e habitavam as grandes campanhas que medeiam entre as últimas povoações desta Capitania e o varadouro de Camapuã; por serem as mais vizinhas, é que vinham fazer as referidas hostilidades, que se lhe sofriam, e que felizmente tem sanado.
É bem certo, que sem embargo da sua brutalidade e falta de costumes humanos, que lhes não tinham razão para obrarem ao contrário; pois que não lhe falta nada do necessário para sustentação da vida humana, nem são constrangidos a coisa alguma, que os escandalize, pelo modo com que os faço tratar, vão trabalhar na roça se querem; quando querem, e o tempo que lhes parece, e igualmente em ajudarem aos trabalhos, da construção da sua Aldeia, e montariar sempre que lhes parece o que não deixa de ser um golpe econômico, e que contribui muito para ajuda do seu sustento; por serem insignes caçadores, e um exercício, com que foram criados, e que lhe é mais agradável.

Deus guarde a Vossa Excelência
Vila Boa, 18 de dezembro de 1782

Luis da Cunha Menezes

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

iconografia vilaboense XIII


QUARTO MAPA – 1884

Também elaborado, como já foi visto, pelo engenheiro militar Joaquim Rodrigues de Moraes Jardim, esse quarto mapa da cidade de Goiás apresenta, de forma mais elaborada, a maneira como o núcleo urbano se implantou no terreno até certo ponto irregular das margens do Rio Vermelho. Diferente do anterior, que apresentava uma preocupação maior em identificar as irregularidades topográficas, esse mapa ocupa-se mais com a hidrografia, apresentando bem definido o Rio Vermelho e os dois córregos, seus principais afluentes no perímetro urbano de Vila Boa, que são o Córrego Manoel Gomes e o Córrego da Prata. Sabe-se da existência de dois outros cursos d’água, de menor volume que são o córrego Chapéu de Padre, que, do lado de Santana abastece o Chafariz da Boa Morte, e, do lado do Rosário, um pequeno curso, canalizado sob o Beco Vila Rica, que deságua no Rio Vermelho, exatamente atrás da casa da escritora Cora Coralina.
Comparado aos mapas produzidos no século XVIII, aproxima-se mais do de 1782, tanto no que se relaciona ao rigor de execução do desenho, quanto na forma como as sugestões de Cunha Menezes foram seguidas. Tais orientações, que já comparecem no mapa anterior, provavelmente em decorrência da forma incorreta como o desenho foi elaborado, não aparecem com a nitidez com que são observadas nesse último. Entretanto, se comparados, tanto um quanto o outro, com o que pode ser visto hoje na cidade, o mapa de 1884 se apresenta como representação de maior fidelidade, mostrando a forma como várias das indicações de Cunha Menezes deixaram de acontecer para apresentar situações e implantações diferenciadas.
Este é talvez o melhor mapa da cidade, no que se relaciona a demonstrar a forma como o governo imperial investiu em melhorias para a capital goiana. Representativo de um momento que, se não havia dinheiro – o que é patente em todos os relatórios de Presidentes de Província, apresentados na segunda metade do século – pelo menos era clara também a preocupação com obras de manutenção dos edifícios públicos, assim como na determinação de que estivessem todas as instituições públicas devidamente estabelecidas.
O imóvel adquirido para instalação do Mercado Municipal e cedido aos militares já aparece nesse mapa com a indicação de que estaria sendo utilizado pelo Quartel do Esquadrão de Cavalaria. Ao lado do Quartel do XX, no Largo da Cadeia, aqui denominado Praça Municipal, aparece a indicação de local destinado à enfermaria militar, pretensão que já se sabe existir pela existência do projeto encontrado no mesmo arquivo onde está localizado esse mapa. No entanto, aparece também a indicação de estar a Enfermaria Militar estabelecida na esquina da Rua da Abadia com a atual Hugo Ramos, edifício pertencente hoje à Sociedade Santa Luzia e que teria sido em 1919 o local onde se hospedou o botânico francês Auguste de Saint-Hilaire.
Existe referência ao Seminário no local onde hoje está a residência do Bispo Diocesano, à Tipografia do Governo, nos fundos do Teatro, às margens do córrego Manoel Gomes, provavelmente no local ocupado atualmente pelo Hotel Municipal e Praça da Bandeira. O matadouro já se encontra, nesse mapa, em situação oposta ao indicado no mapa anterior, na margem oposta do Rio Vermelho, e a Tesouraria Provincial em um edifício residencial da Rua do Horto, dando frente para a Igreja de N. S. da Boa Morte, sendo que o edifício da antiga Real Fazenda recebe a indicação de sediar a Tesouraria Geral.
O edifício à Rua da Abadia, que já sediou a Câmara Municipal e em tempos anteriores o Senado Estadual, recebe aqui a indicação de ser a Secretaria de Polícia, estando o Quartel da Polícia na atual Rua Senador Caiado, próximo ao edifício da Casa de Câmara e Cadeia.
Apesar de já existir um projeto para construção do Quartel de Aprendizes militares desde 1881, inclusive elaborado pelo próprio Joaquim Rodrigues de Moraes Jardim, a indicação que se encontra nesse mapa, é a do edifício alugado para instalação provisória do referido Quartel, no ano de 1877.
Volta a aparecer também o Campo da Forca, desaparecido no mapa anterior e que, em prospecto de 1803 pode ser visto abandonado e com seus muros em ruína.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Vila Boa nos jornais XVI

