quarta-feira, 26 de agosto de 2009

iconografia vilaboense XIII


QUARTO MAPA – 1884

Também elaborado, como já foi visto, pelo engenheiro militar Joaquim Rodrigues de Moraes Jardim, esse quarto mapa da cidade de Goiás apresenta, de forma mais elaborada, a maneira como o núcleo urbano se implantou no terreno até certo ponto irregular das margens do Rio Vermelho. Diferente do anterior, que apresentava uma preocupação maior em identificar as irregularidades topográficas, esse mapa ocupa-se mais com a hidrografia, apresentando bem definido o Rio Vermelho e os dois córregos, seus principais afluentes no perímetro urbano de Vila Boa, que são o Córrego Manoel Gomes e o Córrego da Prata. Sabe-se da existência de dois outros cursos d’água, de menor volume que são o córrego Chapéu de Padre, que, do lado de Santana abastece o Chafariz da Boa Morte, e, do lado do Rosário, um pequeno curso, canalizado sob o Beco Vila Rica, que deságua no Rio Vermelho, exatamente atrás da casa da escritora Cora Coralina.
Comparado aos mapas produzidos no século XVIII, aproxima-se mais do de 1782, tanto no que se relaciona ao rigor de execução do desenho, quanto na forma como as sugestões de Cunha Menezes foram seguidas. Tais orientações, que já comparecem no mapa anterior, provavelmente em decorrência da forma incorreta como o desenho foi elaborado, não aparecem com a nitidez com que são observadas nesse último. Entretanto, se comparados, tanto um quanto o outro, com o que pode ser visto hoje na cidade, o mapa de 1884 se apresenta como representação de maior fidelidade, mostrando a forma como várias das indicações de Cunha Menezes deixaram de acontecer para apresentar situações e implantações diferenciadas.
Este é talvez o melhor mapa da cidade, no que se relaciona a demonstrar a forma como o governo imperial investiu em melhorias para a capital goiana. Representativo de um momento que, se não havia dinheiro – o que é patente em todos os relatórios de Presidentes de Província, apresentados na segunda metade do século – pelo menos era clara também a preocupação com obras de manutenção dos edifícios públicos, assim como na determinação de que estivessem todas as instituições públicas devidamente estabelecidas.
O imóvel adquirido para instalação do Mercado Municipal e cedido aos militares já aparece nesse mapa com a indicação de que estaria sendo utilizado pelo Quartel do Esquadrão de Cavalaria. Ao lado do Quartel do XX, no Largo da Cadeia, aqui denominado Praça Municipal, aparece a indicação de local destinado à enfermaria militar, pretensão que já se sabe existir pela existência do projeto encontrado no mesmo arquivo onde está localizado esse mapa. No entanto, aparece também a indicação de estar a Enfermaria Militar estabelecida na esquina da Rua da Abadia com a atual Hugo Ramos, edifício pertencente hoje à Sociedade Santa Luzia e que teria sido em 1919 o local onde se hospedou o botânico francês Auguste de Saint-Hilaire.
Existe referência ao Seminário no local onde hoje está a residência do Bispo Diocesano, à Tipografia do Governo, nos fundos do Teatro, às margens do córrego Manoel Gomes, provavelmente no local ocupado atualmente pelo Hotel Municipal e Praça da Bandeira. O matadouro já se encontra, nesse mapa, em situação oposta ao indicado no mapa anterior, na margem oposta do Rio Vermelho, e a Tesouraria Provincial em um edifício residencial da Rua do Horto, dando frente para a Igreja de N. S. da Boa Morte, sendo que o edifício da antiga Real Fazenda recebe a indicação de sediar a Tesouraria Geral.
O edifício à Rua da Abadia, que já sediou a Câmara Municipal e em tempos anteriores o Senado Estadual, recebe aqui a indicação de ser a Secretaria de Polícia, estando o Quartel da Polícia na atual Rua Senador Caiado, próximo ao edifício da Casa de Câmara e Cadeia.
Apesar de já existir um projeto para construção do Quartel de Aprendizes militares desde 1881, inclusive elaborado pelo próprio Joaquim Rodrigues de Moraes Jardim, a indicação que se encontra nesse mapa, é a do edifício alugado para instalação provisória do referido Quartel, no ano de 1877.
Volta a aparecer também o Campo da Forca, desaparecido no mapa anterior e que, em prospecto de 1803 pode ser visto abandonado e com seus muros em ruína.

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