o jornal A Tribuna Livre, de 21 de maio de 1879, publicou a seguinte indignação:

ONDE ESTA A POLICIA?

É uma interrogação que escapa dos labios de todos e que por nossa vez fazemos tambem.
Existirá por ventura entre nós essa autoridade que o estado gratifica com 5 contos de reis annuaes para zelar da tranquilidade publica?
Innumeros casos se dão constantemente: este queixa-se de que lhe roubarão. Aquelle que foi espancado, outro que foi injuriado publicamente com palavras... e a policia não apparece para ao menos tomar conhecimento dos factos! Onde estará ella?
Há poucos dias um cidadão, em companhia de um outro, foi aggredido por um homem armado de cacete; este consegue deitar por terra o aggredido, da-lhe com a arma e satisfeito o seu intento foge e deapparece sem que ninguem viesse em socorro do offendido.
A vista desse facto escandaloso, acontecido em uma das ruas mais publicas d’esta cidade, era de esperar-se que fossem tomadas quaiquer providências no sentido de descobrir-se o criminoso; porem nada se fez nem se fará, porque a policia dorme a bom dormir, acordando para saborear o seu eterno dolce far niente.
Lastimando um tal estado de cousas, cumprimos um dever pedindo encarecidamente ao Sr. Dr. Chefe de Policia para que, se não se julga com animo de desempenhar o cargo, peça a sua exoneração.
S.S. não pode mesmo occupar uma posição d’essa ordem porque, alem de ser de sua natureza baldo de energia, não tem aquella qualidade, que é propria em homens de posição elevada – força moral. E nem S.S. a pode Ter...
Nas cisrcunstancias actuais em que nos achamos natural, naturalissimo será encontrarmos a cada passo com individuos armados para garantirem-se de qualquer ataque de um malfeitor, e nem a policia deve impedir esse abuso, porque ella propria o autorisa com a impunidade do crime.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

escritório técnico Richard Bloch

No decorrer da década de 1930, vários foram os profissionais ligados à construção civil que de uma forma ou de outra, tiveram seus trabalhos executados no estado de Goiás. Em princípio na nova capital Goiânia, mas também em várias cidades do interior. Na capital, era a demanda que atraia esses profissionais, já no interior, eram os proprietários que, interessados em acompanhar o desenvolvimento dos grandes centros, buscavam lá os profissionais que projetariam suas residências.
projeto comercial para o Setor Campinas, de fevereiro de 1936

projeto residencial-comercial, também para o Setor Campinas, de fevereiro de 1936

Sabemos, através de documentos e publicações da época, que José Amaral Neddermeyer desenvolveu projetos para Goiânia, Anápolis, Ipameri e Águas de São João, tanto através de seu escritório particular quanto através do Setor de Projetos do Governo.
Outro profissional que atuou no estado, nessa época, foi o arquiteto Richard Bloch, com projetos executados para Goiânia e Ipameri. Alguns de seus trabalhos apresentam São Paulo como sede de seu escritório, mas, alguns projetos, principalmente aqueles executados para o Setor Campinas, da capital, indicam como endereço de seu escritório a Av. Anhanguera, no centro da cidade.
projeto de edifício para consultórios, para o Setor Campinas, de julho de 1936

São projetos residenciais, comerciais e de modernização de fachadas, o que era encomendado com muita freqüência, a vários profissionais, principalmente para o Setor Campinas. Sabe-se, por informações de familiares, que Simão Edreira contratou a execução de três projetos a serem construídos na cidade de Ipameri, para cada uma de suas filhas casadas.

projeto para a fachada de um edifício residencial-comercial na cidade de Ipameri, de agosto de 1938

Pouca coisa se sabe sobre o profissional e seu escritório, mas, no Arquivo do Estado, em Goiânia e no arquivo do Instituto Simão Edreira, em Ipameri, é possível encontrar cópias de projetos com sua assinatura.

domingo, 23 de agosto de 2009

Cora Coralina: 120 anos bem comemorados

Encerraram-se hoje, na cidade de Goiás, as comemorações dos 120 anos de nascimento da escritora Cora Coralina.
Com uma programação incluindo lançamento de livros (Moinho do tempo: estudo sobre Cora Coralina e Cora Coralina: raízes de Aninha), apresentações teatrais (Os meninos verdes e O prato azul Pombinho), shows musicais (Marcelo Barra e Zeca Baleiro) e mesas redondas discutindo a produção da homenageada, o evento teve um resultado, na opinião da diretora do Museu Casa de Cora, acima do esperado, com participação de grande parte da população local nas atividades programadas, além de visitantes de outras localidades, que vieram à cidade em decorrência do evento, acima de qualquer expectativa.

patrimônio histórico VII

Casa de Cora Coralina

A casa da escritora Cora Coralina representa o modelo típico da arquitetura residencial desenvolvida no Brasil durante o período da colônia. Construída em um período anterior a 1782, teria sido seu construtor e primeiro morador, Antonio de Souza Telles, português que por algum tempo assumiu o cargo de Capitão-mor. Em fins do século XIX o edifício foi adquirido pela família da escritora.
saida da residência para o quintal

bica d'água no porão da casa

Composto de duas residências unidas sob um único telhado, apresenta dois corredores que fazem a ligação entre a via pública e o interior da casa. Com relação às técnicas construtivas, não difere do padrão comum aos edifícios residenciais da região: estrutura autônoma de madeira, paredes em adobe e pau-a-pique sobre alicerces de pedra, cobertura em telha capa-e-bica e, no piso, uma variedade de soluções, utilizando lajes de pedra, mezanela, tabuado corrido e tijolo queimado.

quarto da escritora preservado como era
local de trabalho, com máquina datilográfica e cadernos manuscritos
a cozinha com todo o equipamento utilizado para a fabricação de doces

Em decorrência do declive do terreno, já que se encontra construída praticamente sobre o limite do rio, o nivelamento do piso provocou o surgimento de um porão, onde pode ser encontrada uma bica d’água que, segundo voz corrente, seria proveniente de uma mina existente em terreno pertencente ao convento dos padres dominicanos, junto à igreja de N. S. do Rosário.
Após o falecimento da escritora, a casa foi adquirida pela Prefeitura Municipal, que a colocou à disposição da Fundação Casa de Cora Coralina, que mantém no local o Museu Casa de Cora Coralina.
Juntamente com outras edificações de interesse histórico e arquitetônico na cidade, não é tombado isoladamente, mas, tem sua proteção feita

na esfera federal:
através do processo 345-T-42, com
inscrição 73 no Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, às folhas 17;
inscrição 463, no Livro Histórico, às folhas 78;
inscrição 529, no Livro das Belas Artes, às folhas 97;
com data de 18 de setembro de 1978;

na esfera estadual:
é protegido pela Lei nº 8.915, de 13 de outubro de 1980.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Rastros e trilhas de Braz José Coelho

Na próxima segunda-feira, dia 24 de agosto, será lançado em Catalão, dentro das festividades de comemoração do sesquicentenário da cidade, o livro Rastros e Trilhas (Kaio, 2009) de autoria de Braz José Coelho.
Graduado em Letras Vernáculas pela Universidade Católica de Goiás, Braz José Coelho é doutor em Lingüística e Língua Portuguesa, professor no Campus de Catalão da UFG e autor de vários livros de contos, poesia e lingüística. Seu livro de poesia Uma intenção de poesia, já foi comentado aqui na Casa Abalcoada.
Braz José Coelho em sua biblioteca, em Catalão

De acordo com o autor, os contos apresentados em Rastros e Trilhas foram escritos em sua juventude, e deveriam ter participado de seu primeiro livro publicado, Peonagem e cabroeira, de 1971.
Ainda segundo o autor, esses contos, em número de oito, foram escritos em um tempo em que a cidade de Catalão vivia da atividade agrária, em que a luta pela terra e pela sua distribuição faziam parte do imaginário geral, sendo basicamente o tema utilizado.
- Chuvarada;
- Conversa na barbearia;
- O menino do ventre enorme;
- O bobo Aprígio;
- A triste história do finado Gumercindo;
- O retireiro;
- Tocaia;
- A luta;
são os contos que compõem este que é o mais recente livro de Braz José Coelho, publicado dentro do programa Catalão em Verso e Prosa, instituído pela Prefeitura Municipal e organizado pela Academia Catalana de Letras.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

vultos catalanos, de Coelho Vaz


Em 1959, quando a cidade de Catalão comemorou seu primeiro centenário, foi feito o lançamento da primeira edição do livro Vultos Catalanos (Uberaba: Zebu, 1959), primeiro trabalho publicado do poeta Geraldo Coelho Vaz, à época com dezenove anos incompletos.
Formado em Direito pela Universidade Católica de Goiás, Geraldo Coelho Vaz foi, ao longo do tempo, secretário estadual de cultura, presidente da União Brasileira de Escritores – Goiás (UBE-GO), presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás (IHGG) e da Academia Goiana de Letras (AGL).

Coelho Vaz, em desenho de Rocha
Em 2009, quando a cidade de Catalão comemora seu sesquicentenário, volta o escritor Geraldo Coelho Vaz com a terceira edição do livro Vultos Catalanos (Goiânia: Kelps, 2009), acrescido de uma imensa lista de novos personagens que surgiram no cenário cultural de sua cidade no decorrer dos cinqüenta anos que separam essa daquela primeira edição. Trabalho de fôlego em que o autor faz uma extensa pesquisa abordando a produção literária de autores nascidos ou que viveram em Catalão, incluindo nesse último grupo, nomes como os de Bernardo Guimarães e Fagundes Varella.
Vultos Catalanos é uma das principais obras de referências sobre a produção cultural dessa cidade, sendo leitura obrigatória para quem atua na área da cultura em Goiás.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

mais poesia


a imagem y o espelho
era só o que se queria
(Narciso
fazendo terapia).

psicologia barata – Gustavo Neiva Coelho
ilustração - Roos

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Corumbá de Goiás no arquivo

A cidade de Corumbá de Goiás, próximo a Pirenópolis, teve sua fundação e desenvolvimento ocorridos em decorrência da economia mineradora, na primeira metade do século XVIII. Mantendo até hoje um rico acervo arquitetônico, possui, com tombamento exclusivo apenas a igreja matriz de Nossa Senhora da Penha de França.
Além do patrimônio arquitetônico e cultural, Corumbá de Goiás possui também inúmeras cachoeiras de grande atração turística.
Nasceram aí, dois dos principais escritores goianos: Bernardo Elis e José J. Veiga.
Apresentamos aqui, quatro fotos antigas, sendo uma vista geral, datada de 1905 e, as demais, mostrando a igreja matriz em ângulos e situações diferentes.
vista geral da cidade no início do século XX

procissão saindo da igreja matriz, acompanhada de banda de músicos

obras em frente à igreja

rua lateral preparada para festa com altar armado no exterior da igreja

domingo, 16 de agosto de 2009

iconografia vilaboense XII


o mapa de 1867

O terceiro mapa conhecido sobre a cidade de Goiás, datado de 1867, foi elaborado pelo engenheiro militar Joaquim Rodrigues de Moraes Jardim, que, no cargo de responsável pelas obras militares em Goiás, foi o autor de vários projetos de reformas para edifícios públicos na capital goiana, além de projetos para edifícios militares, os dois mapas da cidade elaborados na segunda metade do século e um mapa completo da Província.

Da mesma forma que o mapa de 1770, este, elaborado quase cem anos depois, também não se apresenta como uma representação fiel da implantação da cidade no terreno. Aquele primeiro mapa pecava por apresentar as ruas com uma retiliniariedade não existente e esse por mostrar as vias públicas utilizando formas curvas extremamente acentuadas, o que na realidade, também não correspondem à realidade do existente.
Se comparado ao mapa de Cunha Menezes, esse primeiro mapa de Moraes Jardim demonstra que não foram de todo esquecidas ou desrespeitadas as orientações daquele governador. Várias das ruas sugeridas no mapa de 1782 em caso de futuro crescimento do espaço urbano, aparecem, já como vias implantadas no mapa oitocentista, como é o caso da atual Rua de Santa Bárbara e mesmo da continuidade da Rua do Carmo, do lado do Rosário, assim como, do lado de Santana, a continuidade da Rua do Horto e a efetivação do que foi sugerido com o nome de Rua Nova Luziana, que hoje é uma das opções de saída da cidade para o lado sul. Ainda do lado norte, é possível ainda observar, a implantação da ligação proposta entre a Cambaúba e a Igreja de Santa Bárbara, passando pela Boa Vista, que, no decorrer do século XVIII provocou intensas disputas entre o poder público e os proprietários da Chácara do Moinho.
O interessante no estudo dos mapas elaborados nesse momento de preocupações urbanas e de propostas de novas construções, principalmente de edifícios para uso público, é a possibilidade de perceber a forma como era pensado o espaço urbano e a inserção desses novos edifícios, além de sua relação com os demais, já existentes.
Apesar de ser o Mercado Municipal um assunto constante em praticamente todos os relatórios de governo, nessa segunda metade do século XIX, quando todos os presidentes da Província estiveram preocupados com a localização e mesmo com a compra de terreno e elaboração de projetos – apesar de não haver sido encontrado nenhum até o presente momento – é possível perceber a localização do mesmo, no local onde ainda hoje se encontra. Em 1859, Francisco Januário da Gama Cerqueira anunciava a aquisição de uma chácara para instalação do mercado. Essa chácara foi, posteriormente cedida aos militares e atualmente é o local onde se encontra o Quartel da Polícia Militar do Estado.
No local onde hoje se encontra o Jardim de Infância, edifício que já sediou a Escola Normal e o Palácio da Instrução, aparece no mapa a referência de Caza dos Educandos, e próximo ao local onde hoje se encontra a Prefeitura Municipal existe a indicação de uma Fábrica, sem no entanto especificar de quê. Sabe-se que por essa época, várias propostas foram apresentadas ao governo para instalação de fábricas na Província, existindo informações concretas de interesse na implantação de atividades industriais em Rio Verde, Arraial de Areias, nas proximidades da capital e mesmo em Vila Boa.
No mais, a legenda do mapa não apresenta novidades no que se relaciona a edifícios de uso público ou privado.

sábado, 15 de agosto de 2009

projetos de Frederico Schmaltz em Ipameri


Um dos profissionais de maior produção no decorrer da década de 1920, na cidade de Ipameri, Frederico Schmaltz deixou um considerável volume de projetos para edifícios, principalmente residenciais, naquela cidade.
Apesar de mostrar um amplo conhecimento dos elementos decorativos e de composição de fachada, utilizados nos centros de maior desenvolvimento do litoral, seus projetos apresentam uma simplicidade extrema na organização e distribuição das plantas e mesmo das fachadas, onde estão presentes as platibandas, vergas e elementos em relevo, desenhados também com muita simplicidade.
São projetos que apresentam, em sua maioria, características neoclássicas, tendo utilizado também um ou outro elemento de um ecletismo simplificado. Alguns dos trabalhos de Schmaltz são desenhados em tecido, outros em papel linho.

projeto elaborado para José Celestino da Silva, em 1920

projeto para Azarias Rodrigues de Araújo, em 1922

projeto para Euzébio Barbosa, em 1924

projeto para José Barbalho, em 1928

projeto para Oliveiros Schmaltz, em 1928
projeto para José Alquemim, também em 1928

No decorrer de primeira metade do século XX, Frederico Schmaltz e Leone Ceva – de quem já falamos aqui – foram os profissionais que mais atuaram em Ipameri, na elaboração de projetos arquitetônicos.

Obs.: também esses projetos têm seus originais arquivados no Instituto Simão Edreira, na cidade de Ipameri.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Vila Boa nos jornais XV

O jornal Província de Goyaz, de 16 de setembro de 1870, publicou a seguinte nota:

Sociedade Phill’Harmonica de Goyaz precisa contractar para seus trabalhos de cantoria algumas meninas ou senhoras, de bôa conducta, que se prestem á aprender a arte do canto.
As pessôas que quiserem tenhão a bondade de dirigirem-se em carta feixada, as suas propostas ao director da sociedade ou aos socios encarregados d’esta comissão.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

patrimônio histórico VI

Igreja de N. S. da Abadia

Em 1790, o padre Salvador dos Santos Batista fez construir a igreja de N. S. da Abadia, que é um dos melhores exemplares da arquitetura religiosa e também uma das últimas construções com essa finalidade edificadas na cidade de Goiás, ainda no século XVIII.
Na composição de sua fachada, pode-se ver, tanto na porta quanto nas janelas do coro, vergas em arco semelhantes aos que dão sustentação ao coro da igreja de N. S. do Carmo, além de sobrevergas trabalhadas em alvenaria e guarda-corpo entalado com balaústre de madeira recortada. O frontão também é recortado, com dois pináculos nas laterais, a exemplo dos encontrados também nas igrejas de São Francisco e de N. S. da Boa Morte.

detalhe da pintura do forro da nave, de autor não identificado

detalhe do confissionário, colocado sobre a mesa de comunhão

peças que fazem a sustentação da mesa de comunhão

O forro da nave apresenta pintura de autor não identificado, representando Nossa Senhora em meio a um grupo de anjos. O padrão de acabamento e de detalhes é bem superior ao dos trabalhos encontrados na igreja de São Francisco de Paula e atesta grande conhecimento artístico por parte de seu autor.

detalhe do trabalho em talha do púlpito

É o único templo em todo o estado a apresentar o arco-cruzeiro chanfrado e o acesso ao púlpito feito por escada retrátil. Em termos de acabamento, o púlpito se sobressai por um bem elaborado trabalho de talha em relevo, bem como pela mesa de comunhão ricamente entalhada em peças isoladas de madeira.

arco-cruzeiro chanfrado com o altar-mor ao fundo

Há uma torre sineira com acesso independente, separada do corpo da igreja pelo consistório, que aparece na fachada do conjunto através de um volume com duas janelas e uma porta. Nesse espaço foi, recentemente instalado um museu de paramentos. A proteção desse monumento é feita

na esfera federal:
através do processo 345-T-42, com
inscrição 358 no Livro das Belas Artes, às folhas 72,
com data de 13 de abril de 1950;

na esfera estadual:
é protegido pela Lei nº 8.915, de 13 de outubro de 1980.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

eventos em cartaz


Também para os grandes eventos, foram os cartazes com características déco, elaborados em grande número, sendo a litografia colorida a técnica preferida pelos artistas do período.
Foram selecionados para apresentação quatro trabalhos, dois de 1925 e dois de 1939, sendo os dois últimos para o mesmo evento, sendo elaborados por artistas diferentes.

O primeiro cartaz não poderia ser outro: o trabalho de Robert Bonfils (1886-1953) para a Exposição Internacional das Artes Decorativas e Industriais, acontecida em Paris, em 1925, o momento considerado iniciador de divulgação do Art Déco. Nesse trabalho a imagem aparece como um elemento decorativo complementar às informações textuais.
No mesmo ano, Christopher Nevinson (1889-1946), para a Exposição do Império Britânico, exposição que antecedeu a de Paris e tinha por objetivo celebrar o sucesso do colonialismo britânico. Aqui, ao contrário do trabalho de Bonfils, a informação textual se resume ao ano e local do evento, estando todo o espaço do cartaz ocupado por informações visuais de forte caráter déco.
Em 1939 foi a vez de Nova Iorque sediar uma Feira Mundial, divulgada através do trabalho de dois grandes nomes da arte da litografia.
John Athenton (1900-1952) utiliza cores chapadas como fundo e o símbolo da feira como parte superior do globo, mostrando de forma simbólica, as populações do mundo se dirigindo para Nova Iorque.
Já o trabalho de Albert Staehle (1899-1974), com uma gama maior de cores, mostra o momento festivo de abertura do evento, onde os participantes se destacam, tendo o símbolo da feira ao fundo, sem a importância dada por Athenton.
Nunca é muito lembrar que, apesar da característica déco do material de divulgação dessa feira, foi nela que o Brasil divulgou, em nível internacional a qualidade de sua arquitetura moderna, com o pavilhão projetado por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer.

As imagens aqui apresentadas foram tiradas do livro Art Déco, de Camilla de la Bedoyere (Logos, 2006).

terça-feira, 11 de agosto de 2009

120 anos de Cora Coralina

Nesse mês de agosto de 2009, comemorando os 120 anos de nascimento da escritora Cora Coralina e 20 anos de criação do Museu que tem o seu nome, acontecerá de 19 a 23 de agosto, na cidade de Goiás, o Festival Cora Viva Coralina.

programação:

Dia 19 de agosto (quarta-feira)
Local: Museu Casa de Cora Coralina
19:00 - Abertura oficial do Festival Cora Viva Coralina;
Inauguração da exposição permanente do Museu pela Caixa Econômica Federal;
Homenagens aos beneméritos e funcionários do Museu;
Lançamento do livro: Moinho do Tempo: estudo sobre Cora Coralina (orgs) Clovis Britto.Maria Eugênia Curado e Marlene Vellasco- SENAC/GO
Pré-lançamento do livro Cora Coralina: raízes de Aninha (Orgs) Clovis Britto e Rita Elisa Seda- Editora Idéias& Letras- Aparecida do Norte-SP;
Tributo a Cora: apresentação musical com Andréia Teixeira, Antonio Roldão e Reinaldo Reis

Dia 20(quinta-feira)
6:30 - Alvorada festiva pela Banda do 6º BPM, percorrendo o centro históricoHorário; 9 horas - Roteiro Poético com os alunos das escolas públicas, seguindo o roteiro do Itinerário Cora Coralina, com o arquitero vilaboense Elder Rocha Lima
11:00 e 16:00 - Quintal de Cora: apresentação da peça "Os Meninos Verdes", com o grupo Cia Voar de Teatro de Bonecos, de Brasília
19:00 - Igreja do Rosário: Missa festiva em ação de graças pelos 120 anos de nascimento de Cora e 20 anos de criação do Museu, com a participação especial do Coral Solo, da cidade de Goiás;
Homenagem da Assembléia Legislativa do Estado de Goiás;
Lançamento do selo comemorativo pelos Correios e Assembléia legislativa;
Apresentação da Banda do 6 BPM
Show com o cantor Marcelo Barra e partilha do Bolo do Vizinho

Dia 21 (sexta-feira)
9:00 e 14:oo - continuação do Roteiro Poético;
12:00 - restaurantes credenciados da ARPHOS: Roteiro Gastronômico - pratos inspirados na poesia de Cora;
16:00 - Museu Casa de Cora Coralina: recital de poemas, apresentação de artistas locais e degustação de doces de Cora;
19:00 - Auditório Brasilete Caiado - UEG: Mesa-redonda: Dentro e fora de Cora, a natureza em coralina - Palestrantes: Dr. Paulo Sérgio de Almeida Salles, professor Clovis Carvalho Britto. Prof. Antonio Claudio Araújo Júnior, professora Maria Luiza Gastal, tendo como Mediadora: Marlene Vellasco
21:00 - Teatro São Joaquim: Espetáculo teatral inspirado nos poemas e contos de Cora e Monteiro Lobato - Grupo Teatro do Inconsciente Flor de Beco, de Brasília

Dia 22(sábado)
9:00 ás 12:00 - visita guiada no Museu com apresentação de poemas pelo músico e compositor Daniel Melo;
17:00 - desfile de moda e bijouterias inspiradas na obra de Cora;
apresentação de poesias e animação com o grupo Raizeiros;
19:00 - Museu Casa de Cora Coralina: Lançamento do livro Cora Coralina: Raízes de Aninha (Editora Idéias & Letras);
21:00 - Teatro São Joaquim: Apresentação da peça teatral Cora Coralina:Coração Encarnado com as atrizes Renata Roriz, Rita Elmor e Tereza Seiblitz, com direção de Orã Figueiredo;
22:00 - Show com o cantor ZECA BALEIRO e banda

Dia 23(domingo)
Encerramento do Festival Cora Viva Coralina
Local: Teatro São Joaquim, com Aapresentação de vídeos sobre Cora e apresentação da peça infantil: O Prato Azul Pombinho,com a atriz Tina Lopes, de Ribeirão Preto;

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

mais poesia


tá na cara
que a vida não passa
de uma coisa
muito louca

o que eu queria
agora
era morrer sufocado
com
um longo beijo na boca.

vontade - Gustavo Neiva Coelho
ilustração - Roos

patrimônio destruido I

residência em Vila Boa

A cerca de cem metros do centro principal de Vila Boa – o Largo do Palácio – uma residência veio abaixo, não por ser intencionalmente demolida, mas por uma questão que afeta grande número de monumentos construídos em nosso país: a falta de manutenção e preservação.

única parede restante em sua altura total

trecho da parede restante e vista do que foi o interior da residência

detalhe da taipa no que foi a parede da fachada principal

Elaborada em taipa-de-pilão, empregando a modalidade “formigão”, onde boa dose de pedras de pequenas dimensões é incorporada ao barro da taipa, o edifício não apresentava grandes dimensões, o que pode ser observado no que restou de sua construção em meio ao mato que no momento toma conta do local. O uso da taipa-de-pilão proporcionando paredes de 60 cm de espessura, oferece espaço junto às janelas, para a instalação das conversadeiras, que, pelo que sobrou da parede da fachada principal, ainda podem ser encontradas.

detalhe do que sobrou das namoradeiras junto a uma das janelas da fachada

vista da ruina com a igreja de N. S. da Boa Morte ao fundo

O fato, ocorrido já há mais de um ano tem oferecido uma visão de decadência para quem passa pela rua do Horto, além, é claro, de uma dúvida: o que será feito no local? O que se tem percebido nas cidades históricas goianas é o surgimento no local dos edifícios desaparecidos pela falta de cuidados, de outros de gosto e qualidade duvidosos que, na maioria dos casos interfere na paisagem e no conjunto, pela sua volumetria desproporcional e uso de materiais que chocam ao serem colocados ao lado de outros, de caráter mais tradicional.
É esperar para ver